26 de dezembro de 2013

Pintinhas

E o final de 2013 trouxe varicela até nossa casa... o nosso Miguel está às pintinhas...

Natal na Igreja Baptista de Queluz

 
No domingo passado, a Igreja Baptista de Queluz celebrou o culto de Natal e foi tão maravilhoso que não posso deixar de aqui escrever sobre ele. A igreja estava reunida em peso e contavam-se muitos visitantes. Não sei dizer quantas pessoas estavam, ouvi dizer que eram duzentas e cinquenta. Estavam muitas pessoas de pé. O coral da igreja abriu o culto com um conjunto de hinos de Natal, cantados a vozes (e que vozes), que arrebataram a congregação para uma atitude de louvor ao Senhor. De seguida, congregação, coral e músicos, louvaram juntos ao Senhor de uma forma tão linda que é difícil passar para palavras. Seguiram-se as crianças, vestidas a rigor - José, Maria, anjos, magos e pastores - cantando músicas de Natal. Também o grupo de irmãos mais "maduros" da igreja, muitos deles já aposentados, que se reúne à 3ªf à tarde para orar, participaram cantando. Tantos que eles são e tão queridos! Uma poesia foi lida, com um conteúdo profundo, da autoria de um menino com apenas 13 anos. Os jovens apresentaram uma peça de teatro que nos surpreendeu a todos pela sua qualidade. Muito bem encenada e muitíssimo bem representada. Estiveram todos muito bem. Os nossos jovens têm dons maravilhosos. O foco da peça era o verdadeiro sentido do Natal e todos os que assistiram foram tocados por esta mensagem. Seguiu-se a pregação do pastor, centrada em Jesus Cristo, o precioso presente que Deus nos entregou. No final, as crianças, alunas da Escola Bíblica Dominical, receberam ofertas da igreja. Foi tão lindo ver toda a igreja envolvida em prestar um culto que honre o nosso Deus e em partilhar a Salvação. Acredito que muitos foram profundamente tocados neste culto e que Deus está a trabalhar nos seus corações. A tia do meu marido, que não é crente, e que assistiu ao culto de Natal, partilhou conosco que a peça de teatro lhe tocou muito. E, no dia de Natal, em sua casa, quando nos preparávamos para almoçar, ela surpreendeu tudo e todos, pedindo que o meu filho orasse antes de começarmos a comer. Que o Senhor possa alcançar muitas mais vidas em Queluz! Para Sua honra e glória!

24 de dezembro de 2013

Natal

Não há amor maior do que este. O próprio Deus veio ao nosso encontro, através de Jesus, para nos reconciliar com Ele. Jesus pode resgatar-nos de uma vida oca e triste para uma vida nova. Jesus convida-nos a "nascer de novo". Foi num culto de Natal, numa Igreja Baptista, que aos dez anos de idade decidi que ía continuar a ir sempre ali, para aprender mais deste amor. E assim foi. Nunca esqueci aquele culto. Que muitas vidas possam ser tocadas pela mensagem do Natal. Um amor que nos resgata para uma vida abundante da graça de Deus.
Feliz Natal! 

19 de dezembro de 2013

Octógonos

Ontem ao final da tarde, já tudo muito escuro, completamente perdida ao volante, no meio do pára-arranca do centro de Lisboa, sem conhecer grande coisa, orientada por um GPS que teimava em mandar-me para ruas que estão cortadas por motivo de obras, via em desespero as horas passar e eu sempre mais ou menos no mesmo sítio. Peço ao meu filho mais velho, que me acompanhava, que telefone à tia a pedir que fosse buscar os irmãos à escola, que estava quase a fechar. Foi então, que do banco de trás, ouço o meu filho fazer esta conversa hilariante: "Estou? Prima? Tudo bem? Será que podes passar o telefone à tia? É que... digamos que... preciso de falar com a tia com relativa ur-gên-cia!!!" (nisto, já eu estava a rir) "Tia? É o Miguel! Eu e a mãe estamos perdidos de carro em Lisboa e... temos um GPS, é certo, mas ele só nos faz andar às voltas e aos retângulos e aos paralelipípedos e aos octógonos!" (lol)

Felizes para sempre

Por estes dias,  recebemos uma oferta muito especial: o primeiro livro do Tiago Cavaco, intitulado "Felizes para sempre e outros equívocos acerca do casamento". Fui bastante surpreendida, pela positiva, com esta leitura. Os livros sobre relacionamentos estão normalmente repletos de regras, conselhos úteis, testemunhos pessoais, mas por vezes falta-lhes, a meu ver, uma explicação profunda e clara acerca da razão de ser das coisas. E se nós não percebermos e interiorizarmos porque é que Deus fez as coisas de determinada forma e porque é que nos pede para vivermos de acordo com determinado padrão, nós vamos continuar a fazer tudo mal à mesma. O temor é fundamental. O Tiago leva-nos a refletir, à luz da Palavra de Deus, sobre a verdadeira razão de ser  do casamento e os seus verdadeiros objetivos, na perspetiva de que a fé que temos e a vida que vivemos não são coisas dissociáveis. É uma leitura forte, muito direta. Muito profunda. Creio mesmo ser o livro que faltava sobre este tema. Fui muito abençoada pela sua leitura. 

13 de dezembro de 2013

Fazer menos

Esta história é bem conhecida. Marta e Maria recebem Jesus e os discípulos em sua casa. Marta, atarefadíssima, prepara uma refeição para todos aqueles homens. Maria, sua irmã, não pega num tacho que seja e senta-se aos pés de Jesus para o ouvir falar. Marta, já no seu limite, interrompe Jesus e pergunta-lhe se ele não se importa que Maria não a esteja a ajudar. 'Dize-lhe que me ajude' - pede Marta. 
"Em vez de aplaudir Marta, Jesus repreendeu-a gentimente, dizendo-lhe que Maria havia escolhido a 'boa parte'. Ou como diz outra tradução 'Maria escolheu a melhor parte'. 'A melhor parte?' - deve ter repetido Marta, sem acreditar. 'Quer dizer que há mais? Eu tenho que fazer mais?' As palavras de Jesus em Lucas 10 são inacreditavelmente libertadoras para aqueles que se ocupam com trabalhos árduos desta vida. Não é 'mais' o que Ele requer de nós. De facto, pode ser menos."

(citações tiradas de "Como ter um coração de Maria num mundo de Marta" - Joanna Weaver)

“E respondendo Jesus, disse-lhe: Marta, Marta, estás ansiosa e afadigada com muitas coisas, mas uma só é necessária. E Maria escolheu a boa parte, a qual não lhe será tirada.” Lucas 10:41-42

12 de dezembro de 2013

A árvore nova

Tínhamos combinado fazer a árvore de Natal no sábado. As crianças estavam ansiosas por este momento. Fomos à nossa arrecadação procurar a caixa com a árvore e os enfeites. Encontrámos a árvore, ainda com a embalagem com que veio no contentor do barco dos Açores, e trouxemo-la para casa. Porém, quando a abrimos, faltava uma parte da árvore (o topo) e nada de enfeites... Que desilusão! Pode parecer exagero, e nem sei se consigo traduzir isto que vou dizer por palavras, mas para as nossas crianças, abrir as caixas que vieram dos Açores e reencontrar as coisas que tinham no Faial é algo muito importante. Houve lágrimas até. Provavelmente, perdemos a embalagem onde estava o resto das coisas. As crianças ficaram muito tristes. Dissemos-lhes que iríamos comprar outra árvore... mas, sinceramente, era uma despesa que não contávamos ter nesta altura. Pois bem, no dia seguinte, fomos para a igreja. Durante a pregação, o meu filho mais novo começou a ficar muito inquieto e a chorar, pelo que decidi sair um pouco para o acalmar (o que até nem costumo fazer). Estava eu sentada com o meu filho no sofá que fica no corredor da área social da igreja, quando vejo a irmã T. aproximar-se e afixar um papel no placard. Olha para mim e diz-me que afixou um papel dizendo "Oferece-se árvore de Natal". Disse-me que o seu filho J. tinha comprado uma árvore nova e pretendia doar a antiga. Como Deus faz as coisas! É incrível como o Senhor cuida até de pequenos pormenores. Se eu não estivesse ali naquele momento, provavelmente nem teria reparado no anúncio no placard. Ficou para nós, claro! A nova árvore já está na nossa sala, toda enfeitada, para alegria das nossas crianças. Estou muito grata a Deus e a esta família de irmãos queridos. Deus é sempre bom!   

