31 de dezembro de 2007

2007/2008

O ano de 2007 foi o terceiro que passámos nos Açores. Como o tempo passa a correr... Ao olhar para trás, concluo que foi um ano de lutas profundas, mas também de vitórias tremendas. Só mesmo pela graça de Deus! Olhando para as fotografias deste ano, há duas que tocam-me profundamente: a porta para o apartamento por cima do templo da igreja e as escadas da entrada para o 1º andar. A primeira foto marca o milagre que Deus operou em 2007, disponibilizando aquele espaço à igreja da Horta, como resposta às orações dos Seus filhos. A foto das escadas para o andar de cima representa o futuro. Deus "estendeu as nossas tendas". Acredito profundamente que tudo isto é o começo de algo maravilhoso que Deus quer fazer neste lugar. Não sei se isso acontecerá enquanto aqui estivermos a servir ou se com os nossos sucessores. Mas a visão tem de ser esta: subir, crescer, construir, melhorar.
E 2008 já está nas Tuas mãos, Pai! Faz o teu querer.

29 de dezembro de 2007

Bernardo

Faz-me um pouco de confusão que muitas pessoas se refiram ao bebé que trago na barriga como sendo uma menina. Parece mesmo que já é um facto assente para muita gente. Não é que eu não gostasse de ter uma menina. Para mim é tão bom uma menina como um menino. Mas, não consigo sentir paz em tratar o bebé por "ela" antes de fazer a próxima ecografia. Também eu fui um "segundo filho" e durante nove meses fui um "Bernardo" assumido por todos. Até que o dia 12 de Setembro veio revelar que, afinal, os meus pais tinham era mais outro exemplar do sexo feminino...

27 de dezembro de 2007

A multiplicação dos cabazes

O objectivo era conseguirmos fazer, pelo menos, quatro cabazes de Natal. Todas as semanas, os irmãos da igreja foram ofertando, aos poucos, os alimentos para os cabazes. Farinha, arroz, massas, óleo, azeite, feijão, grão, batatas, açúcar, frutos secos e em calda, bacalhau, bolachas, chocolates, bolos, entre outras coisas. No final, conseguimos completar oito cabazes de Natal, fruto da generosidade dos irmãos. Com este gesto, o Natal de oito famílias foi um pouco mais feliz e o amor de Jesus foi manifesto em cada cabaz entregue.

Recordação

No ano passado, por esta altura, estávamos no Continente a passar as Festas junto da nossa família. Quando regressámos aos Açores, no início de Janeiro, um irmão da nossa igreja disse-nos o seguinte: “O nosso culto de passagem do ano foi muito bom, mas sem vocês não é a mesma coisa. Vocês fazem aqui muita falta.” Não podia imaginar que, este ano, seríamos nós a ter este mesmo sentimento por aquele irmão. Não porque ele se tenha ausentado em viagem, mas porque foi viver definitivamente para junto do Pai. Recordo também o dia em que nos mudámos para a nossa actual casa. A última descarga da mudança foi já perto da meia-noite. Esse irmão, que na altura passou a ser nosso vizinho, veio ajudar-nos a descarregar a carrinha e, quando se apercebeu de que íamos dormir no chão, disse: “O Pastor não vai dormir no chão!” Pegou numa chave de fendas e montou-nos a cama num instante. Não o recordamos com pesar, pois sabemos que está num lugar muito melhor do que esta paradisíaca ilha. Recordamo-lo apenas com saudades e com muita alegria por saber que partiu com o Senhor.
(Em memória do nosso querido irmão Natanael Cubas Siqueira)

Um Natal diferente

Este foi o primeiro Natal que passámos longe da nossa família e da nossa terra. Foi também a primeira vez que preparei uma Ceia de Natal (uma aventura). As deslocações ao Continente são puxadíssimas e com a família a aumentar torna-se cada vez mais complicado. Não é nada fácil passar esta quadra longe dos nossos. As prendas que trocávamos em mãos, este ano assumiram a forma de caixa postal. Ainda assim, foi um Natal muito feliz, passado junto da nossa outra família (a família açoriana) e, acima de tudo, Daquele que é o motivo desta Festa: Jesus.
(Um abraço muito apertado, cheio de saudades para a nossa família)

Cada vez mais açoriano

Passa um autocarro e eu digo: “Olha, fillho, um autocarro!”
Resposta: “Não é um ‘tócarro!”
Eu: “Ai não? Então, o que é?”
Resposta: “Uma urbana!”
(Por aqui, diz-se “urbana” em vez de autocarro)

25 de dezembro de 2007

Adolescentes

Este foi o ano do começo do ministério com os adolescentes. O jantar de Natal foi na passada 6ªfeira, na nossa casa. Foi um serão muito abençoado, em que pudemos agradecer a Deus pelo que aconteceu durante este ano e pedir-Lhe que continue a fazer este trabalho crescer no próximo ano. Os adolescentes são, sem dúvida, uma das grandes bênçãos de 2007 e louvamos muito a Deus por isso!
(Um abraço grande para todos)

