22 de setembro de 2014

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Fez ontem nove anos que nasceu o nosso filho Miguel. O nosso “primogénito” que foi “unigénito” durante dois anos e meio, como ele disse há dias durante uma lição da escola bíblica dominical, demonstrando que sabe aplicar o vocabulário bíblico (lol). É um menino muito amado. Temos aprendido muitas coisas com ele e sabemos que vamos continuar a aprender. Os nossos filhos são dádivas de Deus e trazem consigo certas particularidades, com um determinado propósito. É isso que temos vindo a descobrir. O Miguel, desde pequenino, foi sempre um menino especial. Recordo-me de um episódio cómico, mas também muito constrangedor, quando ele tinha apenas 4 anos de idade - uma tia do meu marido, decidiu oferecer, no Natal, um golfinho de peluche (pensava ela), à nossa filha, que era ainda bebé; ora, estava ela a oferecer o “golfinho” à bebé, dizendo: “Olha aqui, Mariana, um golfinho tão fofinho…”, quando o Miguel decide intervir: “Bem, na verdade, isso não é um golfinho… (aqui, parámos todos a olhar para ele)… na verdade, isso é uma orca (e era mesmo) – e agora o pior – também conhecida por baleia assassina!” (lol) Nos últimos anos, percebemos claramente que a matemática e as ciências da natureza são a sua “praia”. É muito curioso, ávido por conhecimento: “O que são hormonas? O que é o ph da água? Explica-me depressa, mamã!” Confesso que, por vezes, fico aflita com as perguntas dele. Tem um sentido de humor apurado: é muito engraçado a dizer as coisas (o que nos rimos com ele!) e sabe rir (a gosto) das coisas realmente engraçadas. Por vezes, ri tanto que quase lhe falta o ar. É também muito sensível aos outros, preocupado e ajudador.  A sua inteligência deixa-nos muitas vezes intrigados… “Mas quem é que lhe ensinou isto?”. Por exemplo, aprendeu a jogar xadrez sozinho, através da internet. Ser diferente dos demais é muito curioso, mas há sempre coisas menos boas e difíceis que daí advêm e com as quais há que aprender a lidar. Há nove anos que damos diariamente graças a Deus por este menino. E pedimos a Deus muita sabedoria para o educar e orientar em Cristo, para que ele possa viver a sua vida inteira no temor do Senhor. Que assim seja.

16 de setembro de 2014

Pastor Daniel Machado


Hoje despedimo-nos (por ora) do Pastor Daniel Machado. “O Daniel foi morar com Jesus no Céu”, como escreveu o Pr. Diné Lóta . Era um pastor muito querido, muito íntegro. Tive oportunidade de o conhecer melhor quando estudei em Coimbra, pois era pastor da Igreja Baptista daquela cidade. Era sempre uma simpatia. Tinha também um bom sentido de humor. Uma das últimas vezes que estive com o Pastor Daniel Machado foi no casamento do meu irmão, em 2012. Guardo duas recordações especiais desse dia: uma delas foi a forma amorosa como brincou (literalmente) com as crianças (na foto, estava a apresentar-se à minha filha, como um verdadeiro cavalheiro, ao mesmo tempo que a minha sobrinha o puxava, com afinco, para a brincadeira; a outra recordação que guardo, foi a forma ousada (e ao mesmo tempo muito natural) como falou de Jesus a uns familiares nossos (que não são crentes), que ficaram na sua mesa (eu pude ouvir partes da conversa, a partir da minha mesa). Era assim o pastor Daniel, muito especial. Que o Senhor possa dar consolo à sua querida família, certos da esperança de um reencontro no Céu.

11 de setembro de 2014

O rei vai nú

Miguel, do meio das suas divagações, sai-se com esta: "Há uma coisa que não consigo entender... (pausa) Como é que o Presidente de Portugal, que é uma pessoa tão sábia, ainda não mandou proibir as praias de nudismo?" (lol)
Como disse o pai do menino que gritou "o rei vai nú!", no conto de Hans Christian Andersen, "Deus fala através dos inocentes". Mesmo.

