27 de janeiro de 2015

Mudanças

E por estes dias mudámos mais uma vez de casa. Foi a nona mudança, nos últimos 12 anos. Estamos apenas a algumas ruas de distância da antiga casa, no entanto, a nova casa traz consigo algo muito importante: mais um quarto (para a nossa menina). Uma necessidade que vínhamos sentido desde há algum tempo e que agora o nosso Deus supriu. Estamos felizes :)

21 de janeiro de 2015

O verbo adrair

No carro, eu para o meu marido: "Sabes, quem aderir este mês à Deco ganha de prémio um tablet!"
Miguel, que ouvia a conversa no banco de trás, dá um salto e diz efusivamente: "Pai, por favor, adrai!" E repetia, gesticulando muito - "Adrai, pai, adrai! Por favor, adrai!" 

20 de janeiro de 2015

Educar no temor do Senhor

(Foto: a minha irmã e eu, em frente à sapataria dos nossos pais)
 
Antes de nos nascerem filhos, temos muitas ideias pré-definidas acerca dos pais que queremos ser e da forma como os iremos educar. Depois, na prática, as coisas não são assim tão lineares. Quando os nossos filhos nascem, temos uma vida já definida e é nesse contexto que eles vão crescer. É dentro dessa realidade que vamos procurar dar o nosso melhor, sob a orientação de Deus. É assim que procuramos fazer por aqui.
No meu caso, por exemplo, cresci no meio dos sapatos. Os meus pais eram comerciantes de calçado. Isto já vinha detrás, os meus avós também tinham tido uma sapataria (aliás, o meu avó era mesmo sapateiro). Foi na sapataria que passei boa parte da minha infância. Era a minha 2ª casa. Era ali que brincava. Era ali que fazia os trabalhos de casa. Era ali que lanchava. E isto não é tão divertido como possa parecer. Estar na sapataria era sinónimo de ter pais tão ocupados que não podiam estar connosco em casa às horas em que as outras crianças já estavam em casa. Os comerciantes começam o dia cedo e terminam-no mais tarde do que quase toda gente. Os sábados também são dias de trabalho e os feriados, por vezes, também o são. À hora em que as famílias já estavam em casa a jantar, muitas vezes, os meus pais ainda estavam a fechar a porta da loja e ainda íam fazer compras para o jantar. Recordo-me de ficar a fazer serão na loja, enquanto os meus pais atendiam viajantes, que vinham do norte do país, para mostrar as novas coleções. Dormi muitas sestas no banco onde os clientes experimentavam sapatos. Durante anos seguidos, a minha família não conseguiu gozar férias. Era assim mesmo, uma vida de muito trabalho. E nós, filhos, compreendíamos que era aquele o trabalho dos nossos pais e respeitávamos os seus compromissos, acompanhando-os sempre.
É interessante, mas pus-me a pensar sobre as memórias que guardo desse tempo e concluo que aquilo que mais me marcou foi isto que vou passar a enunciar:
- A minha mãe escolhia os sapatos que vendia na sua loja experimentando-os primeiro. Só comprava sapatos que fossem confortáveis e que dessem ‘bom andar’.
- Os meus pais eram incapazes de dizer a um cliente que uns sapatos eram de pele, se fossem de imitação de pele.
- Os meus pais eram incapazes de dizer a um cliente que os sapatos lhe ficavam bem, quando, na verdade, ficavam muito mal, ou quando abriam ‘bocas’ dos lados.
- Recordo o seu zelo em querer cumprir todos os seus compromissos financeiros para com os fornecedores, os bancos e as empregadas. Recordo lágrimas, recordo sorrisos, recordo orações ao Senhor pedindo auxílio e sabedoria.
- Recordo a ‘ginástica’ que faziam para acompanhar os filhos em todas as suas atividades, no percurso escolar, muitas vezes esgotados de cansaço, mas sempre impulsionando-nos para lugares altos e honrados.
-Não fizeram tudo certo, mas sempre nos encaminharam para a fé em Cristo, que reconheciam como o fundamento sobre o qual deveríamos construir as nossas vidas. Este era um ponto muito importante.

Os meus filhos também nasceram num contexto muito específico: são filhos de um casal envolvido no ministério pastoral. É uma bênção tremenda, é certo. Mas também há coisas menos agradáveis que eles têm de passar. Como as mudanças de casa e de terra, por exemplo. Procuramos, no entanto, mostrar-lhes que essas “coisas menos agradáveis” têm um fundamento muito especial: o amor profundo que os pais têm por Deus e pela Sua igreja. Recordo, a este propósito, uma pergunta feita recentemente pela minha filha: “Porque é que somos sempre os últimos a sair da igreja?” (e sair ‘mais tarde’ na nossa igreja significa sair mesmo muito tarde). Nestes momentos, precisamos da sabedoria do Senhor para responder aos nossos filhos. Não podemos deixar de conversar abertamente com as crianças e explicar-lhes o fundamento das coisas. Naquele momento, percebi que não bastava responder que “tem de ser” ou que “está quase, já vamos embora”. Respondi-lhe assim: “Sabes, o pai ama tanto estas pessoas da igreja que ele não pode deixá-las ir embora sem se despedir delas e sem conversar um bocadinho. Este amor que o pai sente é muito especial, vem do nosso Deus.” Imediatamente, notei um brilhozinho no olhar dela. Um brilho de compreensão e assentimento. Como mãe, oro para que os nossos princípios e a fé em Cristo possam ganhar raízes profundas nos corações dos nossos filhos e que, a seu tempo, eles possam dar frutos que glorifiquem a Deus. Pela graça de Deus, já vamos vendo alguns desses frutos. E desejamos ver muitos mais.