29 de dezembro de 2010

Um sonho tornado realidade


De há algum tempo para cá, quando íamos buscar a nossa filha à escola, apercebemo-nos que ela queria sempre arrojar a mochila pelo chão, como se tivesse rodas. Apesar de lhe termos explicado que a mochila não tinha rodas e que estava a ficar preta por baixo, ela insistia connosco em como tinha rodas (pura imaginação) e lá continuava a arrojá-la. Neste Natal não tivemos dúvidas em relação à sua prenda de sonho. Dá gosto vê-la feliz com a sua mochila rolante.

O Amor Maior

Recordo-me como se fosse hoje. O meu filho era ainda um bebé de colo, bem pequenino. Fomos visitar um casal da nossa igreja e eu ía sentada no banco de trás do carro, com o meu filho. Quando chegámos a casa daquele casal, o meu marido abriu a porta de trás do carro e eu saí com o bebé ao colo, tapado com uma mantinha. Porém, ao tentar apoiar o meu pé direito no passeio, escorreguei e percebi claramente que ía cair no chão. Lembro-me de apertar o bebé contra o meu peito, cobrindo a sua cabeça e costas com os meus braços (tipo-concha) e concentrei todas as minhas forças nos meus dois joelhos, que bateram naquele passeio de cimento com uma força brutal, em seco, sem quaisquer reservas. Ali caída, de joelhos, com uma rigidez que não me conhecia, passei o bebé ao meu marido e, com dificuldade, lá me levantei para ver o estrago. Os meus joelhos metiam dó. Andaram roxos durante vários dias. Mas, recordo-me que nem me importei muito, o importante era o meu filho ter saído intacto daquele incidente. Naquele dia, percebi um pouco mais do que é amar alguém a ponto de nos entregarmos voluntariamente para sofrer no seu lugar. É muito profundo. É um amor que se satisfaz por si só, sem contrapartidas. Parecido (só parecido) com o perfeito amor de Deus por nós. Um amor irretribuível.

“Pode uma mulher esquecer-se de seu filho de peito, de maneira que não se compadeça do filho do seu ventre? Mas ainda que esta se esquecesse, eu, todavia, não me esquecerei de ti. Eis que nas palmas das minhas mãos eu te gravei.” Is.49:15-16

28 de dezembro de 2010

Presentes de Natal

À semelhança das gravidezes anteriores, por volta do 5º mês, tenho de ir a Lisboa fazer um exame que não se faz na Ilha, para despistar a existência de eventuais doenças cardíacas no bebé, que poderão ocorrer quando a mãe possui uma determinada limitação de saúde, como é o meu caso. Inicialmente, o Hospital marcou a nossa viagem (minha e do meu marido – acompanhante) para o dia 8 de Dezembro. Porém, dias antes da viagem, telefonaram-me a comunicar a alteração do exame para dia 21, por indisponibilidade da médica. Nós, que este ano íamos passar o Natal nos Açores por motivos de contenção, recebemos este presente do Céu e acabámos por conseguir passar o Natal com as nossas famílias. E, pela 3ª vez, recebemos a abençoada notícia de que “o coração do bebé é perfeito”. Uma profunda gratidão a Deus por estes dois presentes é tudo o que sentimos neste Natal.

Caixa de ofertas açoriana

"Natal da empregada" (foto tirada num café do Faial)

15 de dezembro de 2010

Tomás

Já tem nome o nosso terceiro filho. Tomás. 23 semanas de gestação, acompanhadas de muitos pontapés. Temos benfiquista.

Festa no Céu

Teve uma educação católica, cumprida com todos os rigores. Era um praticante activo. Por estes dias, foi pela primeira vez à igreja evangélica. Gostou demais, sentiu algo diferente. A pregação foi aquilo que mais lhe tocou. Partilhou a sua experiência em casa. Os pais, em especial a mãe, pediu-lhe por tudo que, enquanto vivesse na sua casa, não mudasse de religião. Mas a vontade de voltar à igreja evangélica permaneceu e acabou por falar mais alto. No domingo passado, levantou a sua mão no final do culto. "Quer receber o Senhor Jesus como seu Senhor e Salvador?" - perguntou-lhe o pastor. "Quero, sim senhor!"-respondeu com firmeza. Soubemos depois que, nessa noite, nem conseguia dormir, tal era a alegria que sentia dentro de si. Deus seja louvado! E que essa alegria possa acompanhar este rapaz por toda a sua vida.

14 de dezembro de 2010

Pastor no forno

Certa vez, li num pequeno livro de devocionais que, certos crentes, ao domingo, gostam de almoçar “Pastor no forno” (penso que a tradução é mais ou menos esta). Quer isto dizer, o assunto do almoço de domingo é o Pastor e as gafes que possa ter dito na sua pregação matinal, ou o fato démodé que trazia vestido, com uma gravata que não passa pela cabeça de ninguém, os sapatos mal engraxados, ou até o facto de ter cumprimentado certa pessoa e não ter dado grande importância a uma outra pessoa, tudo coisas absolutamente erradas e condenáveis. Um péssimo pastor, resumindo. É triste, mas acontece. Eu própria já cheguei a estar em almoços em que se serviu este prato.
Já aqui tenho partilhado que, nos Açores, sentimo-nos muito acarinhados pelas pessoas. Não digo que sejamos perfeitos e que as opiniões sejam unânimes a nosso respeito. Nem Jesus teve essa unanimidade, como se costuma dizer. Mas, podemos dizer abertamente que o trato, o respeito e amor que recebemos deste povo é algo de muito singular, raro e precioso. Chegamos a ficar emocionados perante as constantes e inexcedíveis manifestações de carinho, amizade e cuidado, ao longo destes quase 6 anos.
Nestas últimas duas semanas, a nossa filha esteve bastante doente. Não se conseguia descobrir o que tinha, pensava-se numa virose, tendo chegado a estar a soro no hospital. Finalmente, as análises relevaram uma intoxicação alimentar, que hoje se encontra ultrapassada. Ora, certa noite, estavamos nós, mais uma vez, no hospital, com a menina sem melhoras, a aguardar que chegasse a pediatra, quando vimos uma irmã da nossa igreja a sair das urgências, coxeando, com uma receita na mão. Tinha um pé muito inchado e negro. Conversámos um pouco e despedimo-nos dela, desejando-lhe melhoras. Pois, dali a um bocado, o marido daquela senhora, voltou ao nosso encontro, com um saco. Dentro daquele saco havia um termo com leite com chocolate, sandes de pão de leite com doce de figo caseiro, um outro termo com chá e uma papa de arroz para a minha filha. Ora, aquela irmã, com a ajuda do marido, vendo que a hora de jantar já havia passado e que estávamos ali sem comer, preparou-nos um farnel, mesmo estando também ela doente. Ficámos sem palavras. Que o Senhor possa retribuir em dobro a estas pessoas todo o amor que nos têm dado. E, graças a Deus, que não apreciam “Pastor no forno”.

10 de dezembro de 2010

Ao vivo

O entusiasmo da sua 1ª actuação ao vivo, ontem, na Praça da República, cantando músicas de Natal, com os colegas.

8 de dezembro de 2010

Perante o Senhor

Desde miúda, sempre me intrigou aquela passagem bíblica, no II Livro de Samuel, que descreve a forma como o Rei David dançou, quando levava a Arca do Senhor. A Bíblia conta que David dançou para o Senhor com todas as suas forças, pouco se importando com quem pudesse estar a olhar, saltando, cheio de júbilo. Foi a tal ponto que a sua mulher, Mical, que o observava da janela, sentiu vergonha pela figura que o marido estava a fazer e desprezou-o. Mais tarde, ela repreendeu-o mesmo, com severidade. Mas David respondeu-lhe que foi "perante o Senhor" que ele se alegrou. E está tudo dito.
Quando, em 1995, vi um dvd do concerto "Sing Out", de Ron Kenoly, e, a dada altura, vi o seu baixista, Abraham Laboriel, do alto dos seus muitos e muitos quilos, começar, inesperadamente, a fazer um solo, saltando e rodopiando na presença do Senhor (algo que nunca tinha visto até então), lembrei-me de imediato daquela passagem do Rei David. Talvez algumas pessoas possam olhar para Abraham Laboriel e ter a atitude de Mical. Eu, porém, achei delicioso. Ainda hoje me arrepia ver este vídeo (ver aqui).
Há dias perguntei à minha classe de adolescentes se conheciam este filme, mas a resposta que obtive foi do estilo: "Eu nasci nesse ano!" (lol). Então, em especial para eles, mas também para os que aqui passarem, deixo-vos esta recordação do ano de 95.

5 de dezembro de 2010

Depois de ver os desenhos animados do Ruca...