10 de dezembro de 2013

Cinderela

Sentada num banco, com o livro da Gata Borralheira sobre as pernas (para poder gesticular à vontade), conta-me a história,  enquanto preparo o almoço.
"- Olá! Eu sou a fada! Não fiques triste, eu vou arranjar-te um vestido bonito e vou dar-te um jeito nesse cabelo! Vou pô-lo em forma de amarelo (lol) com um tótó!" E eu a aguentar-me para não rir. Nisto, muda para uma expressão mais séria e diz: "Mas atenção!! Eu vou dar-te uma regra! Se deixares passar a meia-noite, voltas a ficar com um vestido horrível!" Ao ouvir isto, começo a rir e digo-lhe: "Como é que é? Repete lá essa parte!" Resposta dela: "Mamã, não me peças para repetir essa parte porque faz-me arrepiar!!" (lol) 

5 de dezembro de 2013

Reencontro

Às vezes tenho a sensação de que não pode ser verdade. Mas é. A minha mãe já não está mais aqui. Sinto muito a sua falta. É estranho viver aqui no continente e ela já não estar cá. Ainda é estranho entrar na sua casa e ela não estar mais ali. E o meu telefone que tocava constantemente com chamadas dela, anda tão mais silencioso. Vejo muitas senhoras na rua de braço dado com as suas mães velhinhas e penso que não terei esse privilégio. Mas sei que ela está com o nosso Deus, cheia de felicidade. Por estes dias, o meu pai deu-me uma das Bíblias da minha mãe, a sua primeira Bíblia. Bem velhinha, amarelecida, algumas páginas soltas. Pode ler-se "Mirinha", na lombada. Era o nome que lhe chamavam na juventude (e que ela não gostava muito, verdade seja dita). Nela fez diversas anotações, ainda com letra de menina. Ao folheá-la, deparei-me com uma anotação que me encheu os olhos de lágrimas. Entre Malaquias e Mateus, naquelas páginas brancas, escreveu a letra daquilo que creio ser um cântico. Diz mais ou menos assim... "haverá um culto no Céu, no dia em que Jesus voltar... eu vou lá estar e tu também vais lá estar...". Ao ler estas palavras, emocionei-me profundamente. Sim, um dia, nós iremos encontrar-nos de novo, no Céu, junto do nosso Deus. E vamos estar juntas em muitos cultos, sempre celebrando. Porque a nossa vida aqui é uma passagem e um breve reflexo da vida plena que teremos na Eternidade, com o Senhor. E eu hei-de lá estar, pela a graça de Deus. (saudades)

3 de dezembro de 2013

Pai

Um amedrontado rapaz de dezoito anos, em pé diante de um severo juiz, amigo chegado de seu pai, ouvia-o dizer como ele era uma desgraça para aquela comunidade e para a sua família: "- Você devia ter vergonha de si mesmo, desgraçando o nome de sua família, causando a seus pais uma grande angústia e embaraço. Seu pai é um cidadão íntegro nesta comunidade. Tenho pessoalmente trabalhado em numerosas comunidades com ele e conheço a sua dedicação a esta cidade. Considero o seu pai como um amigo pessoal e chegado, e é com grande tristeza que pronuncio sobre você hoje a sentença por seu crime."
Com a cabeça curvada em óbvia atitude de desconforto, o jovem ouvia o juíz. Então, antes que a sentença fosse pronunciada, perguntou se podia falar: "- Meretíssimo, não quero, de modo nenhum, ser desrespeitoso ou apresentar escusas pelo meu comportamento. Mas tenho grande inveja do senhor. Houve muitos dias e noites em que quis ser o melhor amigo do meu pai. Muitas foram as vezes em que eu precisei da ajuda dele em meus deveres escolares, em algumas situações de maus namoros e em alguns tempos difíceis que passei como adolescente. Mas meu pai não estava em casa. Provavelmente, estava em algumas daquelas comunidades com o senhor, ou jogando golfe. Sempre senti que outras coisas eram mais importantes para ele do que eu. Não quero dizer isto de modo desrespeitoso, mas eu verdadeiramente gostaria de ter conhecido meu pai como o senhor o conheceu."
(Gary Smalley, em "A chave para o coração do seu filho") 

Princesas

No fim-de-semana passado, vimos com os nossos filhos, pela primeira vez, o filme "Os Croods: Uma Aventura das Cavernas", e gostei imenso da figura da protagonista. A jovem Eep tem uma beleza natural, que não se perde no seu cabelo revolto, nem na sua constituição mais generosa. Acho até que ela devia ser integrada no elenco das princesas, não acham? Gostei.

2 de dezembro de 2013

Histórias no feminino

Ontem ao jantar, a nossa filha contava-nos a história bíblica que aprendeu na escola dominical. Contava com todos os pormenores. Muitas pausas, muito suspense, os olhos muito arregalados (creio que herdeou esta veia teatral da avó Celeste). A história era a das duas mães que reclamavam o mesmo bebé para si. "Elas discutiam, discutiam e o juiz disse uma coisa muito feia: ele disse para se cortar o bebé ao meio!" E ficou por aqui, não concluindo a história. Nisto, perguntei-lhe: "Mas, afinal, qual era a mãe verdadeira?" Resposta imediata: "Era a do vestido verde clarinho!" (Lol) 

:)

Três anos depois desta história (clicar aqui), o Pingo Doce volta a ser muito amigo, pondo o "Nenuco vai à médica" com 50% de desconto! Já cá canta ;)

Escola Bíblica Dominical

Domingo de manhã, classe de juniores da escola bíblica dominical: apresento-lhes uma imagem A3, onde se vê a cidade de Samaria, rodeada de muralhas altas. "Já sei, vais contar-nos a história da batalha de Jericó!" - diz uma das crianças. "Não, hoje não é essa história. Hoje vamos falar sobre Samaria." Começo, então, a explicar-lhes que a cidade estava cercada pelo exército Sírio. "Estão aqui a ver estas tendas à volta das muralhas? São os sírios! Prontos a atacar!" Nisto, uma das crianças debruça-se sobre a mesa, para poder ver melhor a imagem no cavalete e, com um ar muito curioso, pergunta: "Aquele bonequinho ali em baixo, ao pé das tendas, é o rei dos Sírios?" (apontando para um bonequinho minúsculo, todo preto, no meio de tantos outros bonequinhos iguais a ele). "Bem... talvez seja, não dá bem para ver... mas tens razão, naquele tempo os reis também íam às batalhas". Com vontade de rir, lá continuei a história. Quando cheguei à parte dos quatro leprosos que foram ao acampamento dos sírios, perguntei: "Sabem o que é lepra?" Todos abanam a cabeça dizendo que não, até que um deles diz muito depressa: "Eu sei, é uma doença que faz cair o nariz!" (lol)

29 de novembro de 2013

Exemplo

Enquanto caminhávamos pela rua, um indivíduo que estava parado a distribuir folhetos, estica o braço e entrega um pequeno folheto ao meu marido. Este recebe-o, olha para o folheto e apercebe-se de imediato que se trata de publicidade a um vidente. Dá um passo atrás, esboça um sorriso terno e, num tom muito amável, diz àquele indivíduo: "Sabe, isto é um engano. Quem tem Deus não precisa disto." O homem, concordando com o meu marido, encolhe os ombros e diz que o mandaram distribuir aquilo, mas ele que deite fora. E eu que observava esta cena, fiquei muito tocada pela atitude do meu marido. Recebo tantos folhetos destes quando ando na rua, destruindo-os de seguida. Outras vezes apenas digo um mero: "Não, obrigada". Mas nunca dei um passo atrás, para dizer o que o meu marido disse. Como eu amo este homem! Desejo ser mais e mais como ele, a cada dia.

Fri-fu-ri-fu

A minha filha gosta muito de fazer desenhos e de os afixar no frigorífico. Por estes dias, entro em casa e ela (que estava em casa com o pai), aparece-me de rompante na entrada, com um ar muito feliz, de quem diz "Fiz algo espetacular, nem te passa!", e, com os olhos a brilhar e os braços a gesticular, diz-me assim: "Mamã, vai depressa ver o desenho que pus no fri-fu-ri-fu!!" (lol)

28 de novembro de 2013

Padrões altos

No fim-de-semana passado, tivemos o Pastor Jaime Kemp em Queluz. Da parte da manhã, falou-nos sobre comunicação e relacionamentos entre casais. Da parte da tarde falou-nos sobre sexualidade. Temas importantíssimos nos dias que correm. Gostámos imenso de o ouvir, foi muito edificante. E, principalmente, da parte da tarde, Jaime Kemp fez um apelo que nos ficou gravado no coração: “Pastores, elevem bem alto os padrões! Ensinem estas coisas!“ Que assim seja.

Uma dor no coração

Quando passávamos pela bilheteira do expresso, os nossos filhos entregavam o dinheiro ao cobrador. Para isto, precisavam esticar o braço sobre o meu ombro e, de vez em quando, as moedas caíam e era preciso recuperá-las. Alguns cobradores ficavam muito irritados. Quando nos afastávamos, as crianças comentavam sobre a raiva deles. “Sabem porque é que aquela pessoa ficou tão furiosa connosco?” – eu perguntava. “É porque ela tem uma dor no seu coração. Aquela é a sua maneira de dizer Por favor, alguém me pode compreender?” Algumas vezes, orávamos pelo cobrador, o que ajudava as crianças a entender que não deviam tomar as raivas dos outros como algo pessoal.
(Gary Smalley, em “A chave para o coração do seu filho”)

27 de novembro de 2013

Cuidado! Aí vêm os pentecostais!

