28 de fevereiro de 2012

Pormenores

Pela manhã, à porta de casa, enquanto sentamos os nossos filhos no carro, e carregamos as mochilas e malas, para os levar à escola, passa por nós um vizinho, tranquilamente, com um biberão de leite na mão, para uma vitelinha que estava no campo à espera de ser alimentada. “Meninos, olhem o que o vizinho leva na mão, estão a ver? É para uma vaquinha bebé!” Os nossos filhos esticam-se para ver a cena. São pormenores como este que dão um encanto diferente aos nossos dias. São assim os Açores.

Declaração de amor

Enquanto lhe secava o cabelo, a minha filha diz-me assim: “Mamã, tu estás aqui dentro do meu coração!" (e coloca as duas mãozinhas em cima do peito enquanto diz isto).
E continua: “E sabes o que é que tu estás a fazer dentro do meu coração, sabes?” (Pausa) “Estás a fazer papinhas!!”
lol

20 de fevereiro de 2012

Super Mulheres

Quando estive em casa, após o nascimento do meu filho, aproveitava as alturas em que o alimentava para ver o Dr. House. Vi as séries praticamente todas. Num dos episódios, aconteceu o seguinte com a Dra. Lisa Cuddy:
O despertador tocou ainda de madrugada. Ela desligou-o, levantou-se cheia de energia, e foi fazer um pouco de ginástica matinal (corajosa). Depois tomou um duche, vestiu-se, tomou o pequeno almoço, tudo em contra-relógio. No meio de tudo isto, a filha (pequenina) chorava por ter acordado doente, com febre. Uma confusão. Entretanto, chegou a empregada doméstica que ficou com a menina. Ainda antes de sair de casa, apareceu-lhe o namorado, para uma visita rápida, e ela teve tempo e disposição para isso. Saiu de casa e foi trabalhar. Tudo cenas muito corridas, muito intensas. No trabalho era um dia decisivo. Ía ter uma reunião de negócios importantíssima de que dependia o futuro do hospital que dirige. Foi um episódio tão stressante, tão rápido, corre para aqui, corre para ali, chatices, a filha doente, a secretária sempre a correr atrás dela com recados, etc, que eu estive sempre à espera do momento em que lhe ía dar um colapso. Mas nunca aconteceu. Ela aguentou-se rija o episódio todo, conseguiu sair vitoriosa da reunião de negócios, foi para casa ainda relativamente cedo e passou o resto do dia com a filha e o namorado, super bem-humorada e tranquila, a trocar carinhos.
Ao terminar o episódio, ficamos com a sensação de que aquela mulher é sensacional, uma verdadeira heroína. Mas, se virmos bem, ela fez tudo aquilo porque tinha uma pessoa em casa a limpar, a tratar das roupas, a cozinhar e que ainda cuidava da sua filha. Ela tinha também uma secretária pessoal que lhe organizava a agenda e fazia as tarefas mais aprisionadoras e burocráticas. E, acima de tudo, ela era superelegante, gira, inteligente, com tempo para tudo e mais alguma coisa, porque era a protagonista de uma série de ficção de sucesso. Mas, note-se, apesar de tudo, ela tinha apenas um namorado, não um marido. E o namorado não era o pai da sua pequena filha. Na verdade, nem era o namorado que ela gostava de ter. Poucos episódios depois, esse namoro terminou e logo começou outro, muito tumultuoso, com o House, mas que também vai terminar depois. Mas até isso não deve ser por acaso. É a imagem de uma mulher livre, desprendida, que não se submete à rotina, nem a um homem só. Mas, no fundo, é uma mulher infeliz no amor. E a sua criança vai crescendo sem uma presença paterna. É esta imagem da mulher-heroína que não gosto, não concordo e acho um exagero. Concordo que as mulheres ainda estão a percorrer o caminho da igualdade de género em diversas áreas. Mas é preciso ter atenção aos exageros. Falo por mim - se faço muitas coisas na vida é porque formei equipa com um marido excecional e um pai dedicado. Não existem super-mulheres. Não existem super-homens. Existem boas equipas.