-"Mamã, sabes o que é uma pintura ovestrática?" (abstracta)
-"É uma pintura em que se pode fazer todas as formas que quisermos!"
(lol)

Saber esperar

Neste Natal, um dos brinquedos que o meu filho tem pedido é a "Casa dos Pin & Pon". Acho graça a este pedido, pois, nos finais dos anos 80, também eu sonhei com a "Casa dos Pin & Pon" como prenda de Natal. Era uma casa bem diferente da que agora é anunciada na TV (a meu ver, a antiga era muito mais bonita). E esta história da casa dos Pin & Pon fez-me lembrar de uma lição que eu aprendi nesse Natal e que não esqueço até hoje. Durante semanas, andei a "namorar" a casa dos Pin & Pon, exposta na montra de uma loja de brinquedos, no centro comercial onde a minha mãe também tinha uma loja. Era a casa que está na imagem acima. Linda de morrer. Carérrima. Certo dia, já nas vésperas da noite de Natal, passei com a minha mãe em frente à loja de brinquedos e puxei o braço da minha mãe para lhe mostrar a prenda que eu queria, porém, para meu espanto (e profundo desgosto), a casa já não estava na montra. No seu lugar estava agora a "Quinta dos Pin & Pon". Fiquei desolada... A "Quinta" também era gira, mas não era a "Casa"! Porém, sem dar parte fraca, e tentando remediar a coisa, disse à minha mãe que afinal queria a Quinta. "Mas tu não querias a Casa dos Pin & Pon?" - lembro-me tão bem desta pergunta da minha mãe. Disse-lhe que não, que também gostava muito da Quinta, que até gostava mais (eu não queria era ficar sem prenda) e que não ía ter pena nenhuma de não ter a Casa. Pois bem, na noite de Natal, quando abri a prenda da minha mãe, e vi que ela me tinha comprado a Casa Grande dos Pin & Pon (daí já não estar na montra), fiquei feliz e envergonhada... A minha mãe sabia bem qual a prenda que eu mais queria e satisfez o meu desejo. E eu, na minha precipitação, podia ter perdido a oportunidade de receber a minha prenda de sonho, por ter dito que preferia a Quinta. Que tola que fui... É curioso que nunca mais me esqueci desta história. E, ultimamente, tenho pensado bastante nela. Uma grande lição.

16 de novembro de 2010

10

Hoje, faz 10 anos que começámos a conversar. Nove meses de conversa. Um ano de namoro. 7 meses de noivado. 7 anos e tal de casamento. Três filhos. Mas, foi hoje, há 10 anos, que tudo começou. Com conversa. E nunca mais se acabou o assunto :)
(Amo-te muito, Rapazainhe pai)

12 de novembro de 2010

É um Rapazainhe!

Ontem, recebemos a boa nova, pela boca do meu obstetra: "A vossa família vai desempatar para o lado dos rapazes!"
(Viva)

Viver numa Ilha

Ontem, 11 de Novembro, e nem uma castanhinha para comer. Esgotadíssimas. Nem no (único) hipermercado da Ilha, nem em nenhuma mercearia, se encontrava vestígios delas.
Diz-se que as castanhas que vinham no contentor apanharam "bicho" e não puderam ser comercializadas.
(Buááá…)

7 de novembro de 2010

Mimi



-"Mamã, quando o bebé nascer, se for um menino, pode chamar-se Mimi?"
Estupefacta, respondo: "Mimi?? Ó filho, Mimi é nome de menina!"
-"Mas não faz mal, pois não? No Ídolos também há um rapaz que tem nome de menina!"
-"No Ídolos? Quem?" - pergunto-lhe.
Resposta: "O Adriano!"
(lol)

Sotaques

-"Mamã, os meninos da minha escola dizem "blica", mas eu digo "pilinha". Pausa. "Às vezes parace que os meninos falam Espanhol!"
(lol)

4 de novembro de 2010

Festa no Céu

No domingo passado, terminado o culto, uma senhora pediu para falar com o pastor. É irmã de uma rapariga que tivemos o prazer de levar a Cristo e de baptizar, mas que, entretanto casou com um rapaz continental (que também se converteu e baptizou aqui na Horta), pertencendo hoje os dois à Igreja Baptista de Santarém. Esta senhora tem vindo a assistir regularmente aos cultos nos últimos tempos e temo-nos apercebido da sua crescente sensibilidade à Palavra de Deus. Pois bem, no domingo, esta senhora comunicou ao pastor que havia tomado uma decisão: queria entregar a sua vida a Jesus. Foi uma decisão muito ponderada e muito firme. Antes de falar com o pastor, ela disse ter falado primeiro com o seu marido, depois com o seu pai e, por fim, com o Padre – a quem informou que iria “deixar de ser católica”. Curiosamente, no passado, esta senhora reagiu muito mal quando a sua irmã se converteu, há cerca de 5 anos atrás. Disse-nos que já pediu perdão à irmã por isso. Foi para nós uma alegria muito grande entregar mais uma açoriana ao Senhor. E que a Sua obra possa completar-se naquela querida família.

Alimento

Por estes dias, o meu marido comprou iogurtes líquidos açorianos, da "Yoçor". Vêm numa embalagem igual às dos iogurtes de colher, mas mais alta, e trazem as palhinhas à parte. Gostámos imenso. São densos. Como disse o meu marido: "a última parte até dá para comer à colher". Bons a valer.

Ui...

Imagino o susto dos passageiros deste avião (ver aqui).

29 de outubro de 2010

Baptismos

No domingo passado, celebrámos o 35º aniversário da Igreja, num culto absolutamente lotado, com muitos visitantes, onde tivemos a alegria de celebrar oito baptismos. Depois de vários meses de preparação, foi maravilhoso ver aquelas oito vidas, uma após uma, a descer às águas. Dois homens, duas senhoras, dois adolescentes e duas adolescentes. Foi um consolo tocar três vezes seguidas o “Ó quão belos hinos cantam lá nos céus!” Maior consolo ainda é saber que já temos várias pessoas que manifestaram o desejo de se baptizarem nos próximos baptismos. É uma alegria e um privilégio muito grande podermos ver com os nossos olhos a obra maravilhosa que o Senhor está a fazer no Faial. E acreditamos que Ele é Poderoso para fazer muito mais, para Sua honra e glória.

Festa no Céu

Por estes dias, uma adolescente que está a assistir aos cultos desde há algum tempo, aproximou-se do pastor e disse-lhe que se queria baptizar. Surpreendido, o pastor explicou-lhe que, antes do baptismo, ela teria de aceitar primeiro o Senhor Jesus com seu Senhor e Salvador. Foi então que a menina esclareceu o pastor: “É que eu já aceitei Jesus, há 15 dias atrás, no culto, quando o pastor disse que quem quisesse receber o Senhor fizesse uma oração. Eu fiz essa oração.”
(Deus seja louvado)
Também por estes dias, enquanto estivemos no Continente, uma senhora entregou a sua vida ao Senhor, no culto de Domingo. O irmão que ficou responsável por dirigir o culto, orou com esta senhora e toda a igreja se congratulou com mais este “novo nascimento”.
(A Deus toda a glória!)

25 de outubro de 2010

Baloiços

Sentada no avião, a minha filha pega no folheto com as instruções de segurança e começa a ver, atentamente, a imagem do avião com as mangas das saídas de emergência. De imediato, faz um sorriso enorme e diz muito alto, repleta de alegria, apontando para a imagem: “Olha mamã: bauoiços! (baloiços)

21 de outubro de 2010

Uma grande surpresa do Pingo Doce

Quando, em Agosto passado, escrevi um post sobre o sonho do meu filho conhecer um "Pingo Doce" ao vivo e a cores, não imaginava o que iria acontecer nos meses seguintes. Já aqui contei que a equipa de marketing do Pingo Doce, depois de ler o post, entrou em contacto connosco e ofereceu ao meu filho uma caixa enorme de presentes. Pois bem, esta já teria sido uma surpresa maravilhosa, mas o Pingo Doce não se ficou por aqui. Recentemente, o Director Adjunto de marketing do Pingo Doce escreveu uma carta para o meu filho, convidando-o para participar no filme de Natal do Pingo Doce, convidando também toda a família para o acompanhar às gravações. Assim, por estes dias, viajámos todos de avião para Lisboa, onde fomos carinhosamente recebidos, tendo ficado alojados num hotel de 4 estrelas, com refeições e transportes incluídos, durante três dias. O meu filho teve a oportunidade de viver uma nova experiência, ao lado de outras 29 outras crianças e uma imensa equipa de produção. Coube-lhe o papel de "ananás" (o que fica sempre bem a um açoriano), que desempenhou com muita alegria. Ainda hoje, já de regresso a casa, ainda parece que vivemos um sonho. As pessoas a quem temos contado esta surpresa (que são muitas) ficam boquiabertas com a generosidade do Pingo Doce e o carinho com que trataram o nosso filho. Até hoje, o Miguel continua a cantar: "Venha ao Pingo Doce de Janeiro a Janeiro/Venha ser feliz este Natal e o ano inteiro"!Muito obrigada, uma vez mais, ao Pingo Doce e à equipa de produção do filme. Um agradecimento especial a Vanessa Silva, Ricardo Costa, Sónia Costa, Filipe Vítor e Marta (da Produção). Um grande bem-haja pela maravilhosa prenda de Natal que ofereceram ao Miguel e à sua família.