Eu já o tinha lido na minha adolescência e pude agora lê-lo mais uma vez. Foi um dos livros que herdei da minha mãe. “Cuidado! Aí vêm os pentecostais!”, de Peter Wagner. O livro é bem velhinho. O autor, que assume-se como não-pentecostal, e que foi missionário na Bolívia  durante 15 anos, faz uma apresentação bastante imparcial sobre o avivamento pentecostal na América Latina, nos anos 60/70. O relato é acompanhado de dados estatísticos e testemunhos incríveis, levando os leitores (não-pentecostais) a refletir sobre o que poderão aprender com os pentecostais. Relembro que o livro é dos anos 70 e que, nessa altura, o relacionamento entre pentecostais e não-pentecostais era bastante diferente do dos nossos dias. No final do livro, o autor conta uma história que não me sai da cabeça. Um pastor boliviano (não pentecostal) decidiu convidar um pastor chileno (pentecostal), que estava de visita à Bolívia, para pregar no culto de domingo de manhã (nota: no livro diz o nome da igreja e os nomes dos dois pastores). A pregação costumava demorar 20 minutos, mas naquele dia a congregação ouviu atentamente o pastor durante uma hora. A dada altura, o pastor preguntou à igreja “Acredito que os irmãos costumem orar para que Deus acrescente vidas a esta igreja, certo?” Na congregação, várias cabeças movimentaram-se dizendo “sim”. Nisto, o pastor mudou de expressão, franziu as sobrancelhas, esticou o dedo para a congregação e disse num tom de voz elevado: “Pois, essa oração é um pecado! Jesus disse para irem e anunciarem o Evangelho! É tarefa vossa! E, em vez de fazerem o que têm a fazer, dão meia volta e pedem a Deus que o faça!” Pois bem, aparte as opiniões sobre esta abordagem, o certo é que aquela igreja começou a falar cada vez mais de Jesus às pessoas e a convidá-las para irem aos cultos. Começaram a organizar apresentações musicais nas ruas, com testemunhos e uma breve palavra. (nota: era isto que os pentecostais faziam na América Latina, um evangelismo "agressivo" como lhe chama o autor do livro) Resultado: A igreja encheu-se de novas vidas! Os baptismos passaram de anuais a mensais (entre 1 a 27 pessoas por mês). Novos trabalhos foram começados. E tudo isto mantendo as suas doutrinas não-pentecostais. Muito interessante.

Açores

Ontem, o meu filho foi à biblioteca. Qual o livro que escolheu? :)

19 de novembro de 2013

Jovens

Entro na copa do meu serviço e apercebo-me que a C. estava a falar ao telemóvel em francês fluente. Fico boquiaberta. Ela apercebe-se da minha presença, encurta a conversa e termina a chamada. Cheia de curiosidade, pergunto-lhe onde aprendeu a falar francês daquela forma. Envergonhada, diz-me que estudou francês e que chegou a viver algum tempo em França. Diz-me que também fala espanhol fluente, pois também viveu e estudou em Cuba. E, enfim, também fala também inglês. "Mas o que estudaste tu?" A C. é médica veterinária de formação. Neste momento, a C. é quem limpa temporariamente as instalações onde trabalho. Está a pensar seriamente em emigrar. Disse-lhe que apreciava muito a sua atitude de agarrar todo o trabalho que lhe aparece, mesmo tendo ela mais qualificações. Disse-lhe que também já passei pelo mesmo e que foi um tempo muito importante na minha vida. Encorajei-a a confiar o seu futuro a Deus e, no tempo certo, a sua oportunidade chegará. Esta situação mexeu comigo. Que Deus abençoe a C. e tantos outros jovens que se encontram na mesma situação, no nosso país.

18 de novembro de 2013

Cardeal

O trabalho de casa consistia na elaboração de um texto que começasse a partir da seguinte ideia: “Estás em casa e ouves um barulho no sótão…”. Texto do meu filho: “Numa bela noite, ouvi um barulho estranho no sótão. Fiquei preocupado. O que seria? Um rato? Um morcego? Um cardeal?” (LOL)

Gerar filhos

Há uns bons anos atrás, quando ainda se usavam retroprojetores, recordo-me de me ter oferecido para passar a computador as letras dos cânticos da minha igreja (estamos a falar de 2 dossiers A4 dos largos). Pois bem, andava eu nessa azáfama quando recebi a visita de um primo, que volta e meia vinha a nossa casa. Esse meu primo diz-se ateu, porém, caiu no erro de me perguntar se eu precisava de ajuda. Resultado: o meu primo esteve umas boas horas a ditar-me as letras dos cânticos. Confesso que me consolei a ouvir o meu primo dizer “Santo, santo, santo!” “Não há Deus como tu!” “Quebra a minha vida e fá-la de novo” “Dou-Te o meu coração e todo o meu ser, para Ti quero viver!” “Jesus, eu Te amo!” “Aleluia! Aleluia!” Recordo-me que, a dada altura, a minha mãe foi espreitar para ver o que se estava a passar, pois ouviu de longe a voz do meu primo e teve de ir confirmar se era mesmo ele que estava a dizer tais coisas (lol). Recordo-me que quando o meu primo se levantou para ir embora, até estava com outra expressão, meio atordoado… que ‘tareia’ espiritual! Nunca esquecerei este episódio. Pois bem, por estes dias o meu marido ofereceu os meus préstimos para fazer correção de texto de um material de discipulado. Pois, enquanto corrigia os textos (escritos por um estrangeiro), Deus falou profundamente ao meu coração. Só me lembrava do meu primo a “levar nas orelhas”. E uma frase que mexeu muito comigo e que não me sai do coração é a definição de discípulo. O que é um discípulo de Jesus? “Um discípulo é um seguidor obediente de Jesus e que se reproduz.” É esta última palavrinha que me anda a fervilhar no coração: “…que se reproduz”. Não há esterilidade no Reino de Deus, todos podemos gerar filhos! Que assim seja. Não queiramos o Senhor só para nós mesmos.

13 de novembro de 2013

Confiar os nossos filhos a Deus

Já li e ouvi a história de Samuel diversas vezes, mas nunca tinha reparado neste pormenor. Foi através da autora Marylin Hickey que me apercebi dele. Ana, mãe de Samuel, em obediência ao voto que tinha feito a Deus, entregou o seu filho, assim que deixou de ser amamentado, ao Sumo-sacerdote Eli, para que este fosse por ele educado. Agora o pormenor: Eli, segundo nos conta a Bíblia, foi homem temente ao Senhor, mas foi também um mau pai. Repito: um mau pai. Eli não teve mão nos seus dois filhos: Finéias e Hofni (estes nomes fazem-me logo lembrar uma outra dupla de irmãos malandrecos, muito em voga na programação infantil: o Finéias e o Ferb). Os filhos de Eli, diz-nos a Palavra, não queriam saber do Senhor e praticavam pecados atrás de pecados. O mal de Eli foi não repreender devidamente os filhos (Deus tinha-lhe dado essa autoridade e ele não fez bom uso dela). Ora, foi a este homem que Ana confiou o seu amado e único menino. O fruto de anos de oração. O milagre de Deus operado no ventre de uma estéril. Como eu admiro Ana! Mais: foi também com Finéias e Hofni que Samuel cresceu e partilhou o dia-a-dia. Com estes dois! Isto dá que pensar... E agora a parte curiosa desta história: a Bíblia diz que Samuel cresceu como homem e como servo do Senhor, sendo por todos estimado e reconhecido pelo seu temor a Deus. E, ao seu lado, Finéias e Hofni praticavam ofensas atrás de ofensas a Deus, acabando ambos assassinados numa luta contra os filisteus. Samuel não se deixou influenciar. Tremendo! Agora, há outro pormenor importante nesta história: Ana era uma mulher de oração. Ninguém consegue ficar indiferente à forma fervorosa como Ana orou a Deus pedindo que lhe desse um filho. É uma episódio que marca. Acredito que, depois de Samuel nascer, Ana continuou a orar da mesma forma pelo seu filho. A Bíblia conta também que Ana visitava o filho todos os anos e ofertava-lhe sempre uma túnica nova, feita de linho. Que mãe dedicada! E mais: Samuel foi usado pelo Senhor, ainda em menino, para entregar uma importante palavra de Deus a Eli (uma palavra bem dura). Esta mensagem encheu-me o coração e ando constantemente a pensar nela. Ainda não entendi tudo o que o Senhor me quer ensinar, mas prossigo nessa busca. Que o Senhor guarde os meus filhos do mal, como guardou Samuel, e os faça crescer com um coração que teme e ama a Deus, que sabe reconhecer o mal e afastar-se dele. Que os meus filhos possam marcar a diferença e ser usados por Deus para abençoar outros, inclusive adultos. E que nós, pais, tenhamos a sabedoria de entregar os nossos filhos em oração diária a Deus, não desprezando a repreensão e preocupando-nos em vesti-los com ‘capas de linho’. Que Deus nos ajude nesta tarefa.

