Tenho uma colega
de trabalho (na verdade, é mais do que isso, ela é minha amiga) que, de vez
em quando, recebe no trabalho uma encomenda da mãe (que vive nos Açores). Como aconteceu hoje,
por exemplo. O carteiro trouxe um caixote até grandinho, com lembranças para
ela e, principalmente, para a sua filha de 9 anos. Recebeu um caixote cheio de
amor. Cheio de saudade. E sempre que vejo aqueles caixotes, sorrio para ela
(alegrando-me com ela) e depois, inevitavelmente, escondo-me atrás do ecrã do
meu computador, procurando dominar a minha emoção e segurar as lágrimas que
começam a querer escapar-me. Também eu recebi várias encomendas como aquela. E
recebia-as sempre com tanta alegria. Traziam pequenos brinquedos do IKEA, peças
de roupa para os meus filhos, chocolates do Lidl, cortinas com bainhas feitas
pela minha mãe, ou o jornal da minha terra… Traziam aconchego. Traziam amor de
mãe. Recordo um casaquinho de malha muito pequenino, azul claro – lindíssimo -
que veio numa dessas encomendas, durante a minha segunda gravidez. A minha mãe
achava que eu ía ter outro rapaz (ela gostava de apostar e achava que acertava
sempre). Mas veio a Mariana e todo o seu mundo era cor-de-rosa. Tive sempre
pena de não ter usado aquele casaquinho muitas vezes, até que soube que ía ter
o Tomás. Quando ele nasceu, vesti-lho logo e ficava-lhe um brinco, como se vê
na foto. Depois do Tomás nascer, foi tudo tão rápido... Apenas um ano e a minha
mãe não estava mais entre nós. Sinto sempre muitas saudades da minha mãe. Não são
saudades desesperadas. São saudades consoladas pela certeza de um reencontro, no
Céu. Mas, ainda assim, são saudades. Saudades da minha querida mãe.
4 comentários:
que bonito...
Sou orfã de mãe viva. Nunca, senti esse aconchego.
A tua mãe cumpriu o papel dela, na perfeição.
Obrigado pela partilha.
Tantas, tantas, tantas... Também sinto muita falta da mamã.
Como vos compreendo, Adriana e Patrícia...
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