12 de outubro de 2010

Dicionário Açoriano (Ilha de S. Miguel)

“Atoleimado” – tolo (diz-se “atelêmad”)
“Pega drêt” – desaparece
“Requim” (riquinho) – bonito; engraçado
“Vá laré” – vai dar uma curva
“Vent’incanade”(vento encanado) – corrente de ar
“ Tás muito mal inganado” – Enganas-te redondamente
“Mêm de veras” – A sério
“Estás bim amanhado” – Estás tramado
“Nisca de gente” – Rapazinho
“Fogareiro” – mulher feia
“Tás ma segand” – Estás a chatear-me
“Tás te safande?” – Estás a desenrascar-te? As coisas estão a correr bem?
“Vou-te sofrê” – Não tenho paciência para te aturar

30 de setembro de 2010

28 de setembro de 2010

Nascer de novo

Ele era o mais velho de sete irmãos. Oriundo de uma família muito humilde. Zé, era como todos lhe chamavam. Era conhecido pelo seu mau feitio, pela sua impulsividade e até agressividade. Um dia, no meio de uma discussão, pegou na sua inchada e deu com ela na cabeça de um homem. Esteve preso. Um dia, falaram-lhe do amor de Deus e aquele homem, para surpresa de todos, recebeu aquela Palavra no seu coração e deixou Jesus transformá-lo num novo Zé. A partir dali, a sua boca não mais se calou. Mesmo sem grandes estudos, falava a todos do amor de Deus. Mas falava de uma forma tão genuína e tão profunda que punha toda a gente chorar. Todos conheciam o antigo Zé e agora todos viam um novo Zé. Era a vida dele que falava. Agora era calmo, doce, com um coração a transbordar de amor. Conta-se que ele não conseguia pronunciar a palavra “Jesus” sem começar logo a chorar. Assim que começava a dar o seu testemunho na igreja, a congregação ficava em lágrimas ao final de poucas frases. Arrepiava. Ganhou a família praticamente toda para Cristo, num tempo em que os crentes eram sujeitos a perseguições e discriminação. Infelizmente, guardo uma imagem muito ténue deste homem. Recordo-me de ter estado com ele apenas uma vez, era eu muito pequena. Soube que faleceu pouco depois desse dia. Tudo o que sei acerca dele foi-me contado pela minha mãe e pela minha avó, sua irmã. E estas histórias do tio-avô Zé sempre me emocionaram. Como Deus age! Foi por este homem, o mais “terrível”, que o Evangelho chegou à nossa família. E a tantas outras famílias.

Viver numa ilha


Depois de correr todas as lojas, descobri que no Faial não há crocs.

23 de setembro de 2010

O livro requisitado

Por estes dias, soube que um menino que começou a frequentar a nossa igreja, por si próprio, andava a requisitar uma Bíblia na Biblioteca Pública da Horta, para levar consigo para a Escola Bíblica Dominical. São pequenas histórias como esta que nos enchem o coração, neste bom combate.

Semear e colher

Quando estivemos com o Pastor Elton Rangel, em Sevilha, soubemos de uma história que nos tocou muito. O Pastor Rangel contou-nos que o Pastor Sanches, um dos primeiros pastores da Igreja da Horta, foi por duas vezes a todas as casas da ilha para se apresentar e para convidar as pessoas para ir à igreja. Em duas voltas completas à ilha, conseguiu apenas que dois adolescentes fossem à igreja. Impressionante. Por vezes, o ministério é muito difícil. Aquele pastor semeou muito. É mais agradável colher do que semear, mas a ele coube-lhe semear. Gostávamos de lhe poder contar o que Deus tem feito neste lugar de lá para cá, mas não temos o contacto deste pastor. O seu trabalho, bem como o dos pastores que lhe sucederam, foi muito importante. Ele não viu com os seus olhos, como nós temos tido o privilégio de ver, vários açorianos e açorianas a comprometerem-se com Jesus e a serem baptizados. Mais do que açorianos, também vários continentais e estrangeiros que fixaram residência na ilha têm recebido a Salvação na Igreja da Horta. Que nos possamos lembrar sempre desta história, nos dias em que a colheita tardar.

Vidas novas

Mais uma vez, Deus voltou a derramar o dom da vida no meio da nossa igreja. Cinco irmãs estão, neste momento, à espera de bebé. Até agora, sabemos que vêm aí duas meninas e um menino. Os outros dois bebés ainda não revelaram o que são. Desde que estamos no Faial (há 5 anos e meio) nasceram oito bebés na nossa igreja e agora vêm aí mais cinco. É uma alegria muito grande ter uma igreja repleta de bebés. Que o Senhor seja com cada uma destas mamãs e lhes dê uma gravidez abençoada.

22 de setembro de 2010

5 anos

Hoje, há 5 anos atrás, recebemos nos braços, directamente das Mãos de Deus, o nosso filho Miguel. Um grande tesouro. A luz dos nossos sorrisos. Ele tem crescido muito e nós também vamos crescendo com ele. Que Deus te guarde sempre, filho querido. O papá, a mamã, a mana e o bebé amam-te muito. Que tenhas uma vida muito feliz, plena de bençãos.

12 de setembro de 2010

33

E, hoje, dia dos meus 33, quero agradecer muito a Deus por 3 vidas: pela minha vida, pela vida do novo bebé que trago dentro de mim e, em especial, pelo milagre de vida que operou na minha mãe, que, hoje, pela graça de Deus celebra os seus 59 anos, já livre do grande susto que apanhámos todos nos últimos meses. O Senhor promete-nos vida e vida com abundância. Tenho visto o cumprimento desta promessa na minha família. Muito obrigada, Senhor.

11 de setembro de 2010

Igreja Evangélica Baptista de Sevilha

Ainda sobre as nossa férias, uma das coisas mais bonitas e marcantes que vivemos foi a nossa visita à Iglesia Evangélica Bautista de Sevilla. Fomos carinhosamente recebidos pelo Pr. Elton Rangel que, curiosamente, também já foi pastor da Igreja da Horta, há muitos anos atrás. O meu marido já tinha visitado esta igreja, há muitos anos, quando o Pr.Rangel estava no início do seu pastorado em Sevilha. A igreja tinha 45 membros, nessa altura. Hoje, a Igreja de Sevilha tem dez pastores, sustenta oitenta missionários espalhados pelo mundo e já teve mais de trezentos membros, mas, presentemente, tem duzentos e muitos membros, porque os restantes foram para as duas novas igrejas que esta igreja-mãe fundou naquela cidade. Ao visitarmos as instalações da igreja, ficámos impressionados com o trabalho social que esta igreja desenvolve junto da comunidade. Atendem cerca de duas mil pessoas por mês. Têm uma sala repleta de roupas, sapatos, tudo em estado impecável, organizado por tamanhos, para dar a quem necessita. Até uma sala com uma cadeira de dentista esta igreja tem. Ministérios com crianças, jovens, enfim, maravilhoso. E uma das coisas que mais me marcou foi uma frase do Pr. Rangel, quando nos mostrava as instalações. É que, apesar da grandeza desta igreja, apercebi-me que, em termos materiais, não é nada faustosa, como acontece com algumas igrejas até de muito menor dimensão. Foi a este propósito que o Pr.Rangel disse o seguinte: "A nossa prioridade não é o templo. A nossa prioridade são missões." Delicioso. Que o Senhor abençoe muito este ministério em Sevilha e o continue a multiplicar, para Sua glória.
(Nas fotos: Fachada principal do templo e Pr. Elton Rangel)

8 de setembro de 2010

Acampamento de crianças

Desde domingo passado que as crianças e adolescentes da Igreja da Horta estão a participar no acampamento de verão. Cerca de trinta crianças, com idades entre os 3 e os 16 anos, estão ao longo desta semana a fazer uma “viagem com Deus”, aprendendo as histórias da viagem do povo de Deus desde o Egipto até à Terra Prometida. A maior parte destas crianças são alunos da nossa escola bíblica dominical, mas também estão a participar crianças que, pela primeira vez, estão a ter contacto com o meio evangélico. O acampamento está a correr muito bem, cheio de actividades divertidas (ontem as crianças foram andar de vela) e cultos muito tocantes. No 2º dia do acampamento, pela manhã, perguntava a uma criança se tinha dormido bem e a resposta foi esta: “Mais ou menos. Andava uma vaca à solta e fez muito barulho” (lol). Este ano, contamos mais uma vez com a presença da missionária da APEC nos Açores, Clara Barcelos, e que é uma grande bênção. Peço aos que lerem este post que orem por estas crianças. Para algumas delas, o facto de estarem a participar no acampamento já é um milagre, dada a oposição inicial dos pais, não crentes. Que o Senhor faça a Sua obra nestas vidas.