Natal

Natal é Deus connosco!
Um Santo Natal para todos

21 de dezembro de 2007

A vida por um fio

Na minha primeira gravidez sofri um grande susto. Nesta gravidez, voltei a passar pelo mesmo, mas com uma diferença: desta vez, temi mesmo pela minha vida. Nunca tinha sentido que poderia perder a vida de uma forma tão real. Tudo aconteceu neste fim-de-semana. Fui a uma reunião de trabalho, noutra ilha. Éramos para regressar da parte da tarde do dia seguinte, mas as previsões de mau tempo fizeram-nos antecipar o regresso para a parte da manhã. Não nos valeu de nada. Alguns minutos depois de termos levantado vôo, o avião apanhou um conjunto de poços de ar seguidos e perdeu o controlo. Começámos a cair, a cair, a cair… Lembro-me de desapertar os botões do casaco, respirar fundo, apertar as mãos geladas com força, fechar os olhos e pedir socorro ao Senhor. Uma colega gritava assustada: “É desta! É desta!”. Os gritos dos passageiros ainda estão bem presentes na minha memória. Aqueles minutos pareceram-me horas. Não havia meio do avião se controlar! Até que o piloto avistou uma aberta e furou as nuvens, voando a uma altitude mais baixa. Antes de aterrarmos, ainda apanhámos ventos cruzados, mas o avião lá conseguiu travar na pista da Horta. Saímos brancos daquela “Sata”. Enquanto esperava pelas malas, ainda me tremiam as mãos. Mais uma vez, Deus cuidou de mim e pude sentir a Sua protecção de perto. Ele é o Deus a quem até os ventos obedecem! Obrigada por mais este livramento, Pai.

Mais uma lição

Hoje de manhã, quando saímos todos de carro, o nosso filho disse-nos que queria ir para a igreja connosco, em vez de ir para a ama. Expliquei-lhe que hoje não era dia de igreja e que eu tinha de ir trabalhar para lhe poder comprar algumas prendas. Ao ouvir esta explicação, fez-me a seguinte pergunta: “Prendas para pôr na Árvore de Natal?”. Disse-lhe que sim, confiante de que este argumento o vencesse. Porém, de imediato, deu-me esta resposta: “A Árvore já tem prendas!”
Fiquei a pensar nisto o resto do dia… A nossa árvore tem apenas duas pequenas prendas (as restantes estão guardadas num sítio que ele não sabe), mas para o nosso filho aquelas duas prendas são o suficiente.

Momentos

Depois de já o ter avisado uma série de vezes de que não deveria fazer uma determinada coisa, o meu filho voltou a repetir a asneira. Assim que o fez, chamou-me para eu ver. Respirei fundo e dei-lhe uma valente repreensão. Quando acabei, ele olhou para mim com um ar muito meigo e, compreendendo que eu tive uma paciência de elástico para com ele, disse-me carinhosamente: “Mamã, tu és boa!”
(sem palavras)

24

Parece que foi ontem que te tiramos esta brutal fotografia, numa manhã de "tubos" gigantescos, na rebentação da praia da Foz. O que eu me ria contigo e com as tuas brincadeiras doidas de pseudo body-boarder. Fizeste 24 anos, "Stallossos"! Mais um aniversário que passo longe de ti, com um mar imenso a impedir que te dê aquele abraço de mana velha babada. Parabéns, meu tesouro! És motivo de orgulho para mim e para toda a família pela pessoa linda que és. E que Deus continue sempre a fazer prosperar o teu caminho!

20 de dezembro de 2007

Faial...

Um ministério muito abençoado, mas um ministério regado com lágrimas.

14 de dezembro de 2007

Mais delícias dos Açores...

Polvo no forno à moda dos Açores (leva canela..)
Queijo de S. João, da Ilha do Pico

Massa sovada

Linguiça com inhames

Bolo de Natal

Feijão no forno à moda do Faial

Tudo começa com um refogado com cebola, alho e linguiça açoriana às rodelas. Junta-se a carne (entrecosto) cortada aos cubos e deixa-se cozinhar até ficar dourada. Junta-se tomate, vinho, massa de malagueta, cravinho, pimenta, e canela. Enquanto se deixa a carne cozinhar, vai-se juntando água, pois deve ficar com algum caldo. Quando a carne estiver bem tenrinha, mistura-se o feijão branco já cozido. Despeja-se tudo num recipiente de ir ao forno, previamente untado com melaço. Leva-se ao forno durante meia hora, até ficar com um aspecto caramelizado.
(De comer e chorar por mais...)