11 de novembro de 2013

Um coração missionário

Conta-nos a Bíblia que, um dia, enquanto Jesus passava na rua, a sua atenção fixou-se num cobrador de impostos, de seu nome Mateus. Ele era um homem de péssima reputação na sociedade, um grande pecador. Os fariseus, que se consideravam pessoas puras, só queriam distância de homens como Mateus. Mas, Jesus, movido de amor pelas almas perdidas, aproximou-se daquele homem e convidou-o para ser um seguidor de Cristo. Mateus aceitou de imediato. E mais: logo após a sua conversão, Mateus organizou um banquete na sua casa, para o qual convidou Jesus. Nesse banquete estava presente a família e os amigos (pecadores) de Mateus. Desta vez, foi Jesus que aceitou o convite. Mateus não quis guardar Jesus só para si, mas proporcionou um encontro entre os seus amigos e o Salvador! É esta a atitude certa. Partilhar Cristo é uma responsabilidade que o Senhor deixou à Igreja. De certa forma, todos somos chamados para ‘missões’. Como crentes, podemos – e devemos – orar, apoiar e contribuir para missões. E isto é tão importante! Mas, devemos também pedir ao Senhor que nos dê sempre um coração cheio de compaixão pelos que não O conhecem. Um coração como Jesus, que viu Mateus, foi ao seu encontro e fez-lhe um convite que mudou toda a sua vida. Que Deus nos dê um coração missionário, para que muitas vidas possam participar do Grande Banquete! (texto do marido, no boletim de novembro da Igreja Evangélica Baptista de Queluz)

7 de novembro de 2013

:)

Mariana: “- Mamã, já sei o que gostava de receber no Natal.”
Eu: “- Ai sim? E o que era?”
Ela: “- É o Nenuco que tem um braço partido e varicela!” :)
(Fui procurar e descobri que este boneco existe mesmo: é o “Nenuco vai à médica”; e no mesmo pacote vem também uma “Nenuca” que é estrábica e precisa de óculos de correção)

6 de novembro de 2013

Eternidade

Por estes  dias, conversava com uma querida irmã da nossa igreja, cujo marido partiu recentemente para Jesus. Este casal era muito unido, eram dois ‘namorados’. Viveram toda uma vida um para o outro. Crentes fiéis. A dada altura da conversa, aquela senhora pegou-me nas duas mãos, apertou-as com muito carinho e, num tom muito emocionado e muito genuíno, deu-me este conselho: “Aproveite muito bem enquanto tem o seu marido consigo! Aproveite bem! Porque se Jesus o chamar primeiro, sabemos que vai para o Senhor, mas custa muito ficar sem ele.” Hoje, terminei a leitura do livro de Dave Harvey sobre casamento e, curiosamente, o último capítulo deste livro aborda um tema pouco falado: a morte de um dos cônjuges. Não estava à espera de ver este tema num livro deste género, mas ler a história de Jere (viúva, mãe do autor do livro), foi muito tocante. E recomenda-se. Aqui (a partir da pg. 164).  

5 de novembro de 2013

Coração puro

Você já considerou a razão por que não existem relatos que nos mostram Jesus ‘batendo uma porta’ devido a frustração furiosa ou infligindo o ‘tratamento do silêncio’ em alguém que o magoou? Porque Jesus não ficava irritado, ou amargurado, ou hostil? A resposta simples, mas espantosa é esta: quando o seu coração era aquecido pelas circunstâncias, manifestava-se o que havia ali: amor, misericórdia, compaixão, bondade. Cristo não reagia pecaminosamente às circunstâncias de sua vida – até mesmo uma morte atormentadora, imerecida e humilhante – porque o seu coração era puro. O que estava em seu coração transbordava. Era amor!

(“Quando pecadores dizem Sim”, de Dave Harvey)

Diálogos 2

No outro dia, vira-se para mim e pergunta: “- Mamã, qual é a profissão que dá muito, muito dinheiro?” Eu: “- Assim de repente, sei lá, talvez jogador de futebol.” Ele (escandalizado): “- O quê? Um jogador de futebol?” (com ar de quem está a pensar algo do género ‘mas eles nem têm de estudar muito!’) E pergunta logo de seguida: “- Então e os pilotos de avião?” Eu: “- Bem, esses também ganham bem.” Ele: “- Pois, mas eu não gostava de ser piloto. É uma profissão que é uma grande chatice!” Eu: “- Uma grande chatice? Mas porquê?” Resposta dele: “- É uma grande chatice porque eles têm de aguentar muito tempo sem poder fazer xixi!”

Diálogos 1

Miguel: “- Mamã, a Dona F. deve ganhar muito dinheiro, não é? Cada dia trabalha numa casa diferente e ainda trabalha na farmácia ao final do dia!” (nota: esta senhora é empregada de limpeza)
Eu: “Olha que não, antes pelo contrário. Ela ganha pouco em cada sítio onde trabalha, por isso é que tem de trabalhar em tantas casas e ainda na farmácia. Só juntando tudo é que consegue fazer um ordenado mais ou menos bom.”
Passado uns tempos, alguém comentava que o seu filho trabalhava numa farmácia (nota: com licenciatura).
Comentário do meu filho: “Então, ele ganha pouco; a minha mãe é que disse.”
(que vergonha, lol)

4 de novembro de 2013

Cabacos

Pego no último número da revista “Lar Cristão” e pergunto ao meu filho mais novo: “Quem é que está aqui na capa da revista?” Esboça um grande sorriso e responde de imediato: “Xami!” (Sami) Abro a revista e começo a folhear. Dali a pouco, mostro-lhe uma foto mais pequenina, a preto e branco, também do Samuel Úria, que vem no interior da revista, mas em que este aparece com um corte de cabelo mais curtinho. Pergunto: “E quem é este?” O meu filho fica a olhar por uns segundos…hesita…e lá responde muito depressa: “Cabacos!” (Cavaco)

31 de outubro de 2013

O homem certo

Certa vez, ouvi esta história e achei-a deliciosa. Michelle e Barac Obama foram jantar fora. Estavam eles no restaurante e, a meio do jantar, o empregado de mesa que os servia pediu a Michelle se podia tirar uma fotografia com ela. Michelle Obama consentiu. Tirada a fotografia, Michelle confidenciou ao marido: “Sabes, este rapaz foi meu namorado na juventude.” Barac Obama, em tom de gozo, disse a Michelle: “Quer dizer que tu podias ter sido esposa de um empregado de mesa?” Michelle, muito segura de si, responde ao marido: “Não! Quer dizer é que este rapaz podia ter sido o Presidente dos Estados Unidos da América!” Esta história encerra uma verdade preciosa: a pessoa que escolhemos para casar connosco deve ajudar-nos a crescer. A crescer como pessoas e, acima de tudo, a crescer na fé. Eu desejo que o meu marido seja o melhor dos pastores, para honra e glória de Deus. No que depender de mim, vou esforçar-me por ajudá-lo a crescer muito com Cristo. Querem saber qual o homem certo para vocês? Querem saber qual o homem que Deus vos quer dar? Abram bem os olhos e vejam se esse rapaz vos faz desejar crescer no Senhor.
(Tirado da palestra “Mulher Virtuosa”, para as meninas do Acampamento de Jovens 2013)

25 de outubro de 2013

Meninas


“Uau!”…uns ténis com atacadores que parecem o cabelo da Rapunzel!
(Foi amor à 1ª vista:)



23 de outubro de 2013

Sucinto

O meu filho mais velho não é muito dado a grandes textos. Sempre que traz trabalhos de língua portuguesa, começa logo a pensar como é que poderá responder às perguntas da forma mais breve possível. Não gosta de grandes desenvolvimentos. Por vezes, aborreço-me com ele, pois tem de dar respostas completas e não gosto que ele responda a correr. Pois bem, há dias trazia perguntas sobre um texto de um menino que gostava muito de ver um álbum de fotografias antigo, onde existia uma foto de uma menina muito bonita, que usava uma fitinha azul na cabeça, e que o menino achava que devia ser uma fada. Pergunta de interpretação: ”O que sabia o menino acerca da menina da fotografia?” Resposta do meu filho: “Sabia pouca coisa.” (lol)

Pura ficção

Há cerca de oito anos que os desenhos animados do Ruca são uma presença habitual na televisão da nossa casa. Eu tinha a ideia de que o dia-a-dia do Ruca era bastante parecido com a vida real, sem grande espaço para o imaginário, ao contrário da maioria dos desenhos animados. Mas isso foi só até ver, com mais alguma atenção, dois episódios, que passaram recentemente na TV. Num deles, a família estava a sair de casa apressadamente e o Ruca lembrou-se à última da hora que queria levar uns esquis para a neve. A mãe, muito doce, disse-lhe que ele deveria ter pensado nisso com mais antecedência, pois este ano ainda não tinha tirado dos arrumos as coisas de inverno, e não sabia bem onde estavam os esquis. Mas, perante a tristeza do Ruca, a mãe (que estava cheinha de pressa)… voltou serenamente atrás e foi procurar os esquis! (what?) No outro episódio, o Ruca recebeu uma camisola de malha feita à mão pela avó. Gostou tanto da camisola que vestiu-a de imediato. Estava calor, mas a mãe deixou. Até aí tudo mais ou menos bem. Agora vem o pior: dormiu com ela vestida nessa noite! A mãe deixou. Levou-a vestida para a escola - note-se – vários dias seguidos! A mãe, sempre serena, deixou. A dada altura, a mãe meteu, finalmente, a camisola para lavar. Porém, o Ruca foi buscá-la à roupa suja e voltou a vesti-la (!) e levou-a para a escola. Quando a mãe chegou à escola e o viu com a camisola suja vestida, muito tranquilamente, só lhe perguntou “Eu não tinha posto essa camisola para lavar?”, mas ficou-se por aí, tendo compreendido perfeitamente que o filho a tivesse ído buscar ao cesto da roupa suja. E não ralhou com ele, nem pestanejou, (nada!), perante a figurinha que o filho andava a fazer. Só quando a camisola estava mesmo uma tristeza, cheia de nódoas, é que o Ruca lá acedeu em tirá-la. Afinal de contas, a série Ruca está repleta de fantasia, pura ficção.