30 de agosto de 2010

Obrigada, Pingo Doce!

Na sequência deste post, surpreendentemente, a Direcção de Marketing do Pingo Doce, gentilmente, entrou em contacto connosco no sentido de nos fazer chegar uma oferta para o nosso filho. Na 6ªf passada, um funcionário da empresa de transporte de cargas de barco foi ao meu trabalho entregar-me a encomenda do Pingo Doce. Era tão grande que não coube no meu porta-bagagens. A acompanhar, uma carinhosa carta da Directora de Marketing do Pingo Doce dirigida ao meu filho. Quando chegou a hora de abrir a encomenda, o meu filho não cabia em si de tanta alegria. Só pulava. Aberto o caixote, começou a retirar presentes e presentes sem fim. Um carrinho de compras para criança, sacos de compras do Pingo Doce, livros de histórias, cds com histórias, Atlas, um jogo do corpo humano (com cd multimédia), um jogo didáctico do Noddy, com uma caneta que apita as respostas certas, uma lancheira com garrafa do “Ben 10”, animais selvagens e a loucura: um comando-laser vermelho e um carro que segue esse laser por toda a parte. Não há palavras para agradecer a generosidade e a simpatia do Pingo Doce, que proporcionou ao nosso filho um momento único, que ele nunca esquecerá. Como é que eu poderia imaginar que o facto de partilhar, num post, o sonho do meu filho visitar um Pingo Doce teria como consequência uma surpresa destas? Também nisto vemos a Mão de Deus, proporcionando felicidade ao nosso menino.
Muito obrigada Vanessa Silva, Filipe Vitor e demais equipa de Marketing. Um bem-haja a todos vós!

26 de agosto de 2010

Três, a conta que Deus fez

Eis a boa nova: em 2011, iremos passar a cinco cá em casa. Uma alegria que não se pode traduzir em palavras. Uma profunda gratidão a Deus por nos confiar mais uma vida.

Meninas's World II

Menina’s world I

Para lhe conseguir cortar as unhas é uma aventura. Tenho de andar a correr atrás dela, dou-lhe à escolha entre as tesouras ou os corta-unhas, procuro distraí-la, prometo-lhe os melhores doces, faço mil por uma linha. Mas para lhe pintar as unhas (de vermelho, claro) fica sossegadinha como uma pomba. Pinto-lhe as duas mãos e os dois pés sem que pestaneje. Posso corrigir as imperfeições à vontade, demorar todo o tempo do mundo, que ela nem se mexe. No final, até fica sossegadinha a soprar para as unhas, para que sequem, não tocando em nada, para não estragar a pintura. E quando, nos dias seguintes, o verniz começa a descascar, vem logo ter comigo e diz-me: “Mamã, mais!”

9 de agosto de 2010

Festa no Céu

De férias, longe da ilha, os trabalhos da igreja ficam entregues aos irmãos. Não há pastores por perto que possam assegurar os cultos. Este facto poderia deixar-nos um pouco ansiosos com o normal decorrer dos trabalhos durante a nossa ausência, mas não deixa. E não ficamos ansiosos porque sabemos que os irmãos servem o Senhor de coração, dando o seu melhor. Por esse motivo, durante a nossa ausência, as coisas nao decorrem apenas com normalidade, mas até acima do que é normal. No culto de hoje, a N. entregou a sua vida a Jesus. Depois da sua mãe, que está a ser preparada para o baptismo (que irá ocorrer no próximo mês), e do pai (que irá integrar a próxima classe), chegou a vez do Senhor alcançar a filha deste casal. Um casamento que o Senhor reconstruiu. Um lar totalmente salvo para Cristo. A Deus toda a glória!

8 de agosto de 2010

De férias

E, em tempo de férias, é altura de tornar alguns "sonhos" realidade. E um dos pedidos do nosso filho era ir a um "Pingo Doce" - recorde-se que ele é nascido e criado nos Açores. As opiniões acerca da publicidade do Pingo Doce são diversas, mas (pelo menos com o meu filho) dá resultado. Ele sabe a letra da música de cor e assim que se apanhou no Continente quis logo conhecer um Pingo Doce.
(lol)

Farmville live

Ver vitelinhas a mamar e mungir uma vaca pela primeira vez. Inesquecível.

1 de agosto de 2010

31 de julho de 2010

A Ilha das Cores


O meu filho está convencido que a "Ilha das Cores", que passa na RTP2, é a Ilha do Pico. E, de facto, se tentarmos pensar pela cabeça dele, tem toda a lógica. Senão, vejamos as duas imagens acima: a primeira é a "Ilha das Cores", a outra é a paisagem da Ilha do Pico que ele vê todos os dias, a partir do Faial. São ou não são parecidas? :)

29 de julho de 2010

Uma maternidade flutuante

Já uma vez aqui falei sobre que é ser mãe nestas ilhas. Hoje, a capa do (único) jornal diário do Faial trazia esta notícia: "Bebé nasce a bordo do Cruzeiro do Canal". O Cruzeiro é uma lancha que, diariamente, faz a ligação entre a Ilha do Pico e a Ilha do Faial. Não há Hospital no Pico. Em situações normais, as grávidas do Pico vêm para o Faial a partir dos 8 meses de gestação para aqui aguardar até ao parto. Porém, em situações de emergência, como foi este caso (uma bebé prematura), é um "Deus nos acuda". Chama-se Joana a menina que nasceu ontem na lancha, pela manhãzinha, já a chegar ao Porto da Horta. Filha de uma heroína de 22 anos, que se fazia acompanhar de uma enfermeira. Chegadas a terra, mãe e filha foram de imediato evacuadas para a Ilha de S.Miguel, pois o Faial tem Hospital, mas não tem ventilador para prematuros. Enfim, tudo terminou bem. É por isto que os açorianos têm de ser, naturalmente, pessoas de fé. Só Deus.

26 de julho de 2010

Como uma onda

Eram cerca de duas e meia da manhã. A minha filha tinha choramingado momentos antes e eu tinha ído até ao seu quarto para a voltar a adormecer. Deitada ao seu lado, no silêncio absoluto da noite, sinto de repente um forte abanão na cama (como uma onda). Foram talvez dois segundos. Foi o sismo mais forte que senti na vida. Já tinha sentido diversas vezes os móveis a abanar, ou os vidros a fazer "tlim", aquando de outros pequenos sismos. Porém, esta foi a primeira vez que senti o chão e as paredes mexerem. Fiquei toda a tremer. O medo de uma réplica é o que ocorre a seguir. É uma sensação horrível. Já passou, pronto. Já passou.

Festa no Céu

No culto de ontem, enquanto cantávamos o primeiro cântico, um menino de doze anos, aluno da escola dominical e também da turma de moral evangélico (na escola secundária), foi até à frente, ter com o pastor. Decidiu que queria aceitar Jesus como Senhor e Salvador da sua vida. A igreja orou em conjunto por mais esta vida que o Senhor alcançou e foi uma alegria muito grande. É curioso ver como o amor do Senhor alcança vidas de tão tenra idade. Mais curioso ainda quando se trata de crianças que vão à igreja sem os pais. Que o Senhor possa abençoar muito este menino pelo resto da sua vida. Deus seja louvado!

24 de julho de 2010

Kipper o cão

Acho muita graça às músicas dos desenhos animados. Mas esta música do "Kipper" é a melhor de todas. Não consegui encontrar a versão portuguesa (que também é muito boa); gosto especialmente da parte que diz "like a dog, like a dog, like a dog..." (lol). É daquelas músicas que volta e meia ando a cantarolar. Gosto.

22 de julho de 2010

Ilhéus

Certa vez ouvi alguém dizer que todos vivemos em "ilhas" e é verdade. Mesmo quem não vive numa ilha de facto, acaba por viver o seu dia-a-dia numa determinada zona, ter uma teia de contactos mais ou menos delimitada, criar as suas rotinas e é nessa "ilha" que se movimenta. Por vezes penso que os meus filhos, por viverem numa ilha, não têm acesso a shoppings (não existem por aqui), não podem ir a um MacDonald's (ídem), não têm rios, não vêem/não andam de combóio (também não os temos), etc, e fico um pouco preocupada. Há tempos, o meu filho fez-me um pedido impensável para uma criança do Continente: pediu-me que, um dia, o levasse a um "Pingo Doce", após ter ouvido pela 45ª vez aquele jingle agudérrimo da dita cadeia de supermercados. Porém, ao ler, por estes dias, no blogue de uma amiga minha (do Continente) que ofereceu à filha, como prenda pelo seu 5º aniversário, uma viagem de combóio (a sua 1ª viagem), respirei de alívio. Afinal, vivemos mesmo todos em "ilhas".

