30 de maio de 2007

Meus rapazainhes

Afinal, não perdi a vista!

Estamos quase a completar um mês de casa nova e o balanço só pode ser positivo. Pode-se dizer (com alguma generosidade) que a casa já está quase toda montada. Pelo menos, já a sentimos como "o nosso lar". Os vizinhos, que no início olhavam para nós com muita curiosidade e espreitavam-nos por detrás das janelas, agora já nos cumprimentam o conhecem bem o nosso carro. Também já conhecem a bola do nosso filho (que já foi parar ao quintal deles duas vezes..). Já conhecemos bem os cantos à casa e até já me habituei ao facto da torneira da cozinha deitar água fria pelo lado da água quente e água quente do lado da água fria. Moramos pertinho da igreja, do supermercado, da padaria, do parque infantil, da praia, do meu emprego, de praticamente tudo. O nosso filho já fez amizade com o vizinho de baixo, com quem brinca quase diariamente. E eu que pensava ter perdido a vista para o Pico, afinal, quando abri a janela do sótão dei de caras com esta surpresa! (Por cima dos telhados, lá está ele...)

29 de maio de 2007

20 meses


Vou continuar

Uma das coisas que aprendi com o meu marido, logo no início do nosso namoro, foi a respeitar outros estilos de música para além dos que eu gosto. Sem me aperceber, eu era uma convencida em termos musicais e tinha a mania de que só a música que eu gosto é que é boa música (principalmente, no que se refere a música de louvor). Hoje, consigo ouvir outros estilos e apreciar essas músicas. Pela mão de uma irmã brasileira, ouvi uma música que me me tocou profundamente. É um dueto da Ludmila Ferber e da Mara Maravilha. Não a consigo cantar até ao fim sem me emocionar, tem tudo a ver connosco. Gostava de partilhá-la convosco. Aqui vai:
Eu tenho tido provas evidentes do Teu amor por mim
E as provas já me são suficientes pra ir até o fim
Não posso desistir agora, não posso e nem vou parar
Ajuda-me, sustenta-me, contigo eu sei que vou continuar
Cumprindo o Teu chamado
Eu sei que os Teus planos não podem ser frustrados

Me Leva, Me Leva, Me leva oh Deus
Me leva a ser como Tu és
Permanecendo aos Teus pés
Me Leva, Me leva a todas as nações
Eu não me calarei Senhor diante das pressões
Vou continuar cumprindo o Teu chamado
Vou continuar Fiel a Ti até o fim!

28 de maio de 2007

Record

Sempre que ía com o meu filho às consultas mensais de pesagem, ficava a contemplar um quadro, que está na sala de espera, com muitas fotos de bebés que têm passado por aquele serviço de enfermagem. O título é: "Eu bebi leite materno". Nesse quadro podemos ler que o "Alexandre" mamou até aos 6 meses, a "Beatriz" mamou até aos nove meses, etc. Ficava sempre muito espantada com dois bebés que lá estão que mamaram até aos 14 meses. "Catorze meses? Que brutalidade!" - pensava. Mal sabia eu que o meu rebento iria mamar até aos 20 meses! Parou de o fazer há 4 dias, apenas. Nunca pensei que iria sentir isto, mas já tenho saudades do meu bebé a mamar nos meus braços. Mas, convenhamos, já foi "bem-bom" (como se diz por aqui). Agora, vou escolher uma foto bem bonita do meu 'rapazainhe' e vou dá-la às enfermeiras da saúde infantil, afinal de contas, o record já cá canta!

24 de maio de 2007

Choque

Estavam os dois a gritar “gooolo, gooolo” e, como de costume, o pai pergunta-lhe: “Golo de quem?”. Para surpresa nossa (e desespero do pai), o nosso filho respondeu: “Porto”. Eu não me pude conter e ri a bom rir (principalmente pelo ar chocado do pai). “Benfica, Benfica”, insistia o pai. E o nosso filho repetia categórico: “Porto”. Perguntámos aos nossos amigos do Porto se foram eles que lhe ensinaram esta gracinha, mas asseguraram-nos que não. Comentámos o sucedido com a ama (que é Benfiquista ferrenha) e esta desvendou-nos o mistério: “Já sei! Só pode ter sido a Bia!” (filha de uma nortenha).
(São as concessões do amor...)