22 de outubro de 2013

Saber ouvir

É muito importante termos pessoas nas nossas vidas que nos apontam onde estamos a falhar. É certo que temos a nossa consciência, que faz isso melhor do que qualquer pessoa, mas por vezes parece não chegar. Ouvir da boca de quem respeitamos onde estamos a falhar é, por vezes, o clique que falta para operar uma mudança. O meu marido, familiares, amigos e irmãos na fé são, por vezes, importantes portadores de ‘recados’ da parte de Deus para mim. Ontem, foi a vez do meu médico. Ouvi e encaixei. Que Deus me rodeie sempre de pessoas destas e que nunca permita que eu endureça o meu coração perante as suas difíceis, mas sãs, palavras. Somos barro que está a ser moldado pelo Oleiro.

21 de outubro de 2013

O impacto do Evangelho

“Recentemente, um homem nos procurou em estado de grande agitação. Havia observado um rapazinho a roubar algum dinheiro da cesta das ofertas, após o culto. Ele sentia genuína preocupação com o rapaz. Sugeri que ele conversasse com o pai do menino, a fim de que o filho pudesse beneficiar da correção e da intervenção do pai. Alguns minutos depois, o menino e o pai pediram para falar-me, em meu gabinete. O menino mostrou algum dinheiro e disse que o havia tirado da cesta das ofertas. Ele estava em lágrimas, expressando sua tristeza e pedindo perdão. Comecei a conversa, dizendo-lhe: ‘Carlos, estou muito feliz porque alguém viu o que você fez. Que grande misericórdia de Deus, ao providenciar para que você não escapasse disso! Deus lhe poupou de endurecer o seu coração, o que acontece quando alguém peca e sai ileso da experiência. Percebe como Deus foi gracioso com você?’ O menino olhou-me nos olhos e concordou. ‘Sabe, Carlos’, continuei, ‘é por isso que Jesus veio. Jesus veio porque pessoas como você, seu pai e eu temos corações que desejam roubar. Você percebe que é capaz de ser tão ousado e atrevido que rouba até as ofertas que as pessoas estão dando a Deus? Mas Deus teve tanto amor por meninos ímpios que enviou o seu Filho, a fim de transformar o coração dos meninos e homens e torná-los pessoas que são doadoras e não ladrões’. Nesta altura da conversa, Carlos caiu em soluços e retirou do bolso mais um maço de notas que havia tirado da cesta. Ele havia começado esta breve conversa pronto a “fazer-de-conta” e devolver apenas parte do dinheiro que havia pegado. Algo aconteceu enquanto me ouvia falar da misericórdia de Deus para com pecadores ímpios. Não havia acusação no meu tom de voz. Nem seu pai nem eu sabíamos que havia mais dinheiro. O que aconteceu? A consciência de Carlos foi atingida pelo evangelho! Algo do que falei ressoou dentro deste coração jovem e enganador. O evangelho causou impacto na consciência dele.”
(Tedd Tripp, em Pastoreando o coração da criança)

17 de outubro de 2013

Jesus chorou

Enquanto lia aquela passagem - que já li tantas outras vezes – da morte de Lázaro, comovi-me profundamente com um pormenor sobre o caráter de Jesus. Diz o texto que Jesus amava Lázaro, bem como as suas duas irmãs, Marta e Maria. Era amigo deles. E quando Lázaro morreu, conta a Bíblia que Jesus, ao ver Maria chorar pelo seu irmão, “moveu-se muito em espírito, e perturbou-se”. E, logo a seguir, diz o texto que “Jesus chorou”. Os judeus que ali estavam comentaram acerca de Jesus “Vede como o amava”. Foi isto que me impressionou. Jesus sentiu a dor e o sofrimento causado pela morte de uma pessoa. Ele sabe como é tão triste e devastador passar por uma situação destas. Jesus sabia que Lázaro não ía permanecer morto e que ía ressuscitar. Estava prestes a acontecer um milagre tremendo! Tudo estava sob o controlo de Jesus. Ele não chorou de desespero. Mas, ainda assim, Jesus foi sensível à dor dos que choravam por Lázaro. Por estes dias, duas pessoas muito queridas para mim perderam as suas mães, sem que estivessem a contar com isso. Por estes dias, também, uma mulher partilhava comigo a dor tremenda de ter perdido um bebé no parto, há 30 anos atrás. Nunca ultrapassou essa dor. Ao ler esta passagem, senti o amor de Jesus de uma forma muito especial por aqueles que sofrem. Jesus compadece-se, chora connosco. Jesus está presente nesses momentos. O Senhor é um Deus de amor, que cuida, conforta e que traz sempre consigo uma nova esperança. “Vinde a mim todos os que estais cansados e oprimidos e eu vos aliviarei”, disse Jesus. A dor pode tomar proporções gigantescas na vida das pessoas que não a depositam nas mãos de Jesus. Mas os que se aproximam de Deus, quebrantados, são por ele limpos e libertos dessas cargas. Não existe outro Deus como o Senhor. Um Deus que perdoa e que cura o nosso interior sofrido. Deus é amor!

Caracóis

Acho que ainda não contei aqui esta. De vez em quando, a minha filha pede-me para lhe fazer caracóis. Este é um desejo típico das meninas que têm cabelos lisos. Por isso, volta e meia, faço-lhe trancinhas antes de a deitar e, no dia seguinte, desmancho-lhe as tranças e ela fica uma autêntica Diana Ross. Pois bem, naquela fase de adaptação em que a minha filha chorava na escola, um dia o pai ía levá-la de manhã e, antevendo as lágrimas, perguntou-lhe: “Hoje não vais chorar na escola, pois não?” Resposta dela, muito segura de si: “Chorar? De caracóis? Achas?” (lol)

16 de outubro de 2013

Opá...

Educação cristã

É um descanso tão grande saber que, este ano, os meus filhos mais novos não vão ser ‘bombardeados’ na escola com o Halloween, nem vão sofrer pressão para pedir ‘Pão por Deus’ (nos Açores esta última ainda tem alguma força social). Que Deus abençoe e multiplique as escolas de orientação cristã evangélica.

Novas criaturas

O evangelho não é uma mensagem sobre fazer coisas novas. O evangelho é uma mensagem sobre como ser uma nova criatura. Ele fala às pessoas como pecadores imperfeitos, caídos, que têm necessidade de um novo coração. Deus deu-nos o Seu Filho, a fim de fazer-nos novas criaturas. Deus realiza uma cirurgia ao coração, não uma cirurgia plástica facial. Ele produz mudança de dentro para fora. Rejeita o homem falso que jejua duas vezes por semana, mas aceita o pecador que clama por misericórdia.
Tedd Tripp (em “Pastoreando o coração da criança”)

10 de outubro de 2013

Açorianos

Mais cedo ou mais tarde, vamos ter de mudar de apartamento, pois aquele onde vivemos foi comprado quando ainda não tínhamos filhos, tendo-se tornado pequeno para a nossa família. Sabendo desta nossa intenção, o meu filho sugeriu, com entusiasmo: “Comprem uma casa com árvores!”
A minha filha, referindo-se aos aglomerados de casas que existem em Portugal continental: “O continente parece muitas, muitas, muitas ilhas juntas!”
O meu filho: “Papá, quando é que vamos à doca pescar?”
A minha filha, pronunciando-se a respeito do apartamento novo das primas: “A casa das primas, se tirarmos o prédio, é uma casa que é uma maravilha!”
No hipermercado, enquanto comprava legumes, o meu filho aproxima-se de mim, aponta para uma caixa e pede a desejo: “Compras-me batatas doces?” (nos Açores é comum comermos batatas doces como acompanhamento do prato principal)
Enquanto a minha filha brincava com a prima mais nova, ouvi este diálogo único: “Dei um fu-fu!” – diz a minha filha (pausa) Resposta da prima: “Aqui não se usa isso, Mariana! Aqui diz-se: eu dei um pum!” (lol)

30 de setembro de 2013

Feliz

Por estes dias, fui à reunião da escola da minha filha. Ali chegada, a educadora chamou a atenção dos pais para uma mesa que estava repleta de desenhos das crianças e pediu-nos que tentássemos descobrir qual era o desenho do nosso filho. Aproximei-me da mesa e vi que cada desenho tinha escrito no cabeçalho “Quem sou eu?” e depois, no rodapé, dizia: “Eu sou…” e tinha 2 ou 3 adjectivos que as crianças disseram sobre si próprias. Depois de olhar um pouco para os desenhos, houve um que me pareceu corresponder ao traço da minha filha, mas os adjectivos que acompanhavam o desenho fizeram-me hesitar. Os adjectivos eram: “(Eu sou) bonita e feliz!” Hesitei pelo seguinte: a minha filha tem sido a que mais tem “sofrido” com a nossa mudança dos Açores para cá. Ela é muito ligada às pessoas e é muito “açoriana” também. Por diversas vezes, tem-nos perguntado quando é que as nossas “férias” no continente acabam; diz frequentemente que tem saudades dos amigos, da escola e da igreja do Faial; lamenta-se que esta “ilha” não é tão bonita, enfim, ela tem muitas saudades daquele que era o seu pequeno mundo. E para mim, como mãe, é uma dor ouvir estas coisas. Felizmente, já não chora, como aconteceu no princípio. Mas, isto talvez seja aquilo que mais me tem custado nesta fase de adaptação. Tento sempre explicar-lhe, com muita calma, que a nossa vida agora é aqui, que estamos a servir a Deus neste lugar, e que aqui há tantas coisas boas… Ela parece ficar convencida, mas sei que, volta e meia, torna a lamentar-se pelos Açores. Pois bem, voltando aos desenhos, decidi não arriscar, e peguei noutro desenho que ali estava, mas quando virei a folha para ver o nome do seu autor, dizia “Rafaela”. Pousei o desenho muito depressa e corri para agarrar aquele que tinha visto em 1º lugar. Virei-o e lá estava, bem escancarado: “Mariana”! Fiquei TÃO emocionada… Senti um calor no rosto, os meus olhos encheram-se de água… “A minha filha é feliz!”, pensei eu, “Ela é feliz neste lugar!!!” (Só me apetecia contar a toda a gente!) Acho que nem me consegui concentrar bem na reunião, pois só pensava no desenho… “F-e-l-i-z”! Deus é bom em todo o tempo! É fiel! Cuida de todos os pormenores. Ela só tem saudades dos Açores, só isso. Mas é FELIZ! Deus seja louvado! Que sejas sempre feliz, filha, sempre! A nossa felicidade está no Senhor.