Acampamento de Jovens

21 de julho de 2010

Um grande susto

- “Está melhor? … Está melhor?...” – perguntava-me um rosto distorcido, envolvido numa neblina brilhante que, aos poucos voltava à sua forma normal. Era a voz de um enfermeiro, que me segurava os pés no ar. Ao seu lado outro rosto, o do médico. “Ah, já está a voltar” – disse ele. Foi então que me apercebi que estava deitada no chão da sala de tratamentos onde os meus filhos estavam a ser assistidos. Tinha perdido os sentidos. Ao tomar consciência da minha figurinha, sussurrei as seguintes palavras: “Que vergonha…”
-“Não se preocupe! É normal… foi um susto grande…” – consolavam-me eles. “Agora fique aqui deitada nesta maca que nós vamos ficar com a custódia dos seus filhos por um bocadinho”.
Enquanto estava ali deitada, branca como a cal, recordei o episódio que me tinha trazido àquele hospital. Enquanto terminava o almoço, os meus filhos brincavam no quarto. O meu marido estava na Ilha Terceira. A certa altura (soube mais tarde pelo meu filho), a minha filha lembrou-se de trepar a cómoda da roupa para tentar alcançar o aquário do peixe, que estava por cima. Nisto, ouvi um estrondo monumental, seguido de muitos gritos. Corri para o quarto e vejo a cómoda da roupa tombada sobre os dois. O aquário em mil pedaços. Só via as pernas do meu filho a sair debaixo da cómoda e a minha filha nem se via. Puxo o meu filho para fora e apercebo-me logo que tinha vários cortes nas pernas. Depois, começo a revirar as gavetas (cheias de roupa) e encontro a minha filha debaixo de uma delas. Tinha um vidro enorme no pescoço e sangue. Retiro-lhe o vidro e examino rapidamente o seu pescoço, mas não encontro nenhum corte. Pouco depois, descobri que o sangue vinha da cabeça, onde tinha um golpe. Corro para o telefone para pedir socorro ao meu irmão (graças a Deus por ele estar aqui nos Açores). As mãos tremiam-me tanto que mal conseguia marcar o seu número. Em poucos minutos, chegou a minha casa. “- Ai, o meu amigo peixe!... O meu rico amigo!” – gritava o meu filho em prantos no meio da confusão. Ao ouvi-lo dizer isto, o meu coração doía, pois comprámos o peixe há pouco tempo, em substituição de outro que morreu, para grande desgosto do meu filho. “Paciência”, pensei. Rumámos para o hospital e fomos atendidos de imediato. Os cortes não eram fundos, não levaram pontos, tudo se tratou com aquela “cola” milagrosa que agora aplicam nestas situações. E foi quando vi os meus filhos entregues nas mãos dos profissionais de saúde, livres de perigo, a serem tratados, que a minha cabeça começou a rodar, a rodar e as minhas forças se esgotaram.
Ao rever este episódio, deitada naquela maca, agradeci a Deus pelo seu livramento. Podia ter sido muito pior. Mas Deus cuidou de todos. Até do peixe! É que, ainda não contei, mas, quando o meu irmão chegou a minha casa, foi ao quarto e, no meio dos destroços, lá encontrou o peixinho, sobre um vidro, com um pequeno corte na barbatana, mas ainda a saltitar! Colocou-o numa taça com água e lá está ele, vivo e de boa saúde! Até deste pormenor (tão importante para o meu filho) o Senhor cuidou.
Por fim, quando saímos do hospital, cada um com um balão e uma seringa de oferta (todos contentes), o médico despediu-se de nós da seguinte forma: “As melhoras! E se o peixe precisar, traga-o também!” (lol)

20 de julho de 2010

A bomba de sonho

Sempre fui anti-bombas e afins, mas esta bomba inventada pelo jogo "Petville" do Facebook é genial. Uma bomba de limpeza! Funciona do seguinte modo: pega-se na bomba, atira-se a bomba para dentro de uma casa toda suja e, catrapum, fica tudo limpinho num segundo. Até o dono da casa fica de banho tomado. Senhores cientistas, façam-nos um favor: descubram a fórmula desta bomba o mais depressa possivel! Pode ser?

16 de julho de 2010

Festa no Céu

Ontem à noite, à hora do jantar, que para mim tem sido uma hora tardia, recebo uma mensagem no telemóvel. Com o marido noutra ilha, o telemóvel anda sempre junto de mim. Sabia que naquela noite estava a decorrer o último culto do acampamento. E era aí que estava o meu pensamento. A mensagem era do meu marido. Abro-a e leio-a. Em segundos, os meus olhos ficam cheios de água e a minha pele arrepiada. A mensagem era muito curta, mas o seu conteúdo maravilhoso. Dizia assim: “A J. aceitou Jesus.” Naquele momento, fui invadida por uma alegria enorme! A J. é minha aluna da escola bíblica dominical há cerca de um ano e meio, e tenho desejado tanto por este momento, tanto… Mas, graças a Deus, foi no acampamento que se decidiu. Que ela possa permanecer em Cristo por toda a sua vida. A Deus toda a glória!

15 de julho de 2010

Diálogos

(David e Maria, dois açorianos emigrados na América...)
De semana a semana passava os dias fechada na fábrica e chegava à noite tão cansada que só queria era dormir. Ao domingo, a missa e um passeio a pé eram as suas únicas distracções.
Foi numa das suas voltas pelo porto que David a foi surpreender:
- Bons olhos te vejam!
Tratavam-se por tu desde o dia em que ele a levara e à tia a falar com o dono da fábrica.
- Olá, que fazes por aqui?
- Vim saber de ti… Saber se estavas bem…
-Estou bem, obrigada. E tu?
-Também estou bem.
- Como é que sabias onde me encontrar?
-Tenho-te visto muitas vezes sem que me vejas, you know?
- E porque é que não falas quando me vês?
Ele encolheu os ombros e não respondeu.
- Andas-me a espreitar?
- Ando a matar saudades!
- Ó David! – protestou ela, sorrindo. – Se meu tio te ouvisse ia dizer que estás a ser atrevido…
- E vou ser ainda mais atrevido. Casa comigo!
- O quê?!
- Percebeste bem, pedi-te que cases comigo.
- A gente conhece-se à pouco tempo.
- E é preciso conhecer mais? Eu gosto de ti. Não gostas de mim?
- Tu para mim és um amigo, ajudaste-me muito, preocupaste-te comigo sem eu te ser nada, estou-te agradecida por isso, e gosto de ti, a verdade é essa, não tenho motivo nenhum para não gostar, mas casar? A gente tinha de se conhecer melhor primeiro.
- E vamos ter tempo para nos conhecermos. Também não é preciso casarmos amanhã. Podemos namorar, passas a ir lá a casa aos fins-de-semana, em vez de andares para aqui sozinha, conheces meus pais, eles também te ficam a conhecer, e então daqui a uns tempos casamos.
- Não me peças isso, David.
- Porquê? Deixaste algum namorado no Pico?
- Não.
- Então porque é que não aceitas?
- Há duas grandes diferenças entre nós: és rico, eu sou pobre, és protestante, eu sou católica.
- Por amor de Deus! Isso não é problema! Hoje temos dinheiro, é verdade, mas houve anos em que não tivemos nada. Viemos do mesmo povo, Maria, da mesma terra do Pico. Fomos pobres, como tu és agora, e ficámos ricos como tu podes ficar. Aqui na América tanto se pode ir de pobre a rico como de rico a miserável. E quanto à religião, é verdade que fomos criados em crenças diferentes, mas não é por isso que não nos podemos entender.
- Casavas à católica?
- Não… Quer dizer, não sei… Não pensei nisso.
- Então pensa.
- Preferia casar na minha igreja.
- E hás-de casar, David. Com uma rapariga que te mereça e que seja protestante como tu. Mas não comigo. Não fiques aborrecido, está bem? Sou tua amiga na mesma.
(in “Afectos de Alma”, de Judite Jorge, Publicações Dom Quixote)

14 de julho de 2010

Acampamento de Jovens dos Açores

Ao longo desta semana, na Ilha Terceira, está a decorrer o acampamento regional de Jovens, uma iniciativa da Associação Baptista Açoriana - ABA, com o objectivo de reunir os jovens de todas as igrejas dos Açores no mesmo acampamento. Assim, este ano, jovens oriundos do Faial, Terceira e S.Miguel estão ali reunidos a viver um "Momento Crucial" (que assim seja). O orador convidado do acampamento é o Pastor Jónatas Lopes, que veio de Tondela para ministrar a estes jovens. "Está a ser muiiito bom!", diz-me o meu marido sempre que me telefona. E eu fico feliz da vida. Que este possa ser mesmo um momento crucial na vida destes campistas.