23 de maio de 2007

Eu...

A Alê desafiou-me a respoder a estas perguntas. Cá vai:

Eu quero não apenas estar bem hoje, mas terminar os meus dias bem, com o Senhor.
Eu tenho a sorte de ter tido quem me mostrasse, desde cedo, que a vida não faz sentido sem Jesus.
Eu acho que a vida é mais simples do que as pessoas a fazem.
Eu odeio coscuvelhice e maledicência.
Eu sinto muita gratidão por tudo o que Deus tem feito na minha vida.
Eu escuto com interesse as pessoas que desabafam comigo (não sinto nenhum frete nisso). Já aconselhar é mais difícil para mim.
Eu cheiro com prazer as mãozinhas de leite do meu filho.
Eu imploro que se faça uma lei que passe a dar uma empregada doméstica, paga pelo Estado, a todas as mães deste país.
Eu procuro amadurecer cada vez mais como mulher e como serva de Deus.
Eu arrependo-me sempre de não ter comido mais no casamento a que fui no dia anterior (haja estômago).
Eu amo pessoas íntegras, como o meu marido.
Eu sinto dor pelas pessoas que são infelizes por ainda não conhecerem Jesus.
Eu sinto falta dos preços do Continente.
Eu importo-me com as pessoas que estão à minha volta. Não consigo estar completamente bem se os outros estiverem mal.
Eu sempre abro as janelas quando me levanto.
Eu não fico chateada com ninguém durante muito tempo (não sou capaz).
Eu acredito que Deus é poderoso para fazer tudo muito mais abundantemente além daquilo que pedimos ou pensamos.
Eu danço muito com o meu filho e o meu marido, em especial, os êxitos da Bebé Lilly e afins.
Eu canto, excepto quando estou a tocar, senão as notas saem todas ao lado.
Eu falho nas quantidades do sal, normalmente para menos.
Eu luto muito, todos os dias.
Eu escrevo com mais facilidade do que falo.
Eu ganho muitas vezes por ficar calada.
Eu perco muitas vezes por falar demais.
Eu confundo-me a decorar os nomes das pessoas e dos lugares. A minha família e amigos já têm anedotas sobre as minhas confusões.
Eu estou a ganhar uma pontinha de sotaque (confesso), mas só quando estou muito tempo a falar com os açorianos.
Eu fico feliz com pouco.
Eu tenho esperança de que, um dia, os nossos familiares por quem sempre oramos possam entregar-se ao Senhor.
Eu preciso de beber uma caneca de leite com Nesquik para dormir consolada.
Eu deveria tantas coisas...
Eu sou uma pessoa um pouco diferente daquilo que aparento. A timidez faz-nos destas coisas.
Eu não gosto de dobrada (excepto dos feijões) e borrego.
Passo este desafio à Daniela.

O cúmulo da paciência

...é constatarmos que o nosso mais pequenino deu uma dentada em todas as peças de fruta que estão na fruteira e não fazermos logo aquilo que nos dá mais vontade.
(ele tem cada uma...)

21 de maio de 2007

Festa no Céu

Há uns meses atrás escrevi um post em que falei desta rapariga. Desde então, o seu filho nunca mais deixou de ir à igreja e ela, entretanto, começou a acompanhá-lo. Hoje, entregou-se ao Senhor. Estamos deslumbrados com o que Deus está a fazer neste lugar. Ele é o Todo-Poderoso! Que Ele possa ser, cada vez mais, o Senhor dos açorianos!

20 de maio de 2007

Pensei mal

Durante meses esperei que uma determinada peça de teatro chegasse ao Faial. Quando, finalmente, chegou cá a dita peça, o meu marido estava na Terceira e não tinha com quem deixar o nosso flho. Decidi, então, arriscar e levei-o comigo. Sabia que a peça era engraçada, com músicas pelo meio e pensei que ele talvez se aguentasse sossegado durante os anunciados 60 minutos de espectáculo. Pensei mal! Depois de ter estado cerca de um quarto de hora sossegado a observar todo aquele ambiente teatral, de repente, num momento de silêncio absoluto e de escuridão total, só se ouviu a vozinha do meu filho a dizer em alto e bom som (ecoando em toda a sala): “Ma-mi-nha!”
Escusado será dizer que, para mim, a peça terminou naquele momento. Peguei nele e saí de fininho, aproveitando o escurinho e “ala que se faz tarde”.
(que vergonha)

17 de maio de 2007

Jejum de TV

Desde que mudámos de casa (já lá vão cerca de duas semanas) que estamos à espera que nos liguem a TV cabo. Assim sendo, estamos limitados a dois canais de televisão: a RTP 1 e a RTP Açores (ou seja, temos apanhado barrigadas de debates ao serão). E eu que pensei que os animais de que o nosso filho iria sentir mais saudades com a mudança de casa seriam o “Bobi” e o “Snoopy” (cães das minhas vizinhas), afinal só o ouço perguntar é pelo “Panda”. (tadinho)

Dualidades

Tanto eu como a minha colega de gabinete chegámos ao serviço com uma noite em claro em cima. Eu porque o meu filho tem os molares a romper. Ela porque esteve a decorar um carro de bois para a festa do Espírito Santo.

15 de maio de 2007

A minha mana grande

Nasceu no dia do feriado da nossa cidade, há 34 anos. O nosso pai estava no Ultramar e só a veio a conhecer já com onze meses. Com um ano e meio já falava pelos cotovelos, até hoje. É alegre, desinibida e inteligente. Quando eu nasci disse que me ía dar aos ciganos, mas acabou por ser a minha maior protectora. Vestimo-nos de igual até ela entrar para o ciclo preparatório, data em que decretou oficialmente a independência. Ensinou-me a decorar os dias da semana através dos desenhos animados: "Candy Candy?" R:"2ªfeira", etc. Recordo com saudades as nossas brincadeiras e gargalhadas sem fim. Fazes-me falta aqui. Se cá estivesses já me tinhas organizado a casa toda por filinhas:) Hoje, deixo-te aqui esta recordação do dia em que ganhámos os nossos primeiros biquinis com parte de cima (iguais, mas o teu era azul e o meu vermelho, lembraste?) e também um enorme abraço, cheio de amor. Parabéns, mana!

14 de maio de 2007

Resposta ao desafio da Vilma

A Vilma desafiou-me a falar de 5 lugares a visitar no lugar onde moro. A dificuldade foi escolher apenas cinco lugares, num pequeno paraíso onde todos os recantos nos regalam os sentidos. No fundo, vou mostrar-vos a voltinha que costumamos dar com as nossas visitas.

Subindo a Espalamaca, temos esta vista sobre a cidade da Horta.
Subindo o Monte da Guia (lado oposto), temos esta visão da cidade.

A marina da Horta é um ponto de paragem obrigatório, onde podemos ver embarcações lindíssimas, durante todo o ano. O chão e os muros da marina estão repletos de pinturas que os marinheiros ali vão deixando como recordação da sua passagem pelo Faial.
O Café do Peter (que tem uma réplica no Parque das Nações, em Lisboa) é dos cafés mais conhecidos no mundo inteiro e a sua sede é no Faial. É o ponto de encontro dos marinheiros de todo o mundo. O Peter é mais conhecido pelo gin, mas experimentem pedir uma tosta mista em pão caseiro e depois contem-me como foi ;)! Ao lado do café, há uma loja de roupa da marca Peter (até é em conta) e, do lado oposto, podemos visitar o museu do Peter.
No Faial, fazem-se excursões de barco para ver golfinhos e baleias. Eu nunca fui (é carote), mas já vi golfinhos junto à Avenida Marginal da Horta.

A Caldeira (foi aqui que tudo começou). Só é possível vê-la se estiver bom tempo. Fica no centro da Ilha e tem 1.021m de altitude. Lindíssima (arrepiante, mas lindíssima).

