Depois de mais um dia difícil a nível de emoções, o meu marido convidou-nos (a mim e ao mais pequenino) a dar uma caminhada junto ao mar. Eram já umas nove e tal da noite. Como de costume, é praticamente impossível não encontrarmos ninguém conhecido quando saímos à rua. Desta vez, encontrámos um rapaz, açoriano, na casa dos trinta, que é muito amigo do Natanael. Estava visivelmente abalado com tudo o que se está a passar. Disse-nos que o amigo lhe falava muitas vezes acerca das diferenças entre a sua religião e a religião católica, nomeadamente acerca dos santos e das procissões. Disse-nos que, desde há cerca de cinco anos, a tradição católica deixou de fazer sentido para si. Confessou ter muita vontade de ir à nossa igreja, mas está consciente que se entrar dentro da igreja evangélica, o seu pai vai saber disso nesse mesmo dia. A certa altura, disse estas palavras ao meu marido: “O senhor desculpe não o tratar por “pastor”, como toda a gente o trata, mas, para mim o senhor é essencialmente uma pessoa amiga. E eu quero dizer ao senhor que se eu for à sua igreja, e gostar do que vir, e quiser lá continuar, vou perder a minha família toda.” E continuou: “Eu tenho alguns amigos que são da sua igreja e, das duas uma, ou eles estão todos malucos ou então sou eu que estou maluco. Por isso, diga-me a que horas é a missa, porque eu quero mesmo lá ir.”
(Domingo, esperamos por ti, açoriano.)