9 de julho de 2010

A coroa - parte 2

No dia seguinte, pela hora do almoço, pegou na coroa e foi levá-la a casa de outra família. Pelo caminho pensava na “sorte” daquela família que iria acolher a coroa. O açoriano sente que as coisas são “diferentes” quando têm a coroa na sua casa. Tudo corre “melhor”. Bateu à porta, entrou e convidaram-no a sentar. Nisto, os vizinhos dizem-lhe algo que nunca esperou ouvir na vida e que o deixa sem reacção. A vizinha, num tom calmo e educado, diz-lhe estas palavras: “Nós agradecemos, mas não vamos poder receber mais a coroa. Nós já não somos da tua religião. Convertemo-nos a Cristo e seguimos agora apenas o que está na Bíblia”. Acabando de dizer isto, aquela senhora abriu a sua Bíblia, leu-lhe o Salmo 115 (”Os ídolos deles são prata e ouro, obra das mãos dos homens”) e falou-lhe um pouco do amor de Jesus. Enquanto ouvia aquela senhora, aquele homem, de tempos a tempos, passava as mãos pelos braços, de tão arrepiado que se sentia. Ela não lhe falava de rituais, nem de sacrifícios. Ela falava-lhe da transformação interior que ocorreu na sua vida, quando se converteu a Cristo. Ela partilhava com ele como Deus a transformara de uma pessoa infeliz para uma pessoa plena de alegria, paz e confiança. “A senhora deixa-me todo arrepiado quando fala”, disse, por fim, aquele homem, com os olhos brilhantes de água. Naquele dia, percebeu que os açorianos estão a mudar. Nem todos se identificam com o culto ao “Divino”. Cada vez mais, os açorianos desejam conhecer o que está para além das tradições herdadas dos seus antepassados e procuram o Deus vivo, o Deus da Bíblia. Nesse dia, aquele homem voltou para sua casa com a coroa numa mão e com um livro sobre Salvação, na outra. Uma decisão vai ter de tomar.
(História verídica)
(obrigada M., por me teres ajudado a poerceber melhor o sentimento dos açorianos em relação a esta tradição)

8 de julho de 2010

A coroa - parte I

A hora era já avançada, noite cerrada. Todos descansavam, o silêncio reinava. Antes de se deitar, aquele homem aproximou-se do pequeno altar que improvisou na sua sala de estar, num lugar de destaque, onde colocara a “coroa do Espírito Santo”, com uma vela acesa. Esta era a última noite que a coroa ficava em sua casa. No dia seguinte teria de levá-la a casa de outra família sua conhecida, também eles “irmãos do Espírito Santo”. Ajoelhou-se e, como sempre fazia desde que se lembra de ser gente, rezou perante aquela coroa imperial, toda de prata, colocada sobre uma bandeja de pé alto, também em prata. No topo da coroa, uma pomba de asas estiradas. A sua mãe, pai, tios, vizinhos, toda a gente que conhecia, tinham fé e praticavam os rigorosos rituais do “culto do Divino Espírito Santo”. Todos participavam dos cortejos, das coroações, das sopas e das festas dos “Impérios”. Nunca se questionou acerca da origem deste culto. Desconhecia que as crenças e ritos do “Divino Espírito Santo” foram trazidos para os Açores pelos primeiros religiosos colonizadores, numa altura em que esse culto já estava em apagamento na Europa, pelo facto da igreja católica ter reconhecido que essas práticas não se coadunavam com a Bíblia. Ele não sabia nada disso. O que ele sabia era que para viver numa ilha, no meio do oceano, sujeito às agruras da natureza, não basta confiar apenas na força do Homem. Ele sabia que era fundamental ter fé, crer em algo a que se pudesse agarrar quando a terra treme, quando o alimento escasseia, ou quando inexiste médico para acudir a uma emergência. E a fé que lhe ensinaram a ter foi naquela “pomba”. Nunca tinha conhecido outra fé além daquela. Às vezes achava todas aquelas tradições demasiado exageradas e pouco condizentes com o estilo de vida que as pessoas têm fora daquele ambiente litúrgico. Porém, fora ensinado com tal fervor que, para ele, ser açoriano é ser devoto desse culto. Há uma identidade. Alguns dos acordes do hino do Espírito Santo estão presentes no hino da Região Autónoma dos Açores. É uma fé brutal. Apagou a vela e ficou ali por mais uns momentos. Sentia que tinha sido uma honra ter tido aquela coroa em sua casa durante aquele mês.
(continua)

Alemanha Multikulti

Vale a pena ler isto.

Festa no Céu

Hoje, mais duas vidas entraram para a membrasia da Igreja. Duas senhoras. Curiosamente, ambas converteram-se do outro lado do oceano. Uma delas, açoriana, converteu-se na América do Norte, aquando da visita a uma tia, ali emigrada. A outra senhora, converteu-se no Brasil, seu país de origem, acabando por vir a fixar residência nos Açores, onde se encontra casada com um açoriano. Foi uma alegria muito grande para a igreja receber estas duas irmãs como novos membros. O nosso desejo e oração é ver agora a sua família também rendida a Cristo.

3 de julho de 2010

Agradecimento

Esta semana a minha mãe terminou os tratamentos. Terminou "com êxito", segundo os médicos. Quando, há cerca de 3 meses atrás, recebemos o primeiro dignóstico, a palavra "êxito" parecia impossível de alcançar. Mas para Deus nada é impossível. A luta foi muito grande, muito intensa. Mas agora é tempo de respirar fundo e dar graças a Deus. É tempo de descansar, gozar férias e confiar que tudo irá continuar "com êxito" nas consultas de controlo.
(Agradeço muito a todos os que intercederam connosco pela minha mãe. O Senhor ouviu. O Senhor agiu. Louvado seja o Senhor!)

O homem dos sete ofícios

Já uma vez aqui escrevi sobre este homem (ver aqui).Trabalha no aeroporto da Ilha do Corvo e faz o serviço de terra sozinho. Uma amiga minha esteve no Corvo e registou estes factos. Deixo-vos as fotos:

Aterrado o avião, traz as peças de "travar" as rodas.

Depois, vai buscar uma máquina para ligar ao avião...

...coloca os cones...

Carrega, descarrega as malas e conduz a carrinha.

Pronúncia

- "Mamã, ensinas-me a fazer bolhas com a gama?" (bolas com a pastilha elástica)
(O curioso é que ele tem as expressões, mas o sotaque é continental... vá lá, 90% continental)

26 de junho de 2010

Cântico Açoriano

(Tradução? Quem arrisca?)

Está-se bem (nos Açores)

Ontem, feriado. Hoje, tolerância de ponto. Amanhã, sábado. Depois de amanhã, domingo.

24 de junho de 2010

Continentais

Aeroporto de Ponta Delgada. Entro no autocarro que leva os passageiros até ao avião da SATA e deparo-me com um grupo de pessoas do Continente. “Que ilha é esta?”- perguntava um deles. “Opá, isto é Ponta Delgada… ora, Ponta Delgada acho que é em S. Miguel… ó Zé, isto é a Ilha de S. Miguel, não é? “ (pausa) “Isto é muita calminho… é muita tranquilo…” – num tom de gozo. Depois acharam muita graça por não haver lugares marcados no avião. Curioso... há 5 anos atrás, quando vim para os Açores, acho que também pensava assim e provavelmente dizia coisas semelhantes a estas. Também eu achava o Continente uma super potência em relação aos Açores. Hoje, é diferente. Creio ter abandonado completamente a arrogância (e ignorância) continental. Consigo perceber o sentir dos açorianos e sei que não gostam nada quando se diz que “Em Portugal é que é”, como se os Açores não fizessem parte do território português. E confesso que, em pleno voo, quando o avião começou a abanar (apanhámos uns belos ventos cruzados na descida para a Terceira) e aquele grupo do Continente começou a suar e a agarrar-se às cadeiras, dizendo “O que é isto?”, eu e mais dois senhores açorianos sorrimos uns para os outros, tendo um deles dito assim: “Não se assustem, nós já estamos habituados a isto! São só ventos cruzados. Ainda vos falta experimentar um poço de ar!”
(lol)

Pormenores


Mesa do "chá", no final da reunião de mulheres da nossa igreja.

22 de junho de 2010

Portugueses

Em pleno Mundial, muito se tem falado acerca dos portugueses de sotaque brasileiro que integram o plantel da selecção. Ora é porque a selecção está cheia de "brasileiros", ora é porque se os "brasileiros" não cantam o hino nacional é porque de certeza que não sabem a letra (como se todos os "portugueses" a soubessem de cor...), enfim. Ontem li um comentário num site desportivo que me deixou arrepiada. Dizia alguém, referindo-se à ausência de Deco, por lesão, que “agora é que vamos ver jogar os verdadeiros portugueses”! Medonha esta afirmação. Como é que nós, que temos cinco portugueses emigrados para cada estrangeiro que vive em Portugal, podemos tratar assim aqueles que escolheram o nosso país para viver e que o adoptaram como sua pátria? Não são muitos milhões de portugueses também franceses, americanos, suíços, brasileiros? E não estão também eles a contribuir para o bem daqueles países? E se os nacionais de origem desses países os chamassem de “falsos nacionais”? Pois.

