31 de janeiro de 2013

O ano de 2011

Foi o ano em que aprendemos a depender de Deus como nunca antes o havíamos experimentado. Um ano de amadurecimento e de aperfeiçoamento da nossa fé. Uma tribulação tremenda (fiquei durante seis meses sem vencimento) e um conjunto de vitórias gloriosas. Em abril, nasceu o Tomás David, e mais uma vez tudo correu bem. Os meus pais estiveram um mês nos Açores, para mimar o netinho. Apercebi-me que a minha mãe, apesar de não dar muita importância ao sucedido, revelava dores ao movimentar a perna esquerda. Fiquei muito preocupada. As dores foram-se agravando com o passar dos meses. No final do ano, voltava a confirmar-se: o cancro reaparecera, desta vez, na tíbia da perna esquerda, com metástases. A nuvem negra voltou a pairar sobre a nossa família, desta vez com uma gravidade ainda maior. Também no final do ano, o nosso filho mais velho, no recreio da escola, caiu do escorrega e fraturou o cotovelo. Uma tribulação muito dura, que envolveu duas ídas ao bloco operatório. E enquanto passávamos por estas lutas, Deus continuava a operar maravilhas no nosso meio. Foi o ano em que se batizaram mais oito vidas: Hélder, Luciano, Fernando, Mateus, Tiago, Fabiana, Natália e Raquel.

O ano de 2010


Em 2010, o meu irmão foi colocado nos Açores e tive a alegria de durante um ano e meio ter um (especial) familiar a viver na Ilha. Durante esse período de tempo, os nossos filhos puderam disfrutar do bom que é ter um tio no seu dia-a-dia. No mês de março, uma nuvem negra abateu-se sobre a nossa família ao ser diagnosticado um cancro, já em estado avançado, à minha mãe. No mês seguinte, iniciaram-se os tratamentos de quimioterapia e de radioterapia no IPO. Meses de muita dor, vividos a tantos e tantos quilómetros de distância. Foi um ano de muito trabalho, mas também de uma grande colheita. Foram baptizados o Leonardo, o Luís Miguel, o Pedro, o Marcelo, o Marlon, a Lili, a Daniela e a Micaela. No acampamento de jovens, converte-se a Jessica. Tivemos um retiro de mulheres abençoadíssimo, com o pastor Eliel Harada. Os homens são cada vez mais unidos e envolvidos no ministério, organizando as suas próprias atividades, como o jantar de amigos. No dia do 2º aniversário da nossa filha fiquei retida na ilha Terceira, devido ao mau tempo, quando fazia escala de São Miguel para o Faial. Chorei horrores naquele aeroporto. As pessoas que lá estavam comigo, desconhecendo a verdadeira razão das minhas lágrimas, só me diziam: "Não chore, não fique assim, olhe que eles dão hotel e comida a quem fica retido", mas eu nem conseguia falar, só chorava (lol). Nesse ano caiu um nevão no Faial, ficou tudo branquinho. No início do Verão, a minha mãe terminou os intensivos tratamentos e o cancro é dado como extinto. É-lhe dada alta e uma nova esperança renasce em todos nós. No mês de setembro, descobrimos que íamos ser pais pela terceira vez. "Deus estava a dar vida à nossa família", palavras da minha mãe.

O ano de 2009

O ano de 2009 foi o ano da conversão de homens. Recordo-me, por exemplo, do Marcelo, do Pedro, do Hélder e do pequeno Luís Miguel. A Igreja da Horta era constituída por muitas mulheres, mas poucos homens. Esta mudança foi alcançada na sequência de anos de oração, de um grande investimento na criação de laços de amizade, e principalmente pela misericórdia de Deus. Famílias completas começaram a fazer parte da igreja. Foi o ano do baptismo da Ana Maria, da Fátima e da Eliana. Os adolescentes, constituídos já por um bom grupo, conseguem reunir € 3000,00, em almoços organizados por eles, mais ofertas que conseguiram da ABA e de uns irmãos dos EUA, e rumam ao Teenstreet, na Alemanha (abro aqui um parêntesis para dizer que um desses adolescentes acabou por casar, no final de 2012, com uma jovem continental que conheceu nessa viagem; vivem agora os dois nos Açores). O nosso filho completou 4 anos, revelando-se um menino doce e com muito sentido de humor. A nossa filha completou o 1º ano de vida, sendo apelidada pelas pessoas da terra de "pechinchinha" (pequenina) e "afeiçoadinha" (bonita de feições). Um ano muito abençoado.

30 de janeiro de 2013

O ano de 2008


O ano de 2008, trouxe-nos a Mariana, a nossa açoriana. Mais uma vez, tudo correu bem. Desta vez, tive muitas visitas no hospital, muitas flores e ofertas. As amizades em 2008 já eram muitas. O Miguel começou a revelar-se um bom pescador. Um ano muito esforçado em termos profissionais, mas que culminou na celebração de um contrato, cessando assim os dois anos e meio de recibos verdes. Foi um ano de muito trabalho no ministério, mas de muitas decisões por Jesus. No acampamento converteram-se três meninas e um menino. Novos membros foram acrescentados à igreja. Foi o ano do baptismo da Lia, do M.António, do Milton e do Lino.

