23 de abril de 2013

18 de abril de 2013

Adaptação

Já se passaram dois meses desde que deixámos os Açores. Creio que a adaptação à nova vida no continente tem, no geral, corrido muito bem. Há sempre dificuldades que vão surgindo e que, com calma e na dependência de Deus, vamos ultrapassando. Ainda não regressei ao meu trabalho, encontrando-me ainda a aguardar pela conclusão do meu processo de transferência para cá. Um atraso que não estava previsto, mas que Deus permitiu que acontecesse. E, na verdade, tem sido até bom poder estar em casa, pois tenho podido acompanhar os meus filhos, o meu marido e a igreja de uma forma muito especial. Mas continuamos em oração pelo meu trabalho e que tudo se possa resolver. Os meninos estão já integrados na escola e na igreja, apesar de ainda falarem muito dos Açores e dos amigos que lá deixaram. Às vezes, é difícil ouvi-los falar das saudades. Há dias, o meu filho falava com o seu melhor amigo (pelo Skype), que era seu colega de turma, e perguntava-lhe: "Tá tudo bem na escola? Tens ído à igreja?". Parte o coração. Também nós lembramo-nos muito dos Açores, mas consolam-nos as boas notícias que temos recebido de lá, de como tudo vai bem, e do bom trabalho do novo pastor. A igreja está muito animada, unida e envolvida no serviço ao Senhor. Mas este tempo tem sido também muito especial para mim. Tenho tido tempo para reflectir,  para conhecer as pessoas e principalmente para aprender do Senhor. Coisas muito especiais já estão a acontecer e creio, de todo o coração, que grandes coisas vão acontecer. Para honra e glória de Deus!

:)

Poucos dias depois de chegarmos, o meu marido fez anos. Quando cortou o bolo, apercebi-me que o fez à "moda" açoriana: uma bola ao centro, a partir da qual são cortadas pequenas fatias. São marcas de oito anos de Açores, que provavelmente nos acompanharão para sempre.

10 de abril de 2013

2 anos

Foi há 2 anos atrás, no início de uma tarde de domingo, que nasceu o Tomás David, o nosso açoriano mais novo. É um menino doce, simpático, muito amado por todos. É difícil arranjar uma foto dele em que não esteja a comer uma bolacha ou um pedaço de pão (é um bom garfo). É apaixonado por baterias e bolas de futebol. Tem um sorriso meigo e ri-se também com os olhos. Já celebra o 2º aniversário no continente, onde já aprendeu a chamar elevadores e a andar em escadas rolantes. Deus te abençoe muito, querido filho. És um tesouro tão grande que só podemos mesmo agradecer muito a Deus por cada dia de vida que podemos partilhar ao teu lado. Que cresças sempre com muito amor e temor pelo nosso Deus.

6 de abril de 2013

Vida Nova

Ainda a respeito da Páscoa, vou aqui partilhar uma história. Passou-se comigo e creio que expressa bem aquilo que, para mim, a Páscoa representa: preço pago, absolvição, vitória, gratidão e vida nova. Estava no início do meu estágio, quando fui nomeada defensora de um homem que esteve envolvido num acidente de viação de que resultou a morte de um jovem casal. Um trauma muito grande. O acidente tinha acontecido há muitos anos atrás e, desde então, a vida daquele homem era um tormento. Durante todos aqueles anos, viveu uma depressão profunda, perdendo noites de sono, revivendo as cenas do acidente vezes sem conta, com uma culpa enorme sobre os ombros. Estava tão arrependido de ter feito a manobra que fez. Mas nada havia a fazer agora. Tentou evitar a justiça durante muito tempo, pois tinha medo de ser preso. Mas, no dia em que conversou comigo pela primeira vez, disse-me que estava cansado de resistir e de sofrer e que ía mesmo apresentar-se a julgamento. Preparei-me o melhor que pude para ajudar aquele homem e, chegado o dia, fomos presentes ao juiz. Ele tremia imenso, tomado pelo medo. Achava que ía ser condenado. Na sala de audiências, o Juiz abriu o processo, folheou, folheou... e, de repente, vira-se para nós e diz-nos que tinha havido uma amnistia (perdão) para os crimes daquele tipo que tivessem sido praticados há determinado número de anos atrás. Nunca esquecerei a expressão de alívio daquele homem... olhos marejados e um sorriso a querer esboçar-se... "Estou perdoado?" Sim, tinha sido perdoado. "Acabou, acabou a tortura", dizia-me à saída. "Agora, é vida nova". Páscoa é também isto. Fomos livres de uma condenação que era certa porque Alguém (Jesus Cristo) dispôs-se a receber essa condenação no nosso lugar. E cumpriu a pena. Pena de morte. Mas ressuscitou e somos vitoriosos Nele. Vida nova é o que Jesus oferece a quem se arrepende do mal que pratica. Uma vida de profunda gratidão e amor pelo Libertador.

1 de abril de 2013

Generosidade

O meu pai veio passar o fim-de-semana da Páscoa connosco. No sábado à noite, o nosso filho mais velho, que ainda está a adaptar-se à dimensão das coisas no continente, disse ao avô, num tom muito entusiástico: "Avô, amanhã vais ver uma igreja (Queluz) que tem umas mil e duzentas pessoas!"