Uma aventura nas compras

Escondidos na Modalfa. Não se pode tirar o olho deles...

Reencontro

Depois de quase oito semanas de tratamentos diários, os médicos deram uma semana de "férias" à minha mãe. Curiosamente, nessa sua semana de descanso, foi-me agendada uma viagem em serviço a Lisboa. Um presente de Deus. Na viagem de avião, estava um pouco ansiosa pelo momento em que iria reencontrar a minha mãe. Sabia que ela ía estar à minha espera no aeroporto. Assim que passei as portas das "chegadas", procurei o rosto da minha mãe entre o de dezenas e dezenas de pessoas que ali estavam... e, de imediato, encontrei logo o seu sorriso rasgado e emocionado (o mesmo sorriso que, há 4 anos atrás, descobri que também sei fazer na perfeição: o sorriso de mãe). Retribuo-lhe o sorriso e apresso-me na sua direcção para a abraçar. Enquanto caminho para ela, penso para comigo: "Meu Deus, ninguém diz que a minha mãe está doente! Ela está óptima..". Foi muito pouco o tempo que estivemos juntas, mas soube tão bem. Vejo muito a Mão de Deus em toda esta situação. Perante um diagnóstico tão delicado, os tratamentos estão a fazer os seus efeitos e "acima das expectativas" dos médicos, como eles próprios disseram. Agradeço muito a todos os que oram pela minha mãe. Sei que são muitas pessoas. Obrigada, de coração.
Há momentos em que nos dedicamos mais a ouvir do que a falar. É assim que tenho vivido os últimos tempos e creio que é assim que vou continuar. Porém, decidi acabar com o jejum de blogue. Tenho saudades de escrever. Faz-me tão bem... E têm acontecido tantas coisas boas que é uma pena não partilhá-las convosco. Resumindo, estou de volta.

29 de maio de 2010

2 anos

Fez ontem dois anos que recebemos este presente lindo de Deus. A nossa filha. Linda, meiga, esperta e muito vaidosa. Todos os dias, enriquece as nossas vidas. Amamos-te desmedidamente. Muitas bênçãos sobre a tua vida, filha! E muitas graças a Deus pela nossa Mimi.

17 de maio de 2010

Farmville live

A nossa vizinha (cabra) foi mãe de dois, na 6ªf passada. Na foto, os nossos filhos a presenciar o momento. Privilégios de quem vive no meio da natureza.

12 de maio de 2010

Dia das Mães - testemunho

No domingo passado, celebrámos o Dia das Mães e o meu marido pediu-me para dar um testemunho sobre a minha mãe, na igreja. Não me recordo de tudo o que disse (saiu do coração), mas deixo-vos aqui (e especialmente a ti, mãe) o meu testemunho:
“Nasci no dia de anos da minha mãe, no dia em fez 26 anos. Por causa disso, e para quem não sabe, também me chamo Celeste, como ela. A minha mãe diz sempre que eu fui uma prenda. Quando eu era bebé, a minha mãe dedicou-me ao Senhor, na Assembleia de Deus, igreja de que ela e o meu pai eram membros. Guardo com muito carinho a foto da minha dedicação: eu com uma chucha enorme, ao colo da minha mãe, sendo dedicada ao Senhor. Penso que esta foi uma das coisas mais importantes que a minha mãe fez por mim: dedicar-me a Deus. Nós, pais, somos imperfeitos e por mais que queiramos fazer o melhor aos nossos filhos, vamos falhar. Mas, se os entregarmos a Deus, o Senhor vai cuidar deles, vai completar aquilo que não conseguimos fazer e, então, podemos ter paz. Quando eu era pequena, a minha mãe era a mais bonita das mães. Hoje todas as mães são bonitas, mas quando eu era pequena, as mães eram todas iguais, rechonchudas, vestidas de preto. A minha mãe não. Sempre gostou de se vestir e calçar bem, sempre elegante. A minha mãe foi sempre muito lutadora, muito trabalhadora. Numa altura em que ainda era comum muitas mulheres não trabalharem fora de casa, a minha mãe montou o seu próprio negócio. Comprava, vendia, negociava. Sempre incentivou muito os três filhos a estudar e a tirar um curso superior. E Deus honrou-a: os três completaram os estudos. E ela tem muita vaidade nisso. Ainda hoje quando me envia uma carta, dirige-a à “Dra. Adriana”, apesar de eu não gostar nada destas coisas. Na juventude, não a compreendia muito bem. Ela não me deixava sair. Aliás, deixava se ela também fosse comigo. Depois de eu ser mãe, consegui compreendê-la melhor e o meu amor por ela tornou-se mais forte. Não sei explicar muito bem isto, mas é o que se passou. Quando casei e mudei-me para longe dela, primeiro para Lisboa e depois para os Açores, para acompanhar o meu marido no ministério, foi muito difícil para ela, sei que foi. Mas ela aceitou. Hoje a minha mãe está a passar por uma luta grande, está doente, mas ela acredita que vai correr tudo bem. Eu também acredito e peço aos irmãos que continuem unidos a nós em oração. De tudo o que possa dizer sobre a minha mãe, o mais importante foi mesmo ela ter-me sempre encaminhado para a igreja, para a Palavra de Deus. Foi o melhor que ela fez por mim.”

10 de maio de 2010

Glorioso

"O Benfica ganhou esta cidade!"
(comentário do meu filho, ontem, perante a festa benfiquista)

6 de maio de 2010

Humor açoriano - "Já tirou o papelinho?"

Buraco negro

Eu não gosto nada que o meu marido tenha apelidado a minha mala de “buraco negro” (no sentido de que absorve tudo). A meu ver as milhentas coisas que tenho na minha mala têm todas uma explicação lógica para lá estar e, enfim, eu oriento-me. Porém, desde que o meu marido encontrou, recentemente, dentro da dita mala, um telemóvel que eu havia perdido há meses, tendo inclusivamente já pedido uma 2ª via do cartão, que usava noutro aparelho (mais humilde), tive de corar de vergonha e render-me às evidências. A minha mala é mesmo um buraco negro.

Diálogos

Enquanto arrumava umas coisas na sala, o meu filho, sentado ao computador, fazia um jogo interactivo. No final do jogo, o computador pergunta-lhe:
-"Queres jogar mais uma vez?"
E, inesperadamente, ouço-o responder ao computador: -"Não, não, obrigado. Esse jogo é um bocado saturante."
(parti-me a rir)

Mimos de Pai

Já aqui tenho escrito que não acredito muito em coincidências. E, ontem, num dia tão difícil para mim, recebi uma notícia muito boa. Ao final da tarde, fui chamada para receber a minha avaliação de desempenho do ano passado. Tive uma nota muito boa, não esperava tanto. Foi muito motivador. Principalmente pela nota que tive em relacionamento interpessoal. Isso foi muito importante para mim, pois é nesse ponto que está o meu testemunho cristão. Foi uma alegria muito grande. Um miminho de Deus, para terminar o meu dia a sorrir.

5 de maio de 2010

Há dias mais fáceis, há dias mais difíceis. A quarta-feira é um dia especialmente difícil de viver longe de ti. O meu pensamento foge constantemente para aí. É difícil concentrar-me no meu trabalho. É difícil concentrar-me no que quer que seja. Queria estar agora contigo no IPO, enquanto fazes os tratamentos. Talvez não adiantasse de muito, pois provavelmente não me deixariam entrar e teria de ficar na sala de espera o dia todo. Mas estar aqui, com este mar imenso a separar-nos, é uma dor. Resta-me orar por ti. E logo, quando te telefonar, sei que vais atender com o teu “Olá” bem-disposto e confiante, e vais dizer-me que correu tudo bem e que não sentes nada de especial. Sinto muito o poder da oração no teu “Olá”, sabias? Está muita gente a interceder por ti. Vai correr tudo bem. Lembra-te que “tu com o Senhor és maioria absoluta”, como escreveste na dedicatória do meu livro de curso. Não estou aí, mas estou. Podes ter a certeza que estou. Um abraço gigante, mamã.

3 de maio de 2010

A nova sala



-“Mamã, quando é que vamos à igreja?”
-“Quando é que queres ir?” – pergunto-lhe de volta, já a antever a resposta dele.
Resposta: “Agora!”
A razão deste desejo tão grande que o meu filho tem de ir à igreja tem a ver com a nova decoração da sala das crianças. Uma equipa formada pelos professores das crianças, alguns jovens e outros irmãos voluntários, uniu-se para redecorar a sala dos mais pequeninos. Com poucos recursos, mas com muita imaginação, pintaram a sala, os móveis, decoraram o candeeiro com bonequinhos, colocaram novas cortinas, tudo com muito gosto. As crianças da igreja estão felicíssimas com a sua sala. Não se tiram de lá.
Também eu estou muito feliz, em especial pela iniciativa deste grupo de irmãos, que voluntariamente deram do seu tempo para estar ali a trabalhar (chegaram a ficar até às onze da noite a pintar), apenas por amor a Deus e ao ministério com crianças.
Que o Senhor muito abençoe estes irmãos e estas crianças.

