17 de julho de 2012

ABA

Lembro-me como se fosse hoje. Estava na loja da minha mãe, quando entrou um senhor, com muitos posters de publicidade na mão. Tinha mais ou menos a idade dos meus pais. Aproximou-se da minha mãe e perguntou-lhe: “Posso fazer-lhe uma pergunta, por curiosidade?” A minha mãe disse que sim. Então, ele continuou: “Porque é que a sua loja se chama Apocalipse”? Já não me lembro bem da resposta da minha mãe, mas penso que lhe terá falado das suas origens evangélicas (apesar de, naquela altura, não estar a frequentar nenhuma igreja). Então, o senhor pediu autorização para afixar um poster na porta da loja. Era o pastor da Igreja Baptista. Íam passar um filme sobre Jesus e estavam a convidar as pessoas para assistir ao filme. Este foi o meu primeiro contato com o Pastor Diné Lóta. Não me lembro se fui ver o filme, mas nesse mesmo ano, no Natal, o meu avó (que, entretanto, tinha começado a frequentar a Igreja Baptista) levou-me àquela igreja. A partir daí, continuei sempre a ir, com meu avô e os meus irmãos. Mais tarde, recebi Jesus como meu Salvador e fui baptizada pelo pastor Diné (no dia da foto). Passados poucos anos, penso que 4, o pastor e a família regressaram ao Brasil, terminando a sua experiência missionária em Portugal, a qual tinha começado, curiosamente, no Faial e Terceira. O Pastor e a irmã Leila foram dois servos de Deus marcantes na minha vida. Nunca mais os reencontrei, mas, esta semana, e 26 anos depois de terem deixado os Açores, vão voltar ao Faial. O Pastor Diné vai ser o orador da 32ª Assembleia Geral da Associação Baptista Açoriana (ABA) que, este ano, vai ter como igreja anfitriã a Igreja da Horta. Estamos muito entusiasmados e felizes por podermos ter estes irmãos tão queridos connosco. Na ilha, muitas pessoas, mesmo fora da igreja, ainda hoje recordam esta família pelo seu bom testemunho e simpatia. A Igreja da Horta está a desdobrar-se em preparativos e oração. Acreditamos que vamos ter uma Assembleia da ABA muito abençoada. Que o Senhor possa ser honrado nestes dias e mais vidas alcançadas.

13 de julho de 2012

Vida plena

Quando a minha mãe adoeceu pela primeira vez, em 2010, houve um irmão, que assistia aos cultos na nossa igreja, que chegou junto de mim e entregou-me uma folha de papel, para eu dar à minha mãe, onde tinha escrito, pela sua mão, diversos versículos bíblicos muito apropriados para situações de doença. Eram versículos de ânimo, consolo e confiança no Senhor. Entreguei aquele papel à minha mãe, que ficou muito grata a este irmão. Pois bem, não é que esse irmão ainda faleceu primeiro que a minha mãe?! Afinal, também ele tinha um cancro e não sabia disso. É assim a vida humana, muito frágil... Hoje estamos cá, amanhã não sabemos. E quando convivemos de perto com situações destas, percebemos que o tempo de vida que Deus nos dá não é para desperdiçar. Esta foi uma das coisas mais importantes que a minha mãe me ensinou nos seus últimos dias. Das últimas vezes que falámos ao telefone, disse-me que se Deus lhe desse mais algum tempo de vida, ía passar o resto dos seus dias nos hospitais, a dar abraços aos doentes. Amar o próximo. Coisas que valem a pena. Por vezes, temos objetivos de vida tão vazios. Outras vezes, andamos a adiar decisões que deviam ter sido tomadas já ontem (como se fossemos eternos). Viver uma vida com o foco certo: Cristo. Estar prontos, de bem com Deus e de bem com o próximo, se o Senhor me chamar hoje.

11 de julho de 2012

:)

Esta foto foi tirada numa tarde de pesca do meu filho com o pai e o irmão V. Ao ver a fotografia, comentei: "Que barco lindo!" Resposta do meu filho: "Lindo nada! Estragou-me a pescaria toda!"
(lol)

Céu

Sentados à mesa, prontos para começar a jantar, a minha filha fez uma oração de agradecimento a Deus pelos alimentos. No meio da oração, pediu também a Deus que ajudasse a avó a ficar boa. Terminada a oração, o meu filho mais velho perguntou à irmã: “Porque é que oraste pela avó?” E a minha filha, na pureza dos seus 4 anos, respondeu com estas palavras: “Jesus pode curar, por isso pedi pela avó, para ela não estar doente”. Ao ouvir esta resposta, o meu filho deu esta explicação à irmã: ”Não precisas de orar mais pela avó, pois ela já não está doente. A avó agora está no Céu!”
O meu marido e eu, ao ouvirmos isto, trocámos um olhar emocionado. Com apenas 6 anos, o nosso filho já compreendeu que o Céu é um lugar onde não há dor, nem lágrimas, como diz na Bíblia.
Ele enxugará de seus olhos toda lágrima; e não haverá mais morte, nem haverá mais pranto, nem lamento, nem dor; porque já as primeiras coisas são passadas. (Apoc. 21:4)

10 de julho de 2012

Ilha Azul


Esta é minha altura do ano preferida, aqui na ilha. As hortênsias azuis estão por toda a parte: à beira das estradas, separando campos, decorando as casas. Lindo de se ver. Quando vamos de carro, ficamos estarrecidos com a beleza das flores que nos envolvem de um lado e do outro. O azul arroxeado, misturado com os muitos tons de verde e o azul forte do mar, batido pelos raios de sol. Tudo muito arranjadinho, muito limpo. Há uns anos atrás, também nesta altura do ano, recebemos a visita de uma irmã muito querida, do continente, e, enquanto dava a volta à ilha, de carro, ao ver as hortênsias a perder de vista, dizia repetidamente "Ai...Glória a Deus! O Senhor seja louvado!" É mesmo isso. A paisagem paradisíaca dos Açores fala-nos muito sobre a beleza e a majestade do Criador. É tremendo! Em especial nesta altura do ano, em que os caminhos estão repletos de "novelos" azuis. Maravilhoso.

5 de julho de 2012

Piquenique

No passado dia 10 de Junho, a Igreja Baptista da Horta teve o seu piquenique anual. É um convívio que reúne as famílias da igreja e amigos dessas famílias, numa animada partilha de alimentos (todos provam os cozinhados uns dos outros), colmatada pelo já famoso concurso de sobremesas (e abro aqui um parêntesis para sublinhar o 2º lugar arrecadado este ano pelo meu marido e os seus morangos cobertos de chocolate). Ao longo da tarde, há ainda lugar para uns jogos de futebol, volley, para um mergulho no mar (para os corajosos, que o Junho aqui ainda é frio…) e para cantarmos juntos louvores, ao som da guitarra. No final, há sempre lugar para a oração e a fotografia de grupo. Um grupo que Deus tem vindo a acrescentar ano, após ano, para Sua glória! Um dia bem passado, em família!

3 de julho de 2012

Corações doces

Após termos recebido a notícia da partida da minha mãe, apanhámos o 1º avião para Lisboa, na manhã seguinte. Durante a viagem Açores/Lisboa, é servido um pequeno lanche: uma sandes, um sumo/café e um pequeno bolo. Como a viagem tem a duração de 2h30, ao que acresce o tempo que estivemos no aeroporto antes de embarcar, normalmente nunca sobra nada daquele lanche (e mais houvesse). As crianças até só costumam comer o bolo e apenas petiscam a sandes, pois esta leva quase sempre coisas que eles não gostam: patês, atum, picles e coisas do género. Pois, para meu espanto, o meu filho mais velho pegou no bolo e guardou-o naquele saquinho que nos dão para o caso de uma agonia. Perguntei-lhe porque fazia aquilo e respondeu-me que queria guardar o bolo para dar ao avô. Disse-lhe que comesse o bolo descansado (eu sabia que ele estava desejoso por comê-lo) e que depois comprávamos outro bolo, numa pastelaria, quando chegássemos ao Continente. Mas ele não aceitou. “Eu quero dar o meu bolo ao avô porque ele está triste.” Quando chegamos ao pé do avô, entregou-lhe o bolo (todo amassado) e o avô, que ficou muito tocado pelo gesto dele, comeu-o no momento! A satisfação do meu filho foi absoluta.

Desde que regressamos do Continente, tenho-me apercebido de uma frase diferente nas orações do meu filho: “Senhor, abençoa o avô que agora vive sozinho”.

São pequenos pormenores que vou guardando no meu coração, agradecida a Deus por estes traços de caráter do meu filho, um “coração doce”, como diz o avô.

Já a minha filha, que é mais nova do que o irmão, tem outra noção das coisas. Mas acho curiosa a serenidade e a alegria com que ela diz a toda a gente que a avó foi viver com Jesus, no Céu. E nem está nada aborrecida com isso, acha naturalíssimo e diz que um dia quando for velhinha também vai morar para o Céu. A sua atitude é um exemplo para mim, um refrigério.
Dou muitas graças a Deus pelos meus filhos.

2 de julho de 2012

Agradecimento

Venho aqui agradecer profundamente por cada palavra e por cada oração que vocês, meus amigos, têm dirigido a mim e à minha família. Reconheço que a paz, o consolo e a força que temos sentido nos nossos corações só pode ser dada por Deus. Tenho muita pena de já não ter a minha mãe neste mundo. Falavamos todos os dias ao telefone. Falavamos de tudo. Nem parecia existir um oceano entre nós. O vazio deixado pela sua ausência está sendo preenchido, a cada dia, pelo consolo maravilhoso de a saber no Céu, com Jesus. Obrigada, mais uma vez, por todo o amor recebido. Um abraço a todos.