29 de dezembro de 2011

Mãe

A singularidade desta ultima ída ao continente começou logo no aeroporto da Portela. Desta vez, a avó não estava à nossa espera nas chegadas. Os meus filhos começaram por não aceitar bem esta diferença, mas depois de lhes explicar com calma que a avó estava doente e que os esperava em casa, compreenderam bem. O reencontro com a avó foi muito emotivo. A satisfação da minha mãe era notória. As vozes e agitação dos netos (que para mim eram uma preocupação) soube-lhe a renovo de forças para continuar a sua luta. Ao longo do fim-de-semana, perguntei-lhe diversas vezes se queria que encostasse a porta do seu quarto (por causa do barulho das crianças), mas respondia-me sempre que a deixasse aberta, pois queria muito ouvir aquelas vozes. Os meus filhos enfiavam-se na sua cama e pediam-lhe histórias. Acedeu sempre, apesar do cansaço. O bebé encostava-se ao seu peito, como se lhe estivesse a dar um abraço, enquanto ela o beijava sem fim. Apesar do pouco apetite, comeu profiteroles com baba de camelo, como boa apreciadora de doces que é. Deu-me um casaco de padