27 de abril de 2010

Feitio

É um absurdo, admito. Mas é incontrolável. Não consigo ver um episódio completo do “Querido, mudei a casa” sem me emocionar. Sei que é hipersensibilidade. Na verdade, é mais do que isso, é mesmo parvoíce minha. Mas, quando os donos da casa remodelada aparecem de venda nos olhos, eu começo logo a sentir os meus olhos a arder… e o meu marido a olhar-me de esguelha, a preparar-se para gozar um bocadinho comigo. E eu fazer-me forte (aguenta-te!). Mas quando tiram as vendas dos olhos dos senhores, o caldo entorna-se de vez. E as lágrimas caem-me pelo rosto. E o meu marido diverte-se. É uma festa.
Não é só com o “Querido” que isto me acontece. Ainda no domingo passado fiquei assim ao ouvir a Rita Guerra a cantar músicas do 25 de Abril. Poderia aqui relatar muitas outras situações análogas, mas não vale a pena. Não é defeito, é feitio. E quanto a isso pouco há a fazer.

Ai, o que eu fui dizer…

Num tom triste, o meu filho diz-me assim: -“Mamã, o meu amigo A. nunca vai à igreja…” (o amigo A. é um dos seus melhores amigos, apesar das discórdias futebolísticas, pois o amigo é adepto do F. C. Porto)
-“Porque é que não o convidas para ir à igreja contigo?” – respondi.
-“Ele não quer. Eu acho que é porque Jesus é do Benfica e ele não gosta.” – diz muito convicto.
Estupefacta com a resposta (e ao mesmo tempo com vontade de rir) tento explicar-lhe que “Jesus não é do Benfica; Jesus gosta dos meninos dos clubes todos!”
Furioso, levanta a voz e, já a querer chorar, responde: “Jesus é do Benfica sim senhor! É do Ben-fi-ca!”

26 de abril de 2010

Ontem, dia de Festa

Ao preparar a lição da escola bíblica desta semana, deparei-me com uma frase que me prendeu a atenção. Dizia assim: “a igreja evangélica deverá preocupar-se mais com a qualidade dos crentes, do que apenas com a quantidade.” Certíssimo. Essa “preocupação” tem de estar sempre presente nos nossos corações e em tudo o que fazemos para o Senhor. E, nos tempos que correm, em que os padrões morais da sociedade andam pelas ruas da amargura, viver um cristianismo de qualidade (santidade) é um desafio tremendo, que nem todos estão dispostos a abraçar. No entanto, não podemos esquecer a “quantidade”. Não podemos deixar de orar por vidas novas convertidas a Cristo.
Curiosamente, ontem de manhã, a caminho da igreja, o meu marido orava ao Senhor dizendo que sentia saudades de ver alguém converter-se a Cristo. Ora, aconteceu que, depois da pregação, o meu marido disse à congregação que estava à disposição para conversar com quem quisesse tomar a decisão de seguir a Cristo. Infelizmente, eu não estive presente no culto, pois o nosso filho acordou a arder em febre. Mas, vou contar-vos o que se passou: terminado o culto, uma rapariga, que vem assistindo aos cultos há vários meses e que tem revelado muita sensibilidade à Palavra do Senhor, disse ao pastor que “era hoje” o dia em que iria entregar a sua vida a Jesus. A igreja toda orou em conjunto por esta vida e foi em festa que terminou o culto de ontem. Glória e honra ao Senhor! Ontem, foi dia de Festa no Céu!

23 de abril de 2010

Abriu um novo Banco

Ainda sobre a reportagem referida no post abaixo, houve uma coisa que aprendi e que aproveito para aqui divulgar: Desde o início deste ano, as mamãs que estão a amamentar podem doar leite materno para ajudar a salvar bebés prematuros. Ver aqui.

Legendas

Por estes dias, passou na RTP2 um programa sobre bebés prematuros. Um dos casais que apareceu na reportagem era da Ilha de São Miguel. Claro está, colocaram-lhes legendas. A mim, que até nem sou açoriana, aquelas legendas fizeram-me cá umas cócegas… é que eu achei que se percebia perfeitamente o que os senhores estavam a dizer, não era um sotaque daqueles mais fechados. A este respeito, um colega meu partilhava comigo (e com razão) o seguinte: “E porque é que não colocam legendas quando aparecem na TV aqueles continentais lá do norte do país com sotaque cerrado? Nós também temos dificuldade em percebê-los!”
(está bem visto...)

22 de abril de 2010

Lusitânia

Descobri este autor na revista de bordo da “SATA” e acho muita graça à sua escrita. É açoriano, nascido na minha geração, e chama-se Joel Neto. Deixo-vos um cheirinho do texto que escreveu sobre o fim do Sport Clube Lusitânia:
“O primeiro jogo de futebol que assisti ao vivo foi um Lusitânia-Angrense, decorria talvez o ano de 1981 e sentiam-se ainda, um pouco por toda a ilha, os ecos do terramoto que nos dizimara no ano anterior. Não tenho na memória todos os pormenores desse acontecimento épico, mas sei que comi amendoins, que me passeei entre a bancada, o peão e a cabeceira Poente do Campo de Jogos de Angra do Heroísmo, onde os automóveis eram estacionados mesmo atrás da baliza para as senhoras poderem espreitar a festa enquanto faziam renda – e que o Lusitânia venceu, depois de um guedelhudo do meio campo do Angrense ter tentado expulsar o árbitro (não me peçam para explicar), acabando ele próprio expulso, com dramáticas consequências para a resistência da sua equipa.” (…) “Pois esse clube, símbolo de um povo, vive os seus últimos dias, depois do fracasso de sucessivas assembleias gerais destinadas a engendrar uma solução para o passivo que acumulou enquanto andou a brincar ao basquetebol. Esse clube que foi 21 vezes campeão dos Açores, 38 vezes campeão da Terceira e o primeiro do arquipélago a chegar aos nacionais; esse clube que encantou a minha geração, que encantou outras quatro ou cinco gerações antes da minha e que ainda hoje tinha mais de 500 atletas em acção – esse clube a que chamávamos “Lusitana”, ou mesmo “Sténia”, consoante a freguesia de que vínhamos ou as aspirações que cultivávamos, acabou. Não acabou com o futebol, note-se: acabou. E o mínimo que podemos fazer é chorá-lo. E, se entretanto nos restar a dignidade, envergonharmo-nos de tê-lo deixado morrer também.”

20 de abril de 2010

Coincidências

Há coisas que não podem mesmo ser coincidência. A minha mãe tinha um exame marcado, que foi adiado e depois remarcado para uma data em que, por acaso, eu já tinha programado estar no continente, junto dela. Assim sendo, pude acompanhá-la nesse exame. Era um exame rigoroso, acrescido de toda carga emocional que estas situações envolvem. Por isso, foi um presente de Deus podermos tê-lo feito na companhia uma da outra.
Chegadas ao local do exame, e apesar do carinho que se sente no trato dos profissionais que recebem estes doentes, sente-se sempre aquele friozinho no estômago. São tantas as incertezas. Na sala de espera, havia um plasma, onde o Benfica perdia 2-0 frente ao Naval. Tudo parecia perdido. O Naval jogava (e bem) em casa. Porém, o jogo estava ainda no início. De repente, uma senhora, a única que estava connosco na sala, adepta ferrenha do Benfica, grita “GOLO”! Era o primeiro do Benfica. Pouco depois, a mesma senhora grita novamente “GOLO”! Estava feito o empate. Foi neste ambiente de celebração e euforia que a minha mãe foi chamada para a sala do exame. Durante os quarenta minutos que a minha mãe esteve “dentro de um forno”, como ela descreveu mais tarde, eu fiquei do lado de fora da sala de exames, deambulando de um lado para o outro, orando por ela, com pele de galinha pelo som estridente daquela máquina. E, enquanto isto, o Benfica, imparável, marcava outro e mais outro golo. Quando a sala da porta de exames se abriu, a minha mãe sorriu, perguntou-me pelo Benfica e eu disse-lhe que ganhámos. Demos gargalhadas juntas. Já no carro, comemos o farnel que trouxemos de casa e fomos na conversa até casa, onde chegámos já depois da meia-noite. Há coisas que não podem ser mesmo coincidência. E que tal como aconteceu com o Benfica, que também na tua doença Deus possa operar uma reviravolta, mamã.

Doce

Antes de partir para mais uma viagem de serviço, perguntei ao meu filho:
-“O que queres que a mamã te traga de S.Miguel?”
Resposta dele: -“Pode ser uma prendinha barata, mamã.”
(são estas respostas que vou guardando no meu coração, meu amor)

15 de abril de 2010

Saber amar

Depois de umas mini-férias no continente, em que Deus me proporcionou a possibilidade de estar com a minha mãe (que só esperava ver na melhor das hipóteses lá para Agosto) e acompanhá-la num exame médico; uma semana repleta de emoções, intensamente vivida, regressei à ilha de coração apertado, com vontade de ter ficado mais algum tempo no continente. Na véspera da viagem de regresso, recebemos um telefonema de uma irmã da nossa igreja pedindo para passarmos na sua casa assim que chegassemos à ilha. Esta irmã, calculando que íamos chegar cansados e sabendo que ao domingo está tudo fechado, preparou-nos uma canja de galinha (maravilhosa), envolvendo a panela num pano bordado, com um alfinete fino a prender o nó, flores naturais a decorar e um bilhete com palavras de ânimo e coragem. Dentro do embrulho também vinha pão, para acompanhar a canja. Através desta oferta, pudemos sentir muito o amor de Deus, fluindo do coração desta irmã para nós. Foi muito especial.
(Que Deus te retribue em dobro, querida irmã)

1 de abril de 2010

Mudam-se os tempos...


(Imagens tiradas dos livros de histórias dos meus filhos)