30 de janeiro de 2007

Relato de um fim-de-semana - parte III

Da Terceira para Ponta Delgada já correu melhor. Gosto muito de ir a PDL, já é a 3ª vez que lá vou, sempre em serviço.
E depois da sessão em que fui participar ter terminado, corri para o shopping! Tem Zara, Mango e tudo e tudo (e em saldos)! Não imaginam o delicioso que foi ouvir a rapariga que me atendeu no "Vitaminas & Companhia" a dizer o nome da minha sobremesa preferida: "Biuufet de friuutas".
O pior são sempre as saudades dos meus dois rapazainhes...
Entretanto, durante a minha ausência, nasceu a bebé da minha amiga. Bem-vinda, Ana!

Relato de um fim-de-semana - parte II

Faço o check-in e a hospedeira diz-me que, devido ao mau tempo, alteraram a rota do vôo e que, por isso, vamos ter de ir primeiro para a Terceira, esperar lá durante duas horas e só depois é que vamos para S.Miguel. "Mau..."- pensei eu (e pensei bem). A viagem foi um autêntico "shake-shake" (como se diz por aqui). O que ainda nos valeu, foi a equipa de miúdos do Marítimo ir no avião, que animaram o ambiente com uns "olés!", quando o avião abanava.
Quando aterrei na Terceira, perdoei logo a Sata, ao receber um vale de € 16,00 para ir almoçar.

29 de janeiro de 2007

Relato de um fim-de-semana - parte I

Mais uma deslocação em serviço. Desta vez para São Miguel. Como precisava de transporte de casa para o aeroporto e uma vez que tinha um 'calote' pendente para com o táxi nº 24, decidi "matar dois coelhos com uma cajadada só" e chamei o dito sr. taxista.
Como, por natureza, não sou grande comunicadora, puxei o típico tema do 'tempo', para quebrar o silêncio. "Hoje não está assim lá muito com tempo... o céu está muito nublado, está vento... vamos lá ver como é que se vai portar o avião..."
Ao dizer estas palavras, eu não podia imaginar o que vinha a seguir. O meu comentário funcionou como uma deixa para o taxista começar a relatar um conjunto de histórias macabras sobre viagens da Sata, absolutamente impróprias para quem tinha de fazer um check-in dali a quinze minutos! E, nos intervalos das histórias, dizia frases do tipo "Não vale a pena a gente ter medo! O que está guardado pr'á gente não o podemos ir pôr à porta do nosso vizinho!"
Quando parou o táxi nas partidas do aeroporto, deu-me a bagagem e despediu-se de mim assim: "E olhe, senhora, não vale a pena ir com medo! Afinal de contas, sabe o que é que a morte tem de bom? É que vamos deitadinhos!! he,he.."
(só a mim)

27 de janeiro de 2007

Indignação

Não há direito de, em promoção, nos fazerem pagar € 4,99 por uma Cerelac, de tamanho normal.
(O híper daqui é bem puxadinho)

26 de janeiro de 2007

Verde, a quanto obrigas!

Este Inverno tem sido um Inverno a valer. Já chegou a chover um mês seguido (dia e noite). Os ventos que sopram no Continente são uns mariquinhas perto dos ventos açorianos. Às vezes, até dá medo. A chuva daqui é pesada e interminável. O clima foi, sem dúvida, uma das coisas que mais estranhámos aqui nos Açores. Não é frio nem quente, mas é demasiado húmido. E, por vezes, a humidade é tão elevada que é difícil suportá-la. A zona onde vivemos fica num vale e é conhecida como uma das zonas mais húmidas da ilha. Por vezes, no Verão, o tempo fica tão abafado que até custa respirar. Agosto é o único mês do ano em que se pode dizer “faz bom tempo” (sem meter as mãos no fogo). O tempo é algo a que os açorianos dão muita importância. Dependem dele para fazer as suas vidas. Se o mar estiver muito bravo, os barcos não podem sair. Se houver muito nevoeiro e os ventos forem adversos, não há ‘Taps’ nem ‘Satas’ para ninguém (já me aconteceu). Mas se assim não fosse, os Açores não teriam aquele verde brilhante que não existe em mais nenhum outro lugar do mundo.
(e o verde do Faial é o mais bonito das 9 ilhas)

