25 de janeiro de 2007

A propósito do aborto

Foi das primeiras amigas que fiz na ilha. Recordo-me que engravidámos as duas na mesma altura. Dias depois de eu ter recebido a notícia de que ía ser mãe, o teste dela também deu positivo. Foi o acontecimento daquele início de ano (2005)! A partir daí, passámos a partilhar cada enjoo, cada indisposição e comparávamos o tamanho das barrigas (ao despique). A dela notava-se mais do que a minha. No dia da consulta das 12 semanas, ela recebeu uma triste notícia. O coração do bebé tinha parado de bater. Acabou por abortar espontaneamente. Acompanhei de perto a dor e o desgosto daquele casal. Não posso esquecer a expressão dela quando a visitei no recobro. Demos as mãos, trocámos algumas palavras de consolo e depois vim chorar para o corredor do hospital. Durante o resto da minha gravidez, ela olhava muitas vezes para a minha barriga e ficava em silêncio. Já depois do meu filho nascer, dei por ela, algumas vezes, a acarinhá-lo, emocionada.
Hoje, tenho a mesa do meu serviço cheia de trabalho: o meu e o dela. É que ela está em casa, de 39 semanas e tal… Vai ter uma menina, como era seu desejo. Que Deus te abençoe, minha amiga! Não vejo a hora de ver a tua bebé!

2 comentários:

Ana Rute Oliveira Cavaco disse...

que bom!

Anónimo disse...

É assim... quando uns não querem, estão outros chorando...!
Felicidades para ela.