14 de fevereiro de 2012

Um segredo de ouro

Ao longo do dia de hoje, o pensamento tem-me fugido constantemente para o Hospital da Horta. É lá que está, desde manhã cedo, a L., uma irmã da nossa igreja. Vai dar à luz uma menina. Sei que ela está com muito medo do parto. No domingo orámos por ela no culto. Nestas ocasiões, lembro-me sempre de um conselho de ouro que uma mulher me deu, pouco antes de nascer o meu primeiro filho. Também eu tinha algum receio, ainda mais porque nestas coisas da maternidade contam-se sempre muitas histórias, cada mulher tem a sua própria teoria, para além de muitos mitos completamente absurdos. Lembro-me de me perguntarem: “Vai ter o bebé aqui? Não o vai ter no Continente?” Ficava perplexa… E depois diziam-me que na Ilha o parto era só com uma parteira, sem médico. E que se fosse uma cesariana que faziam uma costura do tamanho da barriga inteira. Medonho. Até que, um dia, uma mulher, que teve aqui o seu filho, deu-me o seguinte conselho: “Quando estiveres em trabalho de parto, OUVE tudo o que te disserem para fazer e depois FAZ!” Tão simples quanto isto. Segui este conselho das três vezes que tive bebés e, de facto, é um segredo de ouro. Naquelas situações, é tudo tão difícil que a tendência é querermos assumir o controlo da situação e não querermos saber de nada nem de ninguém que esteja à nossa volta. Mas o segredo é fazer exatamente o oposto: dar o controlo a quem é entendido e obedecer. Um conselho de ouro, não só para ter bebés, mas que pode ser assumido com uma regra de vida entre nós e Deus.
(Obrigada, Sara G.)



(Entretanto, pela madrugada do dia 16, nasceu a Isabela, com 3.145Kg. Mais uma açoriana linda para o rol de bebés da nossa igreja.)

9 de fevereiro de 2012

7 de fevereiro de 2012

Dar o Nó

Chegou hoje no correio uma carta muito especial: o convite de casamento do meu irmão e da minha futura cunhada. Lindíssimo. O meu menino vai casar. O meu maninho que eu ía buscar à escola de bicicleta, transportando-o sobre o quadro (que perigo), bem aconchegadinho a mim. Tão pequenino que ele era, com um corte de cabelo à "cogumelo", muito lindinho que era (e é). Vai casar o meu menino. Estou muito feliz e também muito grata a Deus pela noiva maravilhosa que lhe deu. Que Deus os abençoe muito. Estou emocionadíssima. Pronto.

Biologia explicada

-"Mamã, eu e os manos viemos da tua barriga, não foi?" - pergunta-me com ar de quem já sabe a resposta de antemão.


-"Sim, claro... mas porque perguntas isso?"


-"Sabes, se tu fosses uma cavala-marinha quem ía ter os bebés na barriga era o pai!"


-"Ai sim? (risos) Que giro, não sabia disso..."


-"É verdade." - e continua - "As cavalas-marinhas sabes o que fazem? Passam o dia a olhar para o ar!"

(lol)

6 de fevereiro de 2012

Invasores

Recordo-me muitas vezes desta história que, para mim, representa também uma lição de vida. Há muitos anos atrás, ainda eu não tinha nascido, a minha mãe recebeu do pai um terreno agrícola. Recordo-me de ser pequena e de acompanhar, com entusiasmo, a abertura de um poço naquele terreno, com o objetivo de obter água para a rega das árvores de fruto que ali iriam ser plantadas. Recordo-me também de acompanhar os meus pais a plantar pessegueiros e outras árvores. Foi um trabalho aprazível, mas muito árduo, ainda mais por ter sido feito por pessoas “da cidade”, sem muita experiência nestas tarefas do campo. Para nossa alegria, as árvores começaram a crescer e a dar pequenos frutos. Recordo-me de comer uns pêssegos pequeninos, muito mirrados, mas que achámos maravilhosos por serem fruto do nosso pomar. Com o passar do tempo, começamo-nos a aperceber que as nossas árvores não íam passar daquilo e que os pêssegos grandes e suculentos nunca chegariam. Apercebemo-nos também que a água do poço era pouca. Foi então que alguém nos chamou a atenção para o facto do terreno do vizinho, mesmo coladinho à nossa plantação, ser um enorme eucaliptal! Ingenuidade nossa… Só arrancando aqueles eucaliptos, ou, pelo menos, mantendo uma distância mínima de 30/40 metros entre os dois terrenos é que algum dia conseguiríamos ter um pomar e água no poço. Nunca me esqueci desta lição. E quando vejo crentes que param de crescer, que dão frutos muito mirradinhos ou que deixam o seu poço secar, é porque deve existir um eucaliptal por perto. Que Deus nos ajude a manter a devida distância de tudo o que mata o nosso crescimento.

2 de fevereiro de 2012

Sete anos

Faz hoje sete anos que viemos viver para o Faial. Sete anos... Tantas coisas aconteceram desde então... Tantas lutas, tantas vitórias, tantas conquistas. Tantas vidas alcançadas pela graça de Deus… Éramos uns meninos, com quase dois anos de casados, ambos na casa dos vintes. O Miguel já vinha connosco, sem que soubéssemos. Nunca pensámos que aqui ficaríamos tantos anos. Mas o Senhor tudo sabe. E hoje é dia de dar muitas graças a Deus, pois até aqui nos ajudou o Senhor. E sempre ajudará.