25 de janeiro de 2007

Caricato

Hoje tive uma reunião no serviço que foi, no mínimo, caricata. Estamos a fazer um inquérito aos açorianos que regressaram dos seus destinos de emigração. E o problema é este: estamos com dificuldade em cumprir o prazo que nos deram para concluir o estudo porque os funcionários não estão a conseguir fazer muitos inquéritos por dia. O motivo?
Quando lhes batem à porta, as pessoas convidam os funcionários para sentar, lanchar, mostram as divisões todas da casa, o quintal, a adega, convidam para beber um copo, partilham fotografias, etc.
Perante isto, não pude deixar de me oferecer para ajudar a fazer uns inquéritos...

Dia dos Amigos

Hoje, por todo o arquipélago, celebra-se o “dia dos amigos”. Como manda a tradição, hoje os homens vão todos jantar fora (sem mulheres, atenção!) e trocam presentes. O meu marido enviou-me agora uma mensagem a dizer que mais logo vai às codornizes com os amigos.
(“Codornizes”? Mas o que é que aconteceu com este continental em tão pouco tempo?)

A propósito do aborto

Foi das primeiras amigas que fiz na ilha. Recordo-me que engravidámos as duas na mesma altura. Dias depois de eu ter recebido a notícia de que ía ser mãe, o teste dela também deu positivo. Foi o acontecimento daquele início de ano (2005)! A partir daí, passámos a partilhar cada enjoo, cada indisposição e comparávamos o tamanho das barrigas (ao despique). A dela notava-se mais do que a minha. No dia da consulta das 12 semanas, ela recebeu uma triste notícia. O coração do bebé tinha parado de bater. Acabou por abortar espontaneamente. Acompanhei de perto a dor e o desgosto daquele casal. Não posso esquecer a expressão dela quando a visitei no recobro. Demos as mãos, trocámos algumas palavras de consolo e depois vim chorar para o corredor do hospital. Durante o resto da minha gravidez, ela olhava muitas vezes para a minha barriga e ficava em silêncio. Já depois do meu filho nascer, dei por ela, algumas vezes, a acarinhá-lo, emocionada.
Hoje, tenho a mesa do meu serviço cheia de trabalho: o meu e o dela. É que ela está em casa, de 39 semanas e tal… Vai ter uma menina, como era seu desejo. Que Deus te abençoe, minha amiga! Não vejo a hora de ver a tua bebé!

24 de janeiro de 2007

Mais um

"Hoje está outro dia triste"
"Os dias só são tristes se nós quisermos!"
(Tens toda a razão, querido)

Ai, se eu pudesse não trabalhar...

Agora deu em fazer beicinho quando o deixamos na ama.
É de cortar o coração...

23 de janeiro de 2007

Só no Faial!

Estava a chover muito, chamei um táxi. Quando chegámos à porta de casa, pedi ao taxista para esperar um bocadinho, para eu ir a casa buscar dinheiro.
Resposta: "A senhora nem pense voltar debaixo desta chuva só para me pagar! Vá para casa descansada!"
Eu: "Mas, mas..."
Taxista (sem me dar espaço para continuar a falar): "Um dia destes, se precisar de um táxi, chama-me e paga-me esta corrida."
Eu:"Mas... quanto é que eu fico a dever ao senhor?"
Taxista: "São € 4,50. Vá descansada!!"
(João Miguel, Táxi nº 24: quando vierem ao Faial, chamem por ele)

21 de janeiro de 2007

Meus rapazainhes

Choque de gerações

Hoje, no final do culto, enquanto as pessoas de despediam umas das outras, fixei a minha atenção num menino que brincava sozinho no tapete grande, em frente ao púlpito. Ele devia estar a imaginar-se num combate de luta livre, pois fazia os gestos e os sons de quem se encontrava num árduo combate. De repente, caiu no chão, de barriga para baixo, vencido. Não se levantou mais. Aproximei-me dele e disse-lhe: "Bem, Luís, levaste cá uma sova!" e ele respondeu-me assim: "Não foi uma sova, fui electrocutado!".

Charme

A ama do nosso filho ensinou-o a dar um beijinho na sua própria mão e depois a enviá-lo pelo ar. E ele adora fazer essa nova habilidade às meninas da caixa do híper (suas fãs)!