O ano de 2007

O ano de 2007 foi o mais difícil que passámos aqui nos Açores. Muitas e muitas lutas. A creta altura, escrevi no blogue que este era "um ministério muito abençoado, mas um ministério regado com muitas lágrimas". Um ano de batalha espiritual. E, curiosamente, mesmo durante a tribulação, converteram-se diversas vidas a Cristo. No acampamento de crianças, quatro meninas aceitaram Jesus como Senhor e Salvador das suas vidas. Nesse acampamento, colaboraram dois jovens da Igreja de Queluz - o Sérgio e o David Pires. Terminada a luta, quando tudo estava calmo, perdemos repentinamente um querido irmão, o Natanael, num acidente de mota. Deixou a esposa e duas filhas, de 16 e 4 anos. Tempos muito difíceis na nossa igreja. O ministério das senhoras era cada vez mais forte e é realizado um abençoado retiro de mulheres, com a presença das irmãs Raquel Pascoal (que regressa ao seu Faial) e Isabel Santos. Em setembro, descobrimos que íamos ser pais novamente. Foi o ano em que se começou a apostar no trabalho com os homens. O meu marido torna-se um pescador cada vez mais dedicado, com o apoio dos irmãos Norberto e Marco. Um dia, chegou a casa com um polvo. Foi o ano do baptismo das duas Elaines, da Gilberta, da Luciana, da Rita e do Marco.

O ano de 2006

O ano de 2006 foi o da consolidação da nossa integração nos Açores. As saudades da família agudizam-se ainda mais pela existência de um neto. Em fevereiro, comecei a trabalhar, tinha o Miguel quatro meses. A proposta de emprego chegou-me pelo correio, para trabalhar com estrangeiros. Foi o ano das grávidas e dos bebés. Depois do Miguel, nasceram mais seis bebés na igreja. Em tom de brincadeira, dizia-se que eu tinha trazido uma "epidemia". Demos seguimento ao trabalho iniciado no ano anterior, com muita dedicação, procurando conciliar o ministério com o meu trabalho e com o nosso pequeno filho, que nos acompanhava para todo o lado. É formada uma classe de adolescentes. Pela graça de Deus, começámos a colher muitos frutos. Diversas conversões e reconciliações com o Senhor. Foi o ano do Baptismo da Márcia, do Milton e da Carla Cristina.

29 de janeiro de 2013

O ano de 2005



No dia 2 de fevereiro de 2005, chegámos ao Faial. Eu com 27, o meu marido com 29 anos. No continente ficavam as nossas famílias, amigos, igreja, toda a nossa vida até então. Connosco vinha o Senhor nosso Deus (e vinha também o Miguel, descobrimos mais tarde). Pela mão do pastor interino, Osmar Oliveira, o meu marido assumiu o ministério pastoral da Igreja Evangélica Baptista da Horta. O primeiro ano foi passado a curar feridas, a unir pessoas, a criar laços. A corrigir situações graves também. Trabalho intenso, muitas horas a ouvir, a aconselhar, a orar. Um mês depois de estarmos nos Açores, descobrimos que os meus enjoos constantes tinham uma explicação: um bebé vinha a caminho. Naquela altura, existiam muitos estrangeiros na ilha, tinham vindo para trabalhar nas obras de reconstrução, na sequência do devastador sismo de 98. Era difícil encontrar casas para arrendar e as que existiam eram muito caras. Dois meses depois de chegarmos, estávamos nós a acabar de montar a nossa casa (só faltava colocar os quadros nas paredes), o senhorio pediu-nos a casa, para a poder rentabilizar de outra forma. Acabados de chegar, não querendo criar hostilidades, decidimos entregar a casa, sem mostrar resistência. Ganhámos a amizade do senhorio e da sua família, até hoje. Fui a várias entrevistas de emprego, mas nada consegui nesse primeiro ano de Açores. Em setembro nascia o Miguel, lindo, perfeito, tudo correu bem. A primeira visita que tive no hospital foi a do nosso 1º senhorio. No segundo dia de internamento, tive a alegria de ver os meus pais, chegados de surpresa, entrar pelo quarto do hospital e, todos derretidos, abraçarem o neto (e a mim também). Um lindo momento. Nesse primeiro ano, passámos muito tempo com as pessoas, por vezes até muito tarde. Começámos a aprender a cultura, a perceber a mentalidade, o sotaque e o modo de viver das pessoas da ilha. Houve dois batismos nesse ano: o João e a Luísa. No final do ano, aconteceu a primeira conversão: Carla Cristina, fruto do ministério das mulheres. Também o Cláudio, doente terminal, familiar do pastor Heitor Gomes, cremos ter partido para Jesus, pois apesar de já não falar, ergueu o seu dedo quando questionado se cria no Senhor como Salvador. Este foi o nosso primeiro ano de Açores.