10 de setembro de 2014

Mariana

As crianças são incríveis! Há um ano que faço este caminho todos os dias (o caminho para o meu emprego) e foi preciso a minha filha vir um dia comigo para passar a dar atenção a uma série de pormenores. Por exemplo, há imensas pombas no centro de Lisboa. Passeiam mesmo ao nosso lado, aqui e ali. E agora o mais interessante: "Mamã, já reparaste que estas pombas de Lisboa não se assustam?" E é verdade. De tão habituadas que estão ao movimento louco de pessoas e carros, aquelas pombas parecem ter perdido aquele instinto natural de esvoaçarem para longe, perante o mínimo movimento ameaçador.  A dada altura, a minha filha lançou-se a correr em direção a uma pomba que estava no passeio, mas escorregou e caiu no chão, permanecendo a pomba impávida e serena. Impressionante. Aquelas pombas já não se apercebem do perigo, de tão habituadas que estão a conviver com ele.
Também passámos por diversos pedintes. Um deles tinha um pequeno cartaz ao peito que dizia "Sou cego, ajude-me". A minha filha perguntou-me o que tinha aquele senhor. Expliquei-lhe que era cego e que estava a pedir esmola. "- Como sabes que é cego?" - perguntou-me. "- Li no cartaz que tinha ao peito" - respondi-lhe. Ficou pensativa por momentos e logo perguntou: "- Mas como é que ele conseguiu escrever o cartaz?" As crianças são incríveis!
Já de regresso a casa, diz-me ter gostado muito de ter estado no meu trabalho e que foi um dia muito feliz. Digo-lhe que, um dia, quando crescer, também poderá ser jurista e trabalhar num ecritório bonito como o da mamã. Resposta: "- Obrigada, mamã. Mas quando eu crescer gostava era de ter um trabalho em que todas as pessoas que eu encontrasse, ensinava-lhes sobre Jesus. Era isso que eu mais gostava de fazer." Engulo em seco, ao mesmo tempo que sinto os meus olhos humedecerem e guardo mais esta no meu coração de mãe. As crianças são incríveis!
 

5 de setembro de 2014

Um lugar especial


As minhas memórias daquele lugar remontam ao tempo em que ele era pouco mais do que um pedaço de pinhal vedado. Quando eu era pequena, parecia-me um terreno imenso. O que eu ali corri, o que eu ali brinquei... E o tanto que me arranhei e esfolei! Desfilei para os melhores criadores de moda (na minha imaginação) ao longo do muro que a minha mãe ali mandou construir. Eram tardes inteiras a passar modelos. Eu era uma manequim competente, aos 7 anos de idade. O muro também servia para fazer números de circo, mais propriamente de equilibrismo. Também ali praticava ginástica na trave, a nível olímpico, claro. Era muito aplaudida (também na minha imaginação). Fui diversas vezes medalhada. No cimo dos pilares do portão de entrada, sentava-me a cantar. Tenho uma foto que me tiraram naquele lugar, num final de tarde. Nessa foto tenho as pantufas da minha avó calçadas (não vale a pena aqui recordar o ralhete que levei quando ela se apercebeu que eu lhe tinha roubado as pantufas). Gostava de saltar com a minha 'Bota Boltilde' debaixo do alpendre da casinha de campo que os meus pais ali ergueram. Treinava muito, até lhes fiz um buraco nas solas. Brincava com os meus irmãos, mas também brincava muito sozinha. E não me chateava nada. A minha imaginação fervilhava com ideias novas. Tenho muito carinho por aquele lugar. Recordo-me que a minha mãe comprou talheres de cabo vermelho para aquela casa. Isto numa altura em que toda a gente apenas tinha talheres de ferro. Um dia, na minha pureza de criança, perguntei-lhe assim: "Quando morreres posso ficar com estes talheres?", ao que me respondeu "Mas, tu queres que a mamã morra?". Lembro-me que rimos as duas, pois, com a sua resposta, percebi a indelicadeza da minha pergunta. Entretanto, muitos anos se passaram. Este ano, voltei àquele lugar, que agora é também meu, por desejo da minha mãe. Ficar-lhe-ei sempre grata por isso. Ali passámos as nossas férias, rodeados de ar puro e silêncio. Agora são os nossos filhos que vivem as suas aventuras ao ar livre. Para nós, que temos uma vida tão preenchida, aquele lugar é mesmo uma bênção de Deus, um refúgio. Voltámos de férias renovados, prontos para os desafios que se nos colocam. E muito gratos a Deus por este lugar tão especial.