O Varadouro e as suas piscinas naturais. Água azul céu, cristalina. Também tem uma piscina para crianças. É um lugar óptimo para nadar. É a zona de eleição do meu marido para pescar.

O vulcão dos Capelinhos. Vale a pena visitar. Eu não gosto muito de ver este monte de cinzas, mas quando ali estamos percebemos que nada somos e que nada está nas nossas mãos. Entre 57 e 58, este vulcão destruiu e subterrou as habitações e os campos das pesssas que habitavam as freguesias do Capelo e da Praia do Norte. Hoje já é possível ver a pontinha dos telhados de algumas casas a "romper" o chão.Enfim, haveria muito mais a dizer e, mesmo assim, já ultrapassei os 5 locais que me eram pedidos. Este lugar é, de facto, muito bonito. Muitas vezes, é a olhar para estas imagens (ao vivo) e a pensar no Seu Autor (o nosso Deus) que encontramos forças para prosseguir o Seu trabalho neste lugar. E se ainda estavam com dúvidas sobre onde passar as vossas férias, já sabem: venham à Ilha Azul!

11 de maio de 2007

Humor made in Açores - 2

O mais cómico deste vídeo é que este programa de TV existe mesmo (na RTP Açores) e é mesmo assim como eles imitam! :)

A 1ª oração

Como de costume, antes de começarmos a comer, damos os três as mãos e agradecemos a Deus pelos alimentos. O nosso filho dá-nos sempre as mãozinhas, fecha os olhos e vai dizendo “ámen…ámen…ámen…”, ao longo da nossa oração. Desta vez foi diferente. Demos as mãos, fechámos os olhos e, inesperadamente, ele orou sozinho. Disse “obrigado, ámen”.
(enternecedor)

9 de maio de 2007

Não se faz

Há situações que passamos nesta vida que nos deixam sem palavras. É assim que me sinto hoje, sem palavras.
(Hoje soube, entre outras coisas, que os motivos pessoais perfeitamente atendíveis que levaram a nossa ex-senhoria a pedir-nos a casa eram mentira. A casa está à venda.)

8 de maio de 2007

Profissionalismo

O meu marido vê o carteiro aproximar-se e vai ao seu encontro. Tinha o objectivo de se apresentar e de lhe dizer que é o novo morador daquela rua. Mas, antes que abrisse a boca, o carteiro apontou para ele e disse-lhe, na ponta da língua, o nome da rua e o nº da casa onde morávamos dantes.
(Como passar despercebido nesta terra?)

"O brinquedo" - parte 2

Há coisas que se mantêm inalteráveis geração após geração. Tal como o meu filho, a minha sobrinha também gosta muito “do brinquedo”.

7 de maio de 2007

Fervor açoriano

Ouço uma colega de emprego a partilhar com outra como vai ser o seu fim-de-semana: “Na sexta-feira tenho uma reunião do núcleo de escuteiros, no sábado tenho um retiro e promessas, no domingo vou à procissão da N. Sra. de Fátima, que vai passar da freguesia da Conceição para a freguesia da Matriz e na 2ª feira vou à procissão da Matriz para as Angústias.”
Ao ouvir a descrição do programa religioso da minha colega fiquei, mais uma vez, boquiaberta com o fervor dos católicos açorianos. Esta minha colega é casada, tem filhos e tem uma casa para cuidar, mas tem tempo para todas estas actividades.
É curioso que também os evangélicos açorianos não costumam faltar ao culto a meio da semana, nem às reuniões semanais de mulheres. São um exemplo nesta área.