27 de setembro de 2013

Pepino

Naquela noite, decidi contar-lhes a história da rainha Ester. A minha filha gosta de histórias de ‘princesas’, por isso fiz-lhe o gosto. Estava eu a contar, com demorado pormenor, aquela parte em que o Rei mandou chamar todas as jovens solteiras do reino, para escolher uma para sua esposa, e que a escolhida foi Ester, uma jovem humilde, que não tinha pais, que foi criada por um primo, mas que era lindíssima, uma beleza que chamava a atenção de todos…” Nisto, o meu filho interrompe-me (como já é habitual), para fazer um comentário, dizendo: “Ela era bonita, já o rei nem por isso… era um pepino!”. Um pepino?, pensei eu… Sem perceber bem onde é que ele tinha ído buscar esta do “pepino”, dei uma gargalhada e lá continuei a história. A certa altura, começo a falar do maléfico Hamã e dos seus terríveis planos contra o povo judeu. Nisto, o meu filho interrompe-me e diz: “Esse era uma batata!” Foi então que se fez luz na minha cabeça e perguntei ao meu filho: “Ouve lá, tu andaste a ver algum filme dos ‘Vegetais’?” Sim, vi no acampamento o filme dos Vegetais sobre a rainha Ester!”
(Está explicado! Lol)


26 de setembro de 2013

Regresso ao trabalho

Trabalhar fora é voltar a passar grande parte do meu dia rodeada de pessoas que não partilham a mesma fé do que eu. É procurar conhecê-las, compreendê-las, perceber as suas necessidades e amá-las com o amor de Jesus. É responder-lhes sobre os motivos que me levaram a ir para os Açores e, depois, a regressar dos Açores. É receber olhos de espanto (e isto é engraçado) quando percebem que são colegas de uma "esposa de pastor". É explicar a cada um sobre o que é uma igreja baptista, o que são os evangélicos e no que cremos (ainda há muito desconhecimento e confusão sobre isto).  É perceber como pensam as pessoas que não são da igreja, o que as move, o que as frustra. É procurar manter-me coerente com a minha fé num ambiente não protegido, como a igreja. É ter a consciência de que o meu testemunho pode ser determinante. E é poder partilhar estas experiências diárias com o meu marido e, desta forma, ajudá-lo também a perceber como é a sociedade para além da igreja. É um grande desafio e também uma grande responsabilidade poder trabalhar fora. Que Deus me dê sempre sabedoria e integridade no trabalho.

Sinónimos

"Voltar a trabalhar fora de casa" = "Acabou-se a roupa passada a ferro"
(lol)

23 de setembro de 2013

Testemunho


Quando, no ano passado, começámos a perceber que Deus nos estava a orientar no sentido de regressarmos ao continente para aqui servirmos a Sua igreja, houve um aspeto que, desde logo, nos fez refletir: o meu emprego. Depois de vários anos como contratada, eu tinha entrado recentemente para os quadros da Administração Pública – tinha um “emprego para a vida”. Decidimos entregar esse assunto nas mãos de Deus e continuámos a buscar a Sua vontade. Havia, porém, um pormenor muito delicado neste processo: é que as transferências dos Açores para o Continente estavam (e estão), na prática, “congeladas”. Logo, o mais certo seria eu não conseguir transferir-me e perder o meu vínculo. O Senhor acabou por nos levar a perceber que era mesmo para voltarmos e quando Deus fala só nos resta obedecer (pois a Sua vontade é sempre boa e perfeita). Assim sendo, falei com o meu chefe, expus a situação e comecei a tentar uma transferência para o continente. Começou então a surgir uma hipótese de transferência para Lisboa, mas sem certezas. Curiosamente, em fevereiro, no dia em que estávamos a sair da nossa casa nos Açores, para apanharmos o avião para Lisboa, o meu telemóvel tocou. Pousei as malas, atendi o telemóvel, e era o meu chefe a dizer que a transferência tinha sido autorizada. Percebemos que Deus estava no controlo da situação. Viemos para Lisboa em paz, eu iria começar a trabalhar em março. Porém, daí para a frente, o processo começou a embrulhar e a embrulhar, o que me levou a ter de meter uma licença sem vencimento até que tudo ficasse resolvido. Os meses foram-se passando e nunca mais se via uma luz ao fundo do túnel. Era uma assinatura que faltava, era um papel que tinha de ser junto, era um pormenor que tinha de ser retificado, o processo mais parecia não ter fim. A Igreja de Queluz foi extremosa durante todo este processo. Oraram por nós, sustentaram-nos, apoiaram-nos em tudo. A demora foi tanta que, a dada altura, comecei a temer que não se resolvesse mais. Decidi, então, candidatar-me a um concurso público - o curso de estudos avançados em gestão pública - que abriu aqui no continente e que, findo o qual, me daria acesso a um lugar na Administração Pública de cá. Pela graça de Deus, fiquei apurada neste concurso, mas, ainda antes do curso começar, a minha transferência dos Açores para Lisboa, finalmente, resolveu-se! Comecei a trabalhar na 6ªf passada, mantendo assim o meu vínculo e continuando ligada a um serviço que creio que vou gostar muito. Estou muito feliz e agradecida a Deus também pelos meses em que estive em casa, acompanhando o meu marido, os meus filhos e a igreja, nesta fase de adaptação ao continente e ao novo ministério. Nada aconteceu por acaso. Tudo aconteceu no tempo certo. Não foi fácil a espera, foi muito duro. Mas saímos desta experiência com uma visão ainda mais reforçada da soberania de Deus e da Sua fidelidade. Deus é BOM!

15 de setembro de 2013

Graça

No domingo passsado, assisti à tomada de posse do pastorado da Igreja Evangélica Baptista da Graça, em Lisboa, pelo pastor Jónatas Lopes. Saí de lá profundamente tocada com tudo o que vi e ouvi. Um jovem pastor, acompanhado da esposa e dois filhos pequeninos, deixou a igreja que estava a servir em Tondela e toda uma vida ali estabilizada, em obediência à nova orientação que recebeu do Senhor. Deixaram e nem olharam mais para trás, convictos de que Deus agora os quer na Graça. E enquanto decorria o culto, os meus olhos fugiram-me várias vezes para a expressão emocionada do pai do pastor, que também é pastor, e que procurava reter, em vão, as lágrimas. Conheço tão bem aquelas lágrimas de pai, que mesmo compreendendo as razões que movem o filho, sofre com a separação e com a incerteza do que o espera na nova missão. É duro para quem vai. É duro para quem fica. E enquanto olhava para aquele casal, cada um com um filho ao colo, consagrando-se ao ministério na Graça, cheios de amor à obra de Deus, o meu coração foi abençoado. Que imagem tão poderosa! Não há nada neste mundo que prenda um servo do Senhor, nem mesmo uma vida estabilizada. Isto é amor ao Evangelho de Cristo. Quando vínhamos embora, descendo aquelas ruas íngremes da Graça, com o rio ao fundo, o meu marido, pensativo, partilhava comigo: "O Evangelho é loucura!" E é mesmo. Que sã loucura! Que Deus seja com esta família neste novo desafio ministerial. Quanto a mim, já comecei a ser abençoada com a vinda deles para Lisboa. Que Deus os use para Sua glória.