20 de janeiro de 2007

Obra completa

Aquela mulher tinha uma família estruturada, que gostava imenso dela, mas não era completamente feliz. Não é que fosse feia, mas tinha uma aparência muito desgastada pelos anos. Foi a um programa da TV e ficou como nova. Impressionante. Tocou-me, especialmente, vê-la a chorar de emoção quando o dentista lhe mostrou ao espelho o seu novo sorriso. Ela que até há bem pouco tempo evitava abrir a boca com vergonha pela falta de alguns dentes. Aquela mulher jamais teria dinheiro para pagar um trabalho daqueles. Sei que pode parecer piroso dizer isto, mas emocionou-me mesmo ver a expressão de felicidade da senhora.
Às vezes faltam-nos concretizar pequenos pormenores (pequenos sonhos) para sermos completamente felizes. E Deus não está alheio a isso. Deus não quer apenas dar-nos a Salvação, Ele quer fazer uma obra completa de restauração da nossa vida.
Têm chegado até à nossa igreja pessoas com um desejo imenso de conhecer Jesus. E tem estado a acontecer uma coisa muito interessante. Depois dessas pessoas receberem a Salvação, Deus tem-lhes estado a dar aquilo que elas até já tinham perdido a esperança de vir um dia a alcançar. Por exemplo, vi Deus a dar dois noivos a duas senhoras que, por já terem filhos de outros relacionamentos, achavam que ía ser muito difícil alguém se interessar por elas. Vi Deus a reconciliar um casal separado. E tantas outras coisas. Para mim, isto são “sinais, prodígios e maravilhas”, obra de um Deus muito bom e cheio de amor por nós.

19 de janeiro de 2007

Já desisti...

... de andar sempre a apanhar e a estender a mesma roupa.
Nos meus primeiros tempos de Faial, passava a vida numa correria a caminho do estendal. Chegava a estender a mesma roupa diversas vezes por dia, tentando (desesperadamente) escapar das chuvadas constantes. E era sempre quando a roupa estava mesmo quase sequinha que caía aquela tromba d'água que me deixava com pele de galinha de tantos nervos que sentia.
Com o tempo percebi que não valia a pena andar naquele stress todo. Não há como fugir do inevitável. Todo o bom açoriano lava a sua roupa quatro e cinco vezes (uma vez pela máquina da roupa e as restantes pela chuva).

18 de janeiro de 2007

Sem Abrigo

Carro novo, amigos novos

Uns amigos nossos compraram um Yaris azul que era de outro habitante da ilha. Durante meses, receberam acenos e sinais de luzes de pessoas que não conheciam de lado nenhum.

17 de janeiro de 2007

Ok

Eu: “Sabes, querido, a minha mãe disse-me que custa mais cuidar de um filho sozinho do que de dois filhos.”
Ele: (silêncio)
Eu: “… e eu fiquei a pensar nisto.”
Ele: “Então, podes continuar a pensar durante uns bons tempos!”

16 de janeiro de 2007

Tudo pára

Tudo pára quando o nosso filho adoece.
Nunca o tínhamos visto tão em baixo. Foi a primeira vez que teve de tomar antibiótico.
Mas, ao fim de quase oito dias, hoje já dançou o ragga des pingouins. Que amanhã possa ser o último dia de baixa.

10 de janeiro de 2007

Não foi por acaso

Queríamos ter marcado a nossa viagem de regresso de férias para o dia 2 de Janeiro, mas como o vôo estava lotado, marcaram-nos para o dia 3 e ficámos em lista de espera para o dia 2. Durante as férias, ligaram-nos para o continente a dizer que nos tinham arranjado lugar para o dia 2. O meu marido pediu à senhora que lhe telefonava para aguardar, baixou o telemóvel e perguntou-me se eu sempre queria voltar no dia 2 ou se preferia manter o dia 3. Como a vontade de ficar mais um dia com a família era muita e como eu ainda tinha um dia de folga para gozar, decidimos manter o dia 3. Fizemos uma viagem tranquila, sem turbulência, e aterrámos num Faial repleto de sol.
Quando cheguei a casa, o meu telemóvel tocou. Era uma amiga açoriana preocupada com a nossa viagem. É que, no dia anterior, os vôos para Faial e Pico tinham "apanhado pancadaria por aí abaixo", como se diz por aqui. Neste vôo, algumas pessoas sairam do avião de maca. Num outro, que aterrou na Horta, as pessoas vieram a gritar desde a descida de São Jorge.
Imagino o que seria passar por uma coisa dessas com o meu filho no colo. Obrigada, meu Deus, por nos teres protegido!