A multiplicação dos avós

Desde que o nosso filho veio esta última vez do Continente que deu em chamar "vôvô" e "vóvó" a todas as pessoas com aspecto de estarem na casa dos 50/60 anos. Creio que a confusão veio do facto de, em apenas uma semana, ter começado a tratar por "vôvô" e "vóvó" quatro pessoas diferentes.
Há dias, na padaria, disse à senhora que estava a atender ao balcão: "Vóvó, qué pão!"
Também deu em tratar assim o pastor da Assembleia e a esposa, o que é até curioso, atendendo a que este casal deixou quatro netos pequeninos no Continente para estarem aqui a servir como missionários. Quando eles ouvem o nosso filho a tratá-los por aquelas palavras mágicas até ficam com os olhos brilhantes e desfazem-se em mimos e atenções para com ele.
Na semana passada, enquanto o pai o adormecia, o nosso filho disse estas palavras: "Papai, mamãii (sotaque), Kika e Béu". Achei isto tão interessante. A Kika e o Béu (que é a ama dele e o marido) são, em conjunto connosco, as referências dele aqui nesta terra. São outros "avós".
Mas, no fundo, ele sabe bem quem são os verdadeiros avós. Caso contrário, não me teria dado esta resposta, na sequência de uma brincadeira:
"- Como é que se diz mamã?" R: "mamãii!"
"- Como é que se diz papá?" R: "papaii!"
"- Como é que se diz vôvô?" R: "não tá..." (de cortar o coração)

4 de maio de 2007

Humor made in Açores

Fala quem sabe in "Um dia de Praia"

3 de maio de 2007

"Hoje vou pescar disparates"

Um írio, um carapau e um peixe-prombeta

Comprar tudo feito

Todas as mulheres dos pastores que tive sabiam cozinhar bem. A mulher do meu 1º pastor fazia um bolo de chocolate negro que era qualquer coisa de sobrenatural. Por causa disso, cresci com a ideia de que “cozinhar bem” era um requisito inato de qualquer mulher de pastor. Até que casei com um.
Aprendi a cozinhar já tarde. Sei apenas o básico e acabei por nunca me ter dedicado aos pratos mais reboscados.
Certa vez, as senhoras da igreja estavam a conversar acerca dos pratos que cada uma faz bem e elogiavam-se mutuamente. Quando chegou à minha vez, disseram-me que, no aniversário do meu filho, eu fiz uma mousse de chocolate deliciosa… pois fiz, eu e a “Alsa”!
Aqui há tempos, convidámos um casal para jantar lá em casa e fiz um lombo no forno. Passados alguns dias, essa senhora veio dizer-me que comprou um lombo e que tentou fazer igual ao meu, mas que não saiu com o mesmo sabor. Expliquei-lhe que pus sal, alhos e vinho branco. A senhora ficou à espera que eu dissesse mais ingredientes, mas eu não tinha mesmo mais nada para lhe dizer. Talvez tenha ficado a pensar que guardei o segredo para mim, mas não há mesmo segredo nenhum, simplesmente tive a sorte de ter calhado bem! E assim, com a ajuda dos bolinhos pré-feitos e das facilidades dos tempos modernos, lá me vou desenrascando. Afinal de contas, vim a descobrir que o importante não é cozinhar bem, mas saber receber com amor.

Desabafo

Da próxima vez que tiver de mudar de casa, vendo o recheio todo da casa e depois compro outro novo.
(Como se isto fosse possível :)

2 de maio de 2007

Crise

Quando o nosso filho viu que, naquele que tem sido o seu quarto, restava pouco mais do que as paredes azuis que o pai pintou ainda há poucos meses, deitou-se no chão, de barriga para baixo, com a cabeça escondida entre as mãos e começou a dizer com voz de choro: “O nem-nem, o nem-nem!”. O “nem-nem” é o boneco com que ele dorme desde pequenino. Emocionada, mas a tentar fazer-me forte, peguei-lhe e fui-lhe mostrar que ainda ali estava o “nem-nem”. Abraçou-o com muita força e perguntou-me: “O bebé?” O bebé é um ursinho, mais novo do que o “nem-nem”, com quem ele também gosta de dormir. Fui, então, buscar o “bebé” ou “bebé fofinho” (nome completo), e ele também o abraçou com muita força. Explicámos-lhe que vai ter uma casa nova, com um quarto muito bonito, mas não sabemos se ele entendeu. Sabemos que, pelo menos, acalmou-se e, dali a pouco, já estava outra vez a brincar feliz da vida.