13 de setembro de 2013

Crianças

Durante as nossas férias, também estivemos no acampamento familiar. Ali chegada, vi imensas crianças a brincar nos baloiços (estavam mais de 40 crianças neste acampamento). Comecei a observá-las e a reconhecer os seus rostos (que só conhecia de fotografias). Aproximei-me dos baloiços e procurei conhecê-las pessoalmente. O 1º menino que conheci, de dois anos de idade, muito castiço, em resposta à pergunta "como te chamas?", respondeu desta forma deliciosa e assertiva: "Paulinho Ribeiro". De seguida, aproximei-me de uma menina que brincava noutro baloiço. Reconheci logo o rosto dela, pois quando era pequenina esteve no Faial, com a sua mãe, de visita. O rosto era o mesmo, mas estava muito maior. "Quantos anos tens, Sara?" Ela, muito despachada, responde-me assim: "Tenho cinco, mas visto roupa de quatro!" Esta nova geração de baptistas promete :)

11 de setembro de 2013

Memórias

Ninguém contava histórias como ela. Era um dom que tinha. Quando começava a contar uma história, conseguia captar todas as atenções. Ficava um silêncio absoluto. Ninguém pestanejava. As suas palavras eram muito exageradas e dramáticas em relação à história tal como ela se tinha passado. Mas é assim que as histórias ficam com mais graça. Os diálogos eram contados em discurso direto, com voz de homem ou de mulher, conforme o caso (e isto era de rir a bom rir), com sotaques, gestos e todos os pormenores. E tudo isto com muitas pausas, muito suspense. Uma das histórias que cresci a ouvir foi, por exemplo, a do meu nascimento. Todos esperavam um "Bernardo" (eu ainda sou do tempo em que não se faziam ecografias), mas ela não se importava que fosse outra menina. Nasci como um rapaz, pois os rapazes nascem com o rosto virado para baixo e as meninas com o rosto virado para cima (não sei se a ordem era exatamente esta, mas para ela esta era uma verdade científica), e assim enganei toda a gente até à última. Eu era feia de meter dó. Não tinha testa, o meu cabelo começava logo a seguir aos olhos. De tão feia que era, a minha mãe ficou toda a noite acordada a olhar para mim, a tentar perceber se eu era mesmo normal. Mas pôs-me sempre uma fita no cabelo e, aos poucos, o cabelo começou a recuar e lá ganhei dois dedos de testa. E por causa disto, nunca deixou fazerem-me uma franja, não fosse o cabelo tornar a avançar. Mas a parte da história que eu mais gostava era quando ela dizia que fui um presente que Deus lhe deu no dia dos seus 26 anos. Nasci no aniversário dela, dia 12 de setembro. Ela nasceu às 10h da manhã e eu às 10h da noite. Nasci numa clínica e custei seis contos, hoje trinta euros. Cresci a ouvir estas histórias hilariantes que me enchiam de sorrisos. Tão exagerada que era! Este vai ser o 2º aniversário em que a minha mãe já não me acompanhará. Faria 62, mas quis Deus tomá-la aos 60. Cada vez a recordo com menos dor e mais sorrisos. Mas sempre com muitas saudades. Está com Jesus, o nosso Jesus. O reencontro é certo. Ficam estas doces memórias da filha que nunca teve coragem de fazer uma franja. 

Jovens

Durante as nossas férias, estivemos a colaborar no acampamento de jovens, em Água de Madeiros. O acampamento estava lotado, participaram mais de cento e quinze jovens, salvo erro. Foi uma semana muito especial, muito abençoada. Os pastores Jónatas Lopes e Rui Sabino, conduzidos por Deus, levaram os jovens a reflectir no tema "Cristo, a medida de todas as coisas". Os jovens tomaram decisões muito importantes neste acampamento, houve conversões e decisões pelo ministério.Glória a Deus por isso! Este ano, pude participar de uma forma mais intensa, dando uma palestra só para meninas (os rapazes tiveram uma palestra à parte, com o pastor Jónatas Lopes). Falámos sobre a Mulher Virtuosa de que a Bíblia nos fala. Estas coisas não são fáceis para mim, que sou pessoa introvertida, mas pela graça de Deus correu tão bem que as meninas pediram um "encore" e realizámos mais uma sessão no último dia. Muitas perguntas foram colocadas por estas jovens. Fiquei de coração cheio por notar o interesse e a avidez destas meninas em querer conhecer a vontade de Deus para a mulher. Fui muito abençoada por estas meninas.  E que a Palavra  de Deus as possa ter tocado no seu íntimo, pois só pelo temor a Deus e na força do Seu Espírito conseguiremos ser mulheres virtuosas. Nunca esquecerei esta experiência. Que Deus guarde cada um destes jovens.

 Palestra das meninas


Palestra dos rapazes

7 de setembro de 2013

De volta

No próximo domingo, fará sete meses que regressámos ao continente (como o tempo passa...). A nossa vida e os nossos corações pertencem cada vez mais a este lugar e a estas pessoas. Já sentimos as ruas como "nossas", já nos sentimos "em casa". Este mês, a igreja proporcionou-nos um mês completo de férias e estamos muito gratos a Deus por este tempo de descanso e reflexão. Foi mesmo muito importante para nós. Este foi um ano de muitas e profundas mudanças. Damos muitas graças a Deus pela forma como todo este processo de adaptação tem decorrido, em especial no que se refere aos nossos filhos, que começam a fazer novos amigos e a gostar cada vez mais da vida aqui. É curioso que, durante as nossas férias, a dada altura partilhávamos que sentíamos saudades dos irmãos da igreja de Queluz. Já os amamos muito. Durante as férias, pudemos perceber a orientação de Deus para a igreja em diversas áreas e regressamos prontos para arregaçar mangas (e dobrar joelhos) para, em conjunto com os nossos irmãos, servir o nosso Deus neste lugar. Volto de férias também com o desejo de dedicar mais algum tempo ao blogue. Espero conseguir. Até breve!

4 de agosto de 2013

Linguagem rebuscada

O meu filho Miguel, enquanto conversava com a minha irmã a respeito dos graus de parentesco, sai-se com esta: “Eu tenho muitas tias, mas só tenho um tio..." E conclui: "O tio Gustavo é o meu tio unigénito!”

21 de julho de 2013

ABA

Durante este final de semana realizou-se a 33ª Assembleia Geral da Associação Baptista Açoriana (ABA), na ilha Terceira, com o tema "Chamados para servir juntos!". O meu marido está por lá desde 5ª feira passada, na qualidade de orador convidado. Pelo que soube,  tem sido um tempo muito abençoado. Hoje, no culto da manhã, converteu-se uma senhora. É uma alegria muito grande receber estas notícias tão boas, compensa de sobra todas as saudades do meu marido, que amanhã, querendo Deus, estará de volta! E é também muito bom ver como o nosso Deus continua a alcançar aquelas pequenas ilhas, onde vivem pessoas tão amadas pelo Senhor. Deus seja sempre louvado!

17 de julho de 2013

Pedido de oração

Uma vez no meu coração, para sempre no meu coração. É assim o meu sentimento pelos adolescentes e jovens baptistas da Horta. Eram tão pequeninos quando os conheci... Hoje são jovens lindos e com um coração no Senhor. Desde 2ªf passada que os adolescentes e jovens dos Açores estão num acampamento na Ilha Terceira (cartaz acima). Estão com o Pastor Ismael Couto e outros queridos líderes, pelos quais peço que se juntem a nós em oração. Pelo que sei está um bom grupo e há ali jovens que ainda não se entregaram a Jesus. Que este acampamento seja marcante para estes jovens e que possam comprometer-se profundamente com este Deus Incrível!

16 de julho de 2013

Os 18 baptizandos

Foto tirada do blogue da (Eu)Nice.

Festa em Queluz e Festa no Céu

No domingo passado, a igreja Evangélica Baptista de Queluz celebrou 59 anos de vida, num culto maravilhoso, cheio de emoções fortes. Não sei dizer quantas pessoas estavam, era a perder de vista, muitas assistiram ao culto de pé. O querido pastor João Rosa de Oliveira e a sua esposa, Lídia Machado de Oliveira, foram homenageados neste culto, tendo o pastor Oliveira sido reconhecido como pastor emérito da Igreja de Queluz. Houve diversas participações, todas muito tocantes, muito espirituais. Palavras inesquecíveis foram ditas neste culto. Dezoito vidas foram baptizadas (quinze de Queluz e três da Igreja Baptista de Belas, que se juntou a nós nesta festa). O culto decorreu num ambiente de profunda gratidão a Deus e de alegria contagiante. Eram tantos baptismos que, a certa altura, a minha filha perguntou-me: "Mamã, o pai vai baptizar toda a gente?" O Pastor Rubens Luz, da Igreja de Belas, entregou a Palavra do Senhor. No final do culto, dois meninos aceitaram Jesus como seu Senhor e Salvador e oraram de joelhos, consagrando-Lhe as suas vidas. Os nossos corações estão cheios! Deus é maravilhoso! E que o nosso Deus dê muitos e muitos anos de vida a esta querida igreja, acrescentado-lhe a cada dia os que se hão-de salvar.

10 de julho de 2013

Cristiana

No domingo passado, enquanto servíamos o Senhor num dia cheíssimo de atividades: culto de manhã,  seguido da participação no culto do 31º aniversário da Igreja Baptista das Boas Novas, do Pastor Leal, no Borel - Amadora, e, já ao final da tarde, uma assembleia da nossa igreja onde foram feitas 15 profissões de fé (para a assembleia já não pude ficar, para poupar os meus filhos), no meio de tudo isto, acontecia algo maravilhoso a alguns quilómetros de distância.
Tinha acabado de entrar em casa com os miúdos quando recebi uma chamada no telemóvel. Era a minha sobrinha mais velha, que também é minha afilhada. Tem nove anos e meio; pertence, com os pais, a uma Assembleia de Deus. Com a sua voz  doce, disse-me assim: “-Tia Didi, eu hoje aceitei Jesus como meu Senhor e Salvador.” Senti uma alegria tão (mas tão) grande! As lágrimas não me largaram o resto do serão. O nosso Deus é tão poderoso… Ele opera em tantos lugares ao mesmo tempo… e enquanto o servimos, ele cuida dos nossos… Trabalhámos muito no domingo, mas Deus devolveu-nos tudo isso com uma bênção sem medida: a conversão da minha sobrinha. E assim se cumpriu a profecia que o nome desta menina encerra: ela é “cristã/de Cristo” (Cristiana).

8 de julho de 2013

Palavras que inspiram

Não são poucas as vezes que entro no gabinete do meu marido na igreja e que me lembro da primeira vez que ali entrei. Foi há 9 anos atrás, era aquele gabinete do pastor Tomi, que para além de pastor da igreja de Queluz, era também presidente da Convenção Baptista Portuguesa. E foi nessa segunda qualidade que, naquele dia, recebeu o meu marido e eu, para falarmos sobre os Açores. Lembro-me como se fosse hoje. Enquanto nos explicava as necessidades e as lutas tão grandes do trabalho do Senhor no Faial, recordo-me de pensar no meu íntimo que aquilo era “areia a mais para a minha camioneta” e que, certamente, aquela igreja precisava de uma esposa de pastor com um perfil muito diferente do meu. Eu falo pouco. Eu quase nem falo. E, curiosamente, enquanto pensava nisto, o pastor Tomi disse assim: “Creio que a Adriana, com a sua maneira de ser, poderá ser a esposa de pastor discreta e que promove a união, que é o que esta igreja precisa.” Fiquei tão surpreendida com estas palavras que penso que nem devo ter pestanejado enquanto as ouvi. Mas a verdade é que eu acreditei nisto e creio mesmo que foram palavras de sabedoria. Nos oito anos de serviço nos Açores, lembrei-me muitas vezes destas palavras. Para mim, foram palavras de edificação e encorajamento. Podemos achar que não temos dons extraordinários, mas quando nos colocamos nas mãos do Senhor, o amor de Jesus em nós faz verdadeiros milagres. Deixei nos Açores mais do que irmãos na fé, deixei amigos do peito. E mesmo fora da igreja, mais outros tantos amigos do peito. Muitos. Verdadeiros amigos. Como é importante termos servos do Senhor que nos inspirem com palavras de sabedoria. Esta é uma dívida de gratidão que guardo para com o pastor Tomi. E que, agora, também na igreja de Queluz, o Senhor me dê sempre renovada sabedoria para saber colocar-me nas Suas mãos e recordar-me que, só assim, poderão acontecer milagres.

5 de julho de 2013

26 de junho de 2013

Josias

Estava a Mariana a contar ao pai a lição que aprendeu no domingo, na escola bíblica dominical, e sai-se com esta:
"O rei Josias era muito pequeno quando ficou rei. Ele era filho de um rei mau. O pai dele fazia muitas coisas más... ele mordia, empurrava, gritava, mostrava o rabo aos seus amigos...".
(lol)

:)

Meio perdida em Lisboa, aproximo-me de um engraxador de sapatos e pergunto: “- Bom dia! O Senhor sabe indicar-me onde fica a Rua Filipe Folque?”
Ele: “- Sei sim. A menina está a ver este prédio velho, grande, bege?”
Eu: “- Sim.”
Ele: “- Então esqueça o prédio velho e preste atenção ao prédio novo que está ao lado.”
Eu (meio confusa): “Ok…”
Ele: “- Por baixo do prédio novo há uma seguradora. Esqueça a seguradora e passe ao lado.”
Eu: “- Ok…”
Ele: “- Logo a seguir encontra uma transversal. Faça como se a transversal não existisse e siga seeeempre em frente.”
Eu (já com vontade de rir): “- Ok…”
Ele: “- A seguir, vai encontrar uma farmácia. Ignore a farmácia e siga em frente.”
Eu (a não poder mais): “- Certo…”
Ele: “- Depois encontra outra transversal. E, pronto, agora é ver se nessa transversal é à direita ou à esquerda, depende do número da casa para onde quer ir.”
Agradeci ao senhor e lá fui eu, meia atordoada com a explicação. Afinal de contas, tudo se poderia ter resumido a um simples: “Fica na 2ª rua à direita”. Os portugueses são únicos.

20 de junho de 2013

Corvo

Este texto (que já saiu no Jornal de Letras em  2011), descobri-o agora pela mão da minha amiga D.Lídia Oliveira. É um pequeno relato da passagem da escritora Alice Vieira pela Ilha do Corvo. A mais ocidental e a mais pequena ilha do arquipélago, onde vivem apenas cerca de 400 pessoas. Não tive oportunidade de conhecer o Corvo, mas conheci corvinos e muitas destas histórias. Não deixa de ser uma perspectiva pessoal, mas é muito interessante.
Aqui fica um pouco deste texto:
"Cheguei ao fim do mundo. (...) No mesmo avião veio D. Manual Martins, antigo bispo de Setúbal. Diz-me que o padre da terra, que ele nem conhece, precisou de ir tratar-se aos EUA e lhe telefonou a pedir que que o substituísse uma semana. E ele veio. Sou recebida na pista por um senhor que acarta a minha mala, e logo me enfia para dentro de um carro que já viu melhores dias. Diz-me que é na casa dele que vou ficar, porque Outubro é o mês em que a ilha se enche de ornitólogos em cata de aves em trânsito, e é difícil arranjar camas vagas. De repente dá uma gargalhada, apontando para as minhas mãos desesperadamente em busca do cinto de segurança; - Não há! Aqui no Corvo não se usa. Nem capacetes nas motorizadas, nem nada disso... (...) Quero organizar o trabalho para os dias seguintes, e peço um táxi para me levar de manhã a dar uma volta pela ilha. Um sorriso de olha-para-a-esperta-que-vem-do-continente, e logo a resposta: no Corvo não há táxis, nem transportes públicos, e a frota automóvel existente resume-se a meia dúzia de carros particulares, ou nem tanto. Depois há motorizadas, e algumas carrinhas de caixa aberta, onde as pessoas levam o necessário para irem para as terras. E uma tabacaria para comprar jornais? Jornais não há, tabacarias também não. E juro que lhe senti um leve orgulho na voz quando, a seguir a todas as minhas perguntas ("E lojas? E mercado?, etc) ele ia respondendo "não há, não há..." (...) Indica-me onde vou tomar as refeições todos os dias e, já vai a sair, quando lhe peço uma chave de casa, para eu não estar sempre a incomodar quando entro ou saio. Novo sorriso: - No Corvo não há chaves. As portas ficam todas no trinco. (...) Ao almoço (parece que toda a gente come no café da Teresinha), D. Manuel Martins recorda-me que hoje é dia de procissão. Apesar de já ter estado no Corvo, D. Manuel Martins admira-se sempre da pouca frequência nas missas, e da pouca alegria: "Ninguém canta!". (...) Depois da missa das oito da noite, a procissão percorre rapidamente as duas ruas da vila.(...) o entusiasmo não é muito, até porque a maioria é muito velha, as mulheres arrastam-se com dificuldade. (...) À cabeça da procissão, D. Manuel pára muitas vezes para olhar para trás. Numa procissão normal, o padre vem sempre no fim. Mas aqui também deve ser diferente. E por isso ele olha para trás, e faz pausas, para que ninguém fique pelo caminho."Este padre é pequenino, mas anda tão depressa...", murmura uma velhota ao meu lado, dobrada sobre a bengala.
Janto no sítio do costume, a ver na televisão o Benfica ganhar dois zero ao Portimonense. Os homens estão todos lá fora, a fumar. Benfica e Portimonense devem dizer-lhes tão pouco. (...) Afinal de que precisamos para viver? Isto perguntava-me eu, nas primeiras horas de aqui chegar - convencida de que iria encontrar, no meio deste isolamento, uma sociedade ainda não contaminada pelos males do consumo. Rapidamente me fazem descer à terra: estou na sociedade mais desenfreadamente consumista que conheço. Tudo se compra - por encomendas de catálogo, pela lancha que vai às Flores e ao Faial, pela net. A dependência da eletricidade é total. A televisão domina tudo. Todas as casas têm arca frigorifica, televisor último grito, computador, micro-ondas, etc. Se algum tem - todos os outros compram a seguir. E há sempre alguém que vende qualquer coisa: fico a saber, por exemplo, que a Teresinha vende Bimby's que são, ao que parece um sucesso. (...) Aqui ninguém passa fome e, se não há ricos, também não há pobres. Dizem-me que cada corvino tem um lote de terreno e uma vaca.(...) Trabalha-se, pesca-se, à noite vê-se a novela, e os mais novos bebem cerveja nos bombeiros. São um povo estranho. Fechado, pouco simpático, sem tradições de convívio. (...) Estou de partida. D. Manuel regressa também. De todas as conversas que mantivemos, há uma que não me sai da memória: "Eu acho que esta gente não vai muito à igreja porque não sente necessidade. Eles passam a vida neste isolamento todo, nesta lonjura, neste silêncio, nesta imensidão, estão todos os dias em contacto com Deus. Para quê irem à igreja à procura de um Deus formatado?" Quero acreditar que sim. Mas também não me sai da cabeça aquela frase de Raul Brandão, no seu texto sobre o Corvo: "Se não fossem cristãos, matavam-se uns aos outros."