O 6º dente

Incisivo lateral esquerdo, seu desgraçado! Há duas noites que não me deixas dormir. Por tua causa, ando completamente zombi no meu emprego. Os cinco dentes anteriores portaram-se tão bem e tu tiveste de fazer este festival todo. Tás marcado comigo!

9 de janeiro de 2007

Pensamento

Numa altura em que se fala tanto acerca da legitimidade da mulher determinar o fim de uma vida que traz dentro de si, o meu pensamento vai para as mulheres que vivem o drama de não conseguir engravidar e também para aquelas que passaram pelo desgosto de perder uma gravidez, involuntariamente. Essas mulheres é que merecem toda a nossa atenção e apoio.

7 de janeiro de 2007

"O brinquedo"

Os bons brinquedos nem sempre são os mais caros ou os que estão na moda. Os brinquedos preferidos do nosso filho são colheres de pau, garrafões de água de 5lt (vazios) e o comando da tv. O "brinquedo" da foto é um enxugador de alface, da Tupperware, que ele descobriu no armário da cozinha da minha mãe. Recordo-me que este "brinquedo" fez as minhas delícias (e dos meus irmãos) quando crianças. A técnica era esta: rodávamos o manípulo a toda a velocidade e depois tirávamos a tampa (em andamento) para vermos a salada à roda e à roda! Espectacular. A minha avó paterna ofereceu um exemplar a cada neto. Hoje é o bisneto quem lhe dá uso.

6 de janeiro de 2007

A televisão no seu estado puro

Uma das coisas mais deliciosas que viemos descobrir neste lugar chama-se "RTP Açores". Os continentais não sabem o que estão a perder! No início achavamos estranho chegar a certos cafés ou às casas de pessoas amigas e a TV estar na RTP Açores. "Como é que eles têm paciência para ver este canal?", pensavamos. Com o passar do tempo, fomos descobrindo a RTP Açores e a importância que ela tem quer para os açorianos das 9 ilhas, quer para os açorianos espalhados pelo mundo.
Só para vos dar um cheirinho daquilo que é este canal, digo-vos que tem um programa da manhã (que repetem à tarde) com notícias dadas por um apresentador com um sotaque entranhadíssimo de São Miguel. É um canal familiar, com pouco ritmo, mas informativo e interessante. Recordo o directo que fizeram acerca da inauguração do novo parque de campismo dos Biscoitos, em que anunciavam que quem lá fosse ganhava um pão de massa e uma garrafinha. Encantador.

4 de janeiro de 2007

Até daqui a uns (bons) meses...

Uma das coisas mais difíceis que temos experimentado desde que viemos viver para os Açores é o regresso de férias. Custa muito despedirmo-nos da família. E esta dificuldade acentua-se cada vez mais, desde que temos o nosso filho. É uma "maldade" muito grande deixar os nossos pais e irmãos do outro lado do oceano, mas é uma maldade ainda maior manter um neto do lado de cá. Na hora da despedida, as lágrimas são sempre inevitáveis. "Quando é que voltam agora?", é a pergunta que fica no ar. E isto é tão difícil de digerir que, por momentos, somos levados a pensar se valerá a pena pagar um preço tão alto.
Mas a resposta vem logo de seguida. Não viemos para aqui para ter uma vida melhor, nem mais fácil. Viemos porque Deus nos trouxe. Viemos porque Deus ama estas pessoas de sotaque estranho e quer dar-lhes uma vida melhor. Mas Deus é tão bom que nos tem dado mesmo uma vida muito melhor, neste lugar. Temos sido tão felizes e abençoados, que as dificuldades acabam por tornar-se perfeitamente suportáveis.
(Obrigada papás, mamãs, manas e mano, cunhados e sobrinha, tios e primos, pelo amor que nos deram durante estes dias. Que Deus vos abençoe a todos)