10 de dezembro de 2007

A "tataúga"

(É talvez uma das coisas do Continente de que ele sente mais saudades)

Dois quilos

Durante um dia e meio, o meu filho referiu por diversas vezes esta expressão: "dois quilos". Achei piada ao facto de estar a falar pela primeira em pesos. "Onde é que ele terá ouvido isto?" - pensei eu. Até que ele apontou para o computador e pediu, já desesperado, para ver o filme dos "dois quilos"! Foi então que se fez luz e compreendi o que me estava a pedir. Os "dois quilos" eram isto.

6 de dezembro de 2007

Apanhados RTP Açores

Retalhos da cultura católica açoriana

Apesar de não ser muito do meu feitio, já me habituei a conversar com aquelas pessoas que gostam muito de falar enquanto aguardam uma consulta médica. Hoje, calhou-me uma senhora do Pico. Veio fazer um doloroso exame ao estômago. Disse-me que preferia não pensar muito no que poderá ter de mal dentro de si e, em vez disso, agarra-se muito a Deus. "Antes de vir para aqui até prometi uma graça" - contou-me. "Uma graça" é um género de promessa que funciona do seguinte modo: se tudo correr bem com o exame, ela vai dar a alguém uma "oferta branca", que pode ser leite, pão, farinha, enfim, algo "branco". Se o exame correr mal, não vai dar nada.

Bom serviço público

Hoje, de manhã, fomos com o nosso filho a uma consulta de pediatria, no Hospital. Enquanto aguardávamos na sala de espera, passou uma funcionária a empurrar um carrinho que transportava café e leite quente, chá, bolachas doces e bolachas de água e sal. E, delicadamente, ía perguntando a todas as pessoas que ali estavam se eram servidas - gratuitamente - daquele pequeno almoço.
(Vivam as ilhas!)

Prémios

Os meus queridos amigos Alberto, Alê e os adolescentes da IBON, presentearam-me com dois prémios de uma vez só: Escritores da Liberdade e Blog Cabeça. É sempre bom receber estes prémios e saber do vosso apreço pelas coisas que aqui vou escrevendo. Obrigada, amigos! Cabe-me agora entregar estes dois prémios a outros blogs. Desta vez, vou entregá-los a um blog que tenho vindo a acompanhar desde há um ano e de que gosto muito: o Canto do Jo. Um canto muito edificante e que vale a pena visitar!

4 de dezembro de 2007

Haja imaginação - parte 2

Ainda a respeito dos brinquedos para o Natal, ontem vi um anúncio que me surpreendeu completamente: uma pista de carros para meninas. Nunca tinha pensado em tal coisa! Mas há um pormenor neste brinquedo que o distingue das comuns pistas dos rapazes: tem um shopping incluído. Trata-se da pista da Polly Pocket "Corrida ao Centro Comercial". Nesta perspectiva, já consigo imaginar que as meninas possam gostar de receber uma pista de carros. Então, se se tratar de um centro comercial como este em S. João da Madeira, parece-me que será a escolha certa para este Natal.
(Haja mesmo imaginação...)

Mais um dia...

Previsão para hoje do Instituto de Meteorologia:
Grupo Central: "Períodos de chuva, que poderá ser forte durante a madrugada, passando a aguaceiros. Vento sudoeste muito fresco a forte (40/65 km/h), soprando temporariamente muito forte (65/75km/h), com rajadas até 90 km/h, rodando para oeste e tornando-se gradualmente moderado (20/30 km/h). Estado do mar: mar grosso a alteroso ou tempestuoso, tornando-se cavado. Ondas sudoeste de 4 metros, passando a oeste."
(Estes adjectivos fazem-me cá umas cócegas...)

30 de novembro de 2007

Haja imaginação!

O Natal está à porta e os anúncios de brinquedos já invadiram completamente os espaços publicitários da TV, em especial nos canais infantis. Como tantas outras mães deste país, a televisão da minha casa passa grande parte do tempo ligada no Panda e, à conta disso, tenho estado atenta aos spots que vão passando, nomeadamente os de brinquedos para rapazes. Toda a gente sabe que os brinquedos dos rapazes são intragáveis: carros, motas, camiões, bonecos feiosos meio-humanos/meio-animais, etc. Mas há um brinquedo que eu ainda não consegui compreender. Chama-se "T-Rex, da Hot Wheels: o dinossauro que come e cospe carros". Mas o que é isto?
(Haja imaginação...)

Cozinheiras da madrugada

Aos 30 anos, com família constituída, envolvida no ministério, com um emprego exigente e uma casa sem empregada doméstica, compreendi finalmente a razão do soar das varinhas mágicas e das panelas de pressão das minhas vizinhas às oito da manhã (o que, em miúda, fazia-me uma tremenda confusão...). Hoje também já faço parte do clube das cozinheiras da madrugada.

29 de novembro de 2007

Ainda não consigo entender...

...como é que as vacas açorianas não rebolam pelas encostas abaixo.

Palavras de pescador

"Aqui nos Açores não se pesca com rede. Pesca-se com anzol. E cada peixe que se consegue apanhar equivale a duzentos peixes pescados noutro lugar."
(Palavras do meu marido numa conversa a respeito do que é ser missionário nos Açores)

27 de novembro de 2007

Ser grato

Desde que o nosso filho começou a orar às refeições, temos agradecido a Deus por coisas pelas quais nunca tínhamos orado antes. Há dias, levou-nos a agradecer por uma salsicha (ele vai a estes pormenores).
Bem que Jesus disse para sermos como as crianças. Tão bons exemplos podemos tirar das mesmas!
(Obrigada, filhote)

Terra de partidas

No domingo passado despedimo-nos de mais uma irmã. Como tantos outros, veio do Brasil com o objectivo de passar uma temporada nos Açores para conseguir juntar algum dinheiro para si e para os seus 3 filhos que ficaram no Brasil. Um ano e sete meses foi o tempo que esteve entre nós. O curioso desta história de vida foi o facto de ter vindo de um país repleto de evangélicos para aceitar Jesus como seu Salvador e ser baptizada numa pequena ilha católica. Fico muitas vezes pasmada com a forma como Deus trabalha na vida das pessoas. Mais do que uma conta bancária recheada, esta irmã acumulou “tesouros no Céu”. Louvado seja o Senhor!
(Até um dia...)

Pormenores

Ao contrário do que acontece no Continente, aqui são as igrejas que ficam todas iluminadas pela noite dentro, enquanto que o comércio fecha às 18h.

Boa gente

Uma amiga açoriana contou-me que no dia do seu casamento, chamou um táxi para a levar ao Registo Civil. Quando o taxista chegou junto dela e deparou com uma noiva, ficou muito emocionado. Pediu-lhe desculpa por não estar vestido à altura do acontecimento e, no final, não lhe cobrou a corrida, fazendo votos de muitas felicidades.

22 de novembro de 2007

O helicóptero

Antes de virmos viver para os Açores, o som de um helicóptero era algo que nos era indeferente. Hoje não é assim. Sempre que ouvimos um helicóptero sentimos aquele desconforto semelhante ao de quem ouve uma ambulância passar. O helicóptero é sinónimo de alguém que está em aflição e que precisa de ser urgentemente evacuado para um hospital maior, na Ilha da Terceira ou em São Miguel. Há dias, ouvimo-lo chegar de madrugada. No dia seguinte, toda a gente comentava esse facto e questionavam-se sobre quem teria sido levado no helicóptero. Tinha sido uma bebé de poucos meses. Conheço alguns casos de pessoas que foram evacuadas. Um deles foi uma rapariga cujo parto se complicou e que tanto ela como o bebé teriam morrido na ilha se não tivessem sido levados para São Miguel.
Acho que mesmo que um dia o Senhor nos leve para fora da ilha, o som de um helicóptero nunca mais me vai ser indiferente.

Hajam molas!

Depois de vários dias seguidos de chuva, fez um dia de vento (MUITO vento). Menos mal. Olho pela janela e pondero se vou ou não estender roupa. A agressividade dos ventos fazem-me não arriscar. Constato, porém, que a minha vizinha, provavelmente em desespero de causa, foi mais corajosa do que eu e encheu o seu estendal de roupa. Sete molas prendem uma camisa e quinze molas um par de calças de ganga!! Começo a fazer contas às minhas molas e concluo que, seguindo esta média, só iria conseguir estender uma meia dúzia de peças.
(Fica para amanhã...ou depois...)

21 de novembro de 2007

Jonas vs Viky

Há quem entenda que Jonas foi engolido por uma baleia. Outros há que entendem que não se tratava de uma baleia, mas sim um "peixe grande". Na Igreja da Amadora havia até um menino que achava que quem engoliu Jonas foi um "atum". Agora, pela mão do meu filho, que recebeu há dias o livro "Joanas e a Baleia", surge uma nova tese: quem engoliu Jonas foi o "Viky"! E não adianta tentarmos demovê-lo desta ideia, explicando que era uma baleia ou um peixe grande, pois está convencidíssimo que foi o "Viky".
(Teólogos de todo o mundo: a discussão volta a estar em aberto.)

20 de novembro de 2007

19 de novembro de 2007

Festa no Céu

Começou a frequentar a nossa igreja em Fevereiro deste ano, a convite de uma amiga. Foi uma das senhoras que esteve presente neste jantar de amigas. Comentava muitas vezes connosco que ouvir a Palavra de Deus transmitia-lhe um bem-estar interior muito grande. Meses depois, dizia-nos que, para além do bem-estar interior, já sentia até como que um vazio, nos dias em que não podia ir à igreja pelo facto de trabalhar por turnos. Faltava-lhe, no entanto, coragem para assumir um compromisso com Deus. Cheguei-lhe a dizer algumas vezes que tudo tem o seu tempo certo e que haveria de chegar o dia em que ela iria sentir-se preparada. Quando regressámos do Continente, veio ter com o meu marido e, num misto de felicidade e acanhamento, confessou que a convidaram para um culto na Assembleia de Deus, em que esteve presente um pregador americano que estava de visita aos Açores, e nesse culto entregou a sua vida ao Senhor. Estava um pouco preocupada porque sempre ouviu a Palavra de Deus na Baptista, sendo nesta igreja que quer continuar, mas converteu-se na Assembleia. Ao perceber a nossa imensa alegria por ter tomado a decisão de seguir a Jesus, rapidamente compreendeu que a denominação em que tomou a decisão não era problema absolutamente nenhum. "Nós não somos os donos da Salvação", disse o meu marido. E é verdade. Deus faz como quer, quando quer e usa quem quer para cumprir os seus propósitos. Damos graças a Deus pela Assembleia de Deus e pelo ministério que desenvolvem aqui na ilha, algumas vezes, até em parceria connosco. Afinal de contas, o mais importante é que voltou a haver mais uma festa no Céu por causa de uma açoriana!
(E, pelo Faial, já foram 12 festas em 2007. Louvado seja o Senhor!)

16 de novembro de 2007

Dois pensamentos

Enquanto passeava pelas ruas do Continente, absorvia todo aquele ambiente urbano, olhava encantada para as muitas montras do comércio, apreciava o movimento, os automóveis, os prédios... Ao mesmo tempo, sentia em mim os abraços e beijos dos meus pais e irmãos, com quem tinha acabado de estar... E nisto, tive este pensamento:"Eu sou daqui, este é o meu lugar." Mas, logo a seguir, tive um outro pensamento: "Não, eu não sou daqui. Eu sou do Céu. Isto é uma passagem."
(Obrigada por me lembrares onde é a minha casa, Pai. E que, enquanto eu estiver por aqui, o meu lugar possa ser sempre aquele para onde me chamares. Apesar de ser difícil.)

No avião

Pela 1ª vez, o meu filho teve direito a um lugar só para ele no avião e a comer uma refeição (pois já paga meio bilhete...). Chegada a hora da refeição, a hospedeira trouxe-lhe a comida (as crianças são servidas em 1º lugar) e perguntou-lhe carinhosamente:"O que é que queres beber?". Ele espreita para as várias garrafas de bebidas que estavam no carrinho da hospedeira e responde muito convicto: "Có-có-ló-la!" (Coca-Cola). A hospedeira, perdida de riso, pergunta-lhe: "Mas tu já bebes Coca-Cola?" E ele responde muito ávido: "Xim!"
(E assim foi:)

12 de novembro de 2007

Já não vivo sem...

... desapertar o botão das calças quando me sento e voltar a apertá-lo quando me levanto.
(Calças de pré-mamã, já vos vi mais longe...)

Reflexos da educação paterna

À típica pergunta: "Preferes um menino ou uma menina?", o meu filho deu a inesperada resposta: "Ê qué um bebé benquica" (leia-se, "Eu quero um bebé do Benfica"). Isto, como quem diz: "O importante é que tenha saúde!"
(Enfim, homens...)

A República da Saudade

Vi esta designação num cartaz exposto na Associação Académica e achei-a adequadíssima a Coimbra: "República da Saudade" - cai-lhe como uma luva! Cheguei a Coimbra com 17 anos e um ar tão deslumbrado e inocente que fui praxada no primeiro instante. Já lá vão seis anos e tal que me despedi de Coimbra, com uma mão cheia de boas recordações. Voltar a Coimbra foi um presente caído do céu.
Na faculdade, tudo permanece intacto: o ambiente, os sons, os cheiros... só os estudantes é que me parecem agora todos muito novos e têm imensos portáteis. Outra diferença, foi espreitar para dentro de uma sala de aula e ver que o professor era um rapaz que foi meu colega de curso. Agora, no final das formações, tinha dois rapazainhes à minha espera, à porta da faculdade. Tinha também um/a outro/a filho/a que me acompanhou em todas as sessões. Muitas coisas mudaram... Coimbra, essa, está mais bonita, mais moderna, cheia de shoppings e novos espaços de lazer. Outra coisa importante a reter foi o facto da senhora do bar ainda me ter tratado por "menina" - foi, no mínimo, revigorante! Tenho muita gratidão para com Deus e para com os meus pais por me terem dado a oportunidade de ali viver e estudar. Foi bom rever-te, Coimbra!

10 de novembro de 2007

1 ano

E, entretanto, o Meus Rapazainhes fez um ano!
(Obrigada, Meggy, por me teres lembrado)

O Deus dos pormenores

Os últimos 5 meses foram esgotantes para nós. Trabalho intenso e algumas tribulações, hoje, graças a Deus, já ultrapassadas. Estavamos desesperados por uns dias de descanso, pois sabíamos que férias não conseguiríamos ter. Há poucas semanas atrás, o meu marido recebeu um convite para ir ao Continente participar numa conferência. Ficámos felizes, pois era uma oportunidade única e, pelo menos ele, iria poder estar uns dias com a família. Poucos dias antes da sua viagem, uma das minhas chefes perguntou-me se eu estaria interessada em ir a Coimbra fazer um curso, com a duração de uma semana. Fiquei felicíssima, pois o curso era na mesma semana em que o meu marido ía viajar. E, assim, lá fomos nós, com o nosso filho, usufruir de duas formações e ainda, apesar de por pouco tempo, rever os pais e os irmãos. Falta ainda contar que, apesar de nos terem pago as viagens, eu estava preocupada com o dinheiro que iríamos gastar no Continente. Mas até disso Deus cuidou. Não é que o Estado, de repente, lembrou-se de me pagar por dois trabalhos que eu fiz durante o meu estágio, há 4/5 anos atrás?
Que dizer sobre tudo isto? Fico sem palavras... Deus é bom, é amoroso em tudo o que faz (e de tudo cuida ao mais ínfimo pormenor).

26 de outubro de 2007

O "pai" do Panda

O meu filho está convencido que o jovem rapaz que aparece todos os dias a ensinar cozinhados na televisão é o pai do Panda. Não adianta tentarmos explicar-lhe que é apenas um amigo e que é muito novo para ser pai do Panda, ou que o pai do Panda é um panda grande e não um rapazinho. Para ele, o jovem de sotaque nortenho é o pai do panda e ponto final. E basta ouvir a música do "Panda cozinha" para que grite logo bem alto: "Olh'ó pai do panda!"

25 de outubro de 2007

Ainda me impressiona...

...a grandiosidade dos templos católicos face às demais construções.

Momentos 1

Encho a banheira de água e, antes de o meter no banho, corro para a cozinha para terminar uma tarefa que tinha ficado pendente.
Neste espaço de poucos segundos, ouço-o gritar:
- “Mamã, anda, anda!”
- “O que foi?”
- “Olha, o té-é-móvel, no banho!”
Corro, com o coração nas mãos, para a casa de banho. Pelo caminho, peço ao Senhor que não seja aquilo que eu estou a pensar, mas… tarde demais. Olho para a banheira e… lá está ele… o meu telemóvel novo… completamente imerso... snif, snif...

Momentos 2

Chego do trabalho cansadíssima e, como vem sendo habitual nestas últimas semanas, cheia de sono. Deito-me no sofá e começo a dormitar. De repente, sinto o meu rapazainhe pequeno a tapar-me com um saco-cama. Finjo estar a dormir profundamente. Ouço-o correr para o quarto e voltar logo de seguida. Segundos depois, sinto-o colocar o seu ursinho junto à minha cara.
(O meu bebé está a ficar tão crescido)

Momentos 3

Agora deu em fazer isto: à noite, deitamo-lo na cama, dizemos-lhe para dormir e ele fecha os olhos e começa a ressonar alto, para nós pensarmos que ele está num sono profundo.
(de partir a rir)

Momentos 4

Eu: “Vais ajudar a mamã a cuidar do bebé?”
Ele: “Xim”
Eu: “Vais pôr-lhe a chucha? Vais brincar com ele? E vais levá-lo para a tua tenda?”
Ele: “O bebé é hoje?” – pergunta esperançado e com os olhos a brilhar.
Eu: “Não, é só para o ano.”
Ele: “É pó ano” – repete conformado.

23 de outubro de 2007

Tácticas

O Verão já se foi e a chuva e o mau tempo parece que vieram para ficar. E o mau tempo nos Açores significa muito mais do que chuva e frio. Mau tempo inclui chuva contínua, ventos bem fortes, vagas que chegam a dar banho a quem passa na Avenida, viagens de lancha canceladas, vôos cancelados e, na parte que tanto me toca, a roupa que não se consegue secar! Tenho uma amiga açoriana que resolveu este problema com um estendal de roupa giratório (ideia do pai dela). O vento vai rodando o estendal e a secagem é muito mais rápida. O meu vizinho também teve uma ideia de mestre. Colocou uma barra de ferro no quintal, com uma enormidade de metros de altura, e a roupa seca lá nas alturas. Claro que tem de colocar uma média de três mil molas por peça de roupa, para que o vento não leve tudo pelos ares. Sim senhor, haja imaginação!

22 de outubro de 2007

Coisas boas dos Açores

Fui a uma consulta no dentista e paguei €50,00 por um tratamento. Levei o recibo do dentista à secção de reembolsos do Centro de Saúde e devolveram-me €46,46.
(Conseguem imaginar o meu "sorriso Colgate"?)

Acabar bem

Há um pensamento que me tem acompanhado nestes últimos tempos: “Melhor é o fim das coisas do que o princípio delas” (Eclesiastes 7:8). Tenho pensado nisto quando me lembro de algumas pessoas amigas que hoje estão desligadas da igreja e de Deus. Há pessoas que começam tão bem a sua caminhada com Deus e que, mais à frente, acabam por afastar-se completamente Dele. Por outro lado, lembro-me também de outras pessoas que tiveram um começo mau e um passado triste, mas que, a certa altura, entregaram-se completamente nas mãos de Deus e deixaram o Senhor fazer um trabalho tão bonito e profundo nas suas vidas, que o resultado final foi soberbo e bem notório aos olhos de todos aqueles que as acompanharam. Também há pessoas que ficam presas ao “bom começo” que um dia tiveram e nem se apercebem que hoje estão tão 'arrefecidas'... Outras, ficam presas às coisas más que lhes aconteceram no passado e não conseguem libertar-se disso. Pensando nisto tudo, só posso concluir que o meu maior desejo é acabar bem os meus dias. Não quero estar bem apenas hoje, mas peço a Deus que eu e todas essas pessoas que me pesam no coração, possamos um dia chegar todos juntos à presença de Deus.

19 de outubro de 2007

Pequeno dicionário do rapazainhe pequeno

Um "poixe"


Um "cuóão"


Um "cuórro"

Assim passo os meus dias...

Ora com enjôos, ora com sono (muito sono)...
(não há mesmo duas gravidezes iguais)

Bons momentos virtuais

Os adolescentes IBON indicaram os Meus Rapazainhes como um dos melhores momentos virtuais! Muito obrigada, queridos amigos, por partilharem virtualmente connosco estas histórias tão reais que temos tido o privilégio de viver aqui no meio do oceano.
O vosso blogue também tem sido dos melhores momentos virtuais que eu tenho tido, nestes últimos meses (ou seja, desde que eu vos descobri)!
Da minha parte, vou atribuir este certificado a todos os meus links, pois todos eles são merecedores deste destaque. Obrigada pela vossa escrita e pelas coisas que tenho aprendido convosco. Continuem!

18 de outubro de 2007

O primeiro amor

Ontem, ao final da tarde, quando passávamos na Avenida Marginal, a nossa atenção fixou-se na lancha que faz a ligação Pico-Faial. A força das ondas e dos ventos sacudia aquela frágil embarcação com tanta violência que sentimos muita pena das pessoas que íam a bordo. Depois disto, estacionámos o carro e fomos para a igreja. Dali a cerca de meia hora, entra na igreja um casal de novos crentes, com um sorriso de orelha a orelha. Aproximo-me deles para os cumprimentar e o homem diz-me: “Vim agora mesmo do trabalho. Estou a trabalhar no Pico e cheguei agora na lancha. A senhora desculpe, mas eu nem tive tempo de tomar banho. Estou muito feliz pelas bênçãos que Deus me tem dado e não podia deixar de vir ao culto para Lhe agradecer.” Eu, estupefacta com o que estava a ouvir, perguntei-lhe: “E como é que foi a viagem na lancha?” Resposta: “A lancha? Ah, abanou um bocadinho, nada de especial!”
Depois disto, fiquei a pensar nas palavras de Jesus quando disse em Apocalipse 2:4: “Tenho, porém, contra ti que abandonaste o teu primeiro amor”. Realmente, o primeiro amor não vê obstáculos nem dificuldades em nada. Tudo é pequeno e sem importância perante o Amado. Que grande lição de amor me deste, irmão.

15 de outubro de 2007

Problemas bons (continuação)

Há quinze dias atrás, quando cheguei à classe da escola bíblica dominical, deparei-me com um problema bom: os adolescentes estavam com dificuldade em conseguir sentar-se todos dentro da nossa pequena sala. Com algum esforço, lá acabaram por conseguir instalar-se, estilo “sardinha em lata”. Um dos adolescentes ficou mesmo sentado contra a porta de entrada da sala, impedindo assim que mais alguém pudesse entrar durante a lição. Na semana que se seguiu, o proprietário do edifício da igreja, com quem estamos em conversações para tentarmos adquirir o edifício, autorizou a igreja a usufruir gratuitamente do 1º andar, até fecharmos o negócio. Assim sendo, no domingo passado, a nossa lição já foi numa ampla sala do apartamento de cima. Agora, os adolescentes sonham com a decoração da nova sala e até já me pediram se podem pôr uma bateria lá num cantinho, pois querem formar uma banda. Que Deus abençoe estes miúdos tão especiais e os faça crescer muito na Palavra.

11 de outubro de 2007

Dependência

Nestes últimos dias, tenho sentido muita necessidade de abrandar um pouco e procurar ouvir mais do que falar. Refiro-me à voz de Deus. Se não fizermos isto, podemos dar passos tão profundamente errados. Outra coisa a que cada vez dou mais valor é à entrega de todas as coisas nas Suas mãos. Só assim é possível ter paz interior em momentos muito difíceis.

Sinceridade

Na secção da comida de bebé, pergunto-lhe: "É esta a papa que queres levar, filho?" (Cerelac pêras, a preferida dele)
Antes que o filho respondesse, o meu marido fez o seguinte comentário: "Essa papa está cara..."
Resposta imediata do filho: "É cara!"
Nós, a ruborizar perante o olhar de duas senhoras que ouviam a conversa, dissemos-lhe baixinho: "shiiiuu! shiiuuuu!"
Resposta dele, sempre cada vez mais alto: "É cara, é cara, é CARA!"
(Tens toda a razão, filho. Cerelac a €5,49 é mais do que cara, é um absurdo...)

9 de outubro de 2007

Indignação

Depois de ter estado um bom bocado a construir um avião com os legos, deixou a sua obra prima cair no chão e viu-a partir-se aos pedaços. Perante tal cena, disse com um ar muito zangado: "Ê nã acadito!"

Pensamentos insulares

Na mercearia, passo pela prateleira das sopas instantâneas e tenho este pensamento: "estas sopas fazem tanto mal...". Logo a seguir, concluo, perplexa: "Meu Deus, até já penso em açoriano!!"

8 de outubro de 2007

Diálogos

-“Onde é que vai dormir o bebé quando nascer?”
-“No becho” (berço)
-“No berço? E onde é que tu vais dormir?”
-“Na cama” (dos pais, entenda-se).
(A meio da tarde, pediu-me para o deitar no berço. Inédito! Tapou-se (ainda vestido e calçado) e marcou o seu território)

Respeitinho é bom e eu gosto

Ontem, ao final da tarde, o meu marido ía comprar pão e deu com uma rua cortada ao trânsito. Um senhor que passava por ali apressou-se em explicar-lhe, muito orgulhoso, que era por causa do "Nosso Presidente da República”.
Interessante este respeito no tratamento. Poderia ter dito simplesmente que era por causa do “Cavaco” ou do “Cavaco e Silva”, como muitas vezes lhe chamam. Sim, senhor. Gostei.

4 de outubro de 2007

Acho piada...

...que se refiram a mim como sendo "A Adriana do Pastor".

É por Ti

"Pra quem eu vivo? Por quem suspiro?
Quem é o alvo do meu amor e devoção?
A quem pertence o governo do meu coração? A quem?

Pra quem eu tenho edificado as riquezas?
Pra quem eu tenho construído com nobreza?
Por quem eu tenho sido arrebatado com paixão?
Será que estou servindo e agradando o seu coração? Será?

Pra quem trabalho? Por quem me esforço?
Quem é o dono e a fonte do que tenho e sou?
Pra quem eu tenho investido o meu tempo?
Por quem eu tenho derramado o meu ser e o meu suor?
Será que estou, honestamente, dando o meu melhor pra Deus?

Por que eu tenho me gastado desse jeito?
Por que a força da Chamada queima no meu peito?
Pra cada uma das perguntas que faço aqui
Não há senão uma resposta a tudo isso que diz: É por Ti.
Senhor, amado meu, tudo isso é pra Ti."

(Dedico esta música a ti (e a mim também). Para que, em momentos como este, nunca nos esqueçamos de que tudo é unicamente por Ele!)

3 de outubro de 2007

O "traçadinho"

Todas as noites, antes de adormecer, pede o seu traçadinho: "leitinho e água" (e, por vezes, bebe-os ao mesmo tempo, com as duas chuchas na boca... só visto!)

2 de outubro de 2007

Jantar de comemoração

Ontem à noite, o meu marido, feliz da vida, preparou este delicioso jantar de comemoração do nosso segundo filho (vejam o pormenor):

O meu prato

O prato dele

E a justificação dele: "As grávidas não podem comer marisco!"

A nossa família está a aumentar...

Parabéns!

No domingo passado, a igreja da Horta comemorou o seu aniversário com um culto muito bonito e emotivo, em que seis irmãos foram baptizados. O salão de cultos estava completamente lotado, algumas pessoas ficaram mesmo de pé. Muitos visitantes ouviram pela primeira vez o Evangelho. (Que Deus te dê muitos e muitos mais anos de vida, querida igreja!)