27 de abril de 2010

Feitio

É um absurdo, admito. Mas é incontrolável. Não consigo ver um episódio completo do “Querido, mudei a casa” sem me emocionar. Sei que é hipersensibilidade. Na verdade, é mais do que isso, é mesmo parvoíce minha. Mas, quando os donos da casa remodelada aparecem de venda nos olhos, eu começo logo a sentir os meus olhos a arder… e o meu marido a olhar-me de esguelha, a preparar-se para gozar um bocadinho comigo. E eu fazer-me forte (aguenta-te!). Mas quando tiram as vendas dos olhos dos senhores, o caldo entorna-se de vez. E as lágrimas caem-me pelo rosto. E o meu marido diverte-se. É uma festa.
Não é só com o “Querido” que isto me acontece. Ainda no domingo passado fiquei assim ao ouvir a Rita Guerra a cantar músicas do 25 de Abril. Poderia aqui relatar muitas outras situações análogas, mas não vale a pena. Não é defeito, é feitio. E quanto a isso pouco há a fazer.

Ai, o que eu fui dizer…

Num tom triste, o meu filho diz-me assim: -“Mamã, o meu amigo A. nunca vai à igreja…” (o amigo A. é um dos seus melhores amigos, apesar das discórdias futebolísticas, pois o amigo é adepto do F. C. Porto)
-“Porque é que não o convidas para ir à igreja contigo?” – respondi.
-“Ele não quer. Eu acho que é porque Jesus é do Benfica e ele não gosta.” – diz muito convicto.
Estupefacta com a resposta (e ao mesmo tempo com vontade de rir) tento explicar-lhe que “Jesus não é do Benfica; Jesus gosta dos meninos dos clubes todos!”
Furioso, levanta a voz e, já a querer chorar, responde: “Jesus é do Benfica sim senhor! É do Ben-fi-ca!”

26 de abril de 2010

Ontem, dia de Festa

Ao preparar a lição da escola bíblica desta semana, deparei-me com uma frase que me prendeu a atenção. Dizia assim: “a igreja evangélica deverá preocupar-se mais com a qualidade dos crentes, do que apenas com a quantidade.” Certíssimo. Essa “preocupação” tem de estar sempre presente nos nossos corações e em tudo o que fazemos para o Senhor. E, nos tempos que correm, em que os padrões morais da sociedade andam pelas ruas da amargura, viver um cristianismo de qualidade (santidade) é um desafio tremendo, que nem todos estão dispostos a abraçar. No entanto, não podemos esquecer a “quantidade”. Não podemos deixar de orar por vidas novas convertidas a Cristo.
Curiosamente, ontem de manhã, a caminho da igreja, o meu marido orava ao Senhor dizendo que sentia saudades de ver alguém converter-se a Cristo. Ora, aconteceu que, depois da pregação, o meu marido disse à congregação que estava à disposição para conversar com quem quisesse tomar a decisão de seguir a Cristo. Infelizmente, eu não estive presente no culto, pois o nosso filho acordou a arder em febre. Mas, vou contar-vos o que se passou: terminado o culto, uma rapariga, que vem assistindo aos cultos há vários meses e que tem revelado muita sensibilidade à Palavra do Senhor, disse ao pastor que “era hoje” o dia em que iria entregar a sua vida a Jesus. A igreja toda orou em conjunto por esta vida e foi em festa que terminou o culto de ontem. Glória e honra ao Senhor! Ontem, foi dia de Festa no Céu!

23 de abril de 2010

Abriu um novo Banco

Ainda sobre a reportagem referida no post abaixo, houve uma coisa que aprendi e que aproveito para aqui divulgar: Desde o início deste ano, as mamãs que estão a amamentar podem doar leite materno para ajudar a salvar bebés prematuros. Ver aqui.

Legendas

Por estes dias, passou na RTP2 um programa sobre bebés prematuros. Um dos casais que apareceu na reportagem era da Ilha de São Miguel. Claro está, colocaram-lhes legendas. A mim, que até nem sou açoriana, aquelas legendas fizeram-me cá umas cócegas… é que eu achei que se percebia perfeitamente o que os senhores estavam a dizer, não era um sotaque daqueles mais fechados. A este respeito, um colega meu partilhava comigo (e com razão) o seguinte: “E porque é que não colocam legendas quando aparecem na TV aqueles continentais lá do norte do país com sotaque cerrado? Nós também temos dificuldade em percebê-los!”
(está bem visto...)

22 de abril de 2010

Lusitânia

Descobri este autor na revista de bordo da “SATA” e acho muita graça à sua escrita. É açoriano, nascido na minha geração, e chama-se Joel Neto. Deixo-vos um cheirinho do texto que escreveu sobre o fim do Sport Clube Lusitânia:
“O primeiro jogo de futebol que assisti ao vivo foi um Lusitânia-Angrense, decorria talvez o ano de 1981 e sentiam-se ainda, um pouco por toda a ilha, os ecos do terramoto que nos dizimara no ano anterior. Não tenho na memória todos os pormenores desse acontecimento épico, mas sei que comi amendoins, que me passeei entre a bancada, o peão e a cabeceira Poente do Campo de Jogos de Angra do Heroísmo, onde os automóveis eram estacionados mesmo atrás da baliza para as senhoras poderem espreitar a festa enquanto faziam renda – e que o Lusitânia venceu, depois de um guedelhudo do meio campo do Angrense ter tentado expulsar o árbitro (não me peçam para explicar), acabando ele próprio expulso, com dramáticas consequências para a resistência da sua equipa.” (…) “Pois esse clube, símbolo de um povo, vive os seus últimos dias, depois do fracasso de sucessivas assembleias gerais destinadas a engendrar uma solução para o passivo que acumulou enquanto andou a brincar ao basquetebol. Esse clube que foi 21 vezes campeão dos Açores, 38 vezes campeão da Terceira e o primeiro do arquipélago a chegar aos nacionais; esse clube que encantou a minha geração, que encantou outras quatro ou cinco gerações antes da minha e que ainda hoje tinha mais de 500 atletas em acção – esse clube a que chamávamos “Lusitana”, ou mesmo “Sténia”, consoante a freguesia de que vínhamos ou as aspirações que cultivávamos, acabou. Não acabou com o futebol, note-se: acabou. E o mínimo que podemos fazer é chorá-lo. E, se entretanto nos restar a dignidade, envergonharmo-nos de tê-lo deixado morrer também.”

20 de abril de 2010

Coincidências

Há coisas que não podem mesmo ser coincidência. A minha mãe tinha um exame marcado, que foi adiado e depois remarcado para uma data em que, por acaso, eu já tinha programado estar no continente, junto dela. Assim sendo, pude acompanhá-la nesse exame. Era um exame rigoroso, acrescido de toda carga emocional que estas situações envolvem. Por isso, foi um presente de Deus podermos tê-lo feito na companhia uma da outra.
Chegadas ao local do exame, e apesar do carinho que se sente no trato dos profissionais que recebem estes doentes, sente-se sempre aquele friozinho no estômago. São tantas as incertezas. Na sala de espera, havia um plasma, onde o Benfica perdia 2-0 frente ao Naval. Tudo parecia perdido. O Naval jogava (e bem) em casa. Porém, o jogo estava ainda no início. De repente, uma senhora, a única que estava connosco na sala, adepta ferrenha do Benfica, grita “GOLO”! Era o primeiro do Benfica. Pouco depois, a mesma senhora grita novamente “GOLO”! Estava feito o empate. Foi neste ambiente de celebração e euforia que a minha mãe foi chamada para a sala do exame. Durante os quarenta minutos que a minha mãe esteve “dentro de um forno”, como ela descreveu mais tarde, eu fiquei do lado de fora da sala de exames, deambulando de um lado para o outro, orando por ela, com pele de galinha pelo som estridente daquela máquina. E, enquanto isto, o Benfica, imparável, marcava outro e mais outro golo. Quando a sala da porta de exames se abriu, a minha mãe sorriu, perguntou-me pelo Benfica e eu disse-lhe que ganhámos. Demos gargalhadas juntas. Já no carro, comemos o farnel que trouxemos de casa e fomos na conversa até casa, onde chegámos já depois da meia-noite. Há coisas que não podem ser mesmo coincidência. E que tal como aconteceu com o Benfica, que também na tua doença Deus possa operar uma reviravolta, mamã.