A nossa história nos Açores

A apenas 10 dias de deixarmos os Açores, vou passar a registar, diariamente, um pequeno resumo de cada um dos 8 (abençoados) anos que aqui vivemos.

25 de janeiro de 2013

Festa no Céu

Sem muito tempo para aqui escrever, nesta fase de arrumações e mudanças, tenho de aqui registar duas notas muito importantes. O José decidiu baptizar-se. E a Ana converteu-se no domingo passado. A obra de Deus prossegue. Deus seja glorificado!

:)

Durante o culto doméstico, o meu marido pediu ao nosso filho mais velho para orar. -“Pede a Deus que corra tudo bem na tua nova escola, que faças novos amigos depressa e…” - sem o deixar concluir, interrompe o pai, e diz com um ar muito sério e convicto: “Pai, sabes qual é a primeira coisa que vou fazer quando chegar ao Continente?”- Faz uma pequena pausa e diz, firmemente, do alto dos seus sete anos - “Vou procurar uma igreja!”
A resposta do nosso filho fez-nos sorrir, pois sabemos bem a sua origem. Nos últimos meses, entre outubro e dezembro, a nossa igreja viu partir doze irmãos, que regressaram ao Brasil, seu país de origem. E, em cada despedida, o meu marido orou por esses irmãos, todos eles convertidos enquanto estiveram nos Açores, aconselhando-os a procurar uma igreja no Brasil, assim que pousarem as malas de viagem no chão. Por vezes, parece que as crianças não estão atentas nos cultos, ou que não percebem bem tudo o que se passa. Aqui está um exemplo de como estes meninos captam a mensagem. E ainda bem que assim é!

18 de janeiro de 2013

Quase de partida

Estamos a três semanas de apanharmos o avião para o Continente, para uma viagem apenas de ída. “Vão embora de vez?” - perguntou a senhora que nos vendeu os bilhetes. Vamos sim, depois de oito anos nos Açores. A nossa casa está um reboliço, o cheiro a papelão anda no ar. Já se conta um bom número de caixotes prontos a ir para o contentor do barco. Ao embalarmos as nossas coisas, damos por nós, emocionados, a parar para ver fotografias que tirámos em determinadas ocasiões, relembrar histórias felizes vividas em solo açoriano… “Vou levar isto para guardar de recordação… e isto também…”. É difícil fazer a seleção. Só de brinquedos são várias caixas, tudo é importante para os nossos filhos, nenhum brinquedo pode ficar atrás, querem tudo no seu quarto novo do Continente. Noto que é difícil para eles deixar a terra onde nasceram, onde têm os amiguinhos. “Amanhã ainda venho à escola?” – é a pergunta que a minha filha me faz todos os dias, quando a vou buscar à escola,  com um olhar de quem quer ouvir uma resposta positiva. Não é fácil, principalmente para o meu filho mais velho, que é um menino doce, que cria muitos laços com as pessoas. Mas, por outro lado, eles estão também muito entusiasmados com a perspetiva de ir viver para a “terra das férias”, onde existe algo que não têm nos Açores: familiares e shoppings. O tempo é curto, temos tantas coisas para tratar, tanto trabalho, tantas emoções para gerir, tantas despedidas. E eu aguardo ainda por um milagre, em termos de trabalho. Agradeço muito a todos os que têm orado por nós. Vou tentar passar por aqui para ir dando notícias. Até breve.

3 de janeiro de 2013

Novo Pastor

Um dos nossos desejos e motivos de oração era que, quando partíssemos  dos Açores, a Igreja da Horta não ficasse sem pastor. Este ponto era importantíssimo para nós. Na sua história de vida, a Igreja Horta já esteve longos períodos de tempo sem pastor (chegou a estar 8 anos seguidos) e sabemos bem como essa situação é penosa para a igreja. E, nas nossas orações, ousámos pedir e sonhar com um pastor açoriano. É muito importante conhecer e sentir a cultura açoriana. Nós tivemos de a descobrir e interiorizar para podermos compreender a mente e o sentir do povo açoriano. Nos últimos meses, a igreja tem orado muito pela sucessão pastoral. E Deus respondeu-nos fielmente. No mês passado, o pastor Ismael Couto, terceirense, a sua esposa Liliana e a filhinha Sarai, estiveram connosco, tendo tido oportunidade de conviver com a igreja e de participar nas suas atividades. Foi um tempo muito bom e abençoado, tendo a igreja, nesse seguimento, decidido, por unanimidade, convidar este pastor para assumir o ministério na Horta. O pastor Ismael Couto será, assim, a partir do próximo dia 3 de fevereiro, o pastor da Igreja Baptista da Horta. Estamos todos muito felizes, e acreditamos que o ministério do Pastor Ismael irá ser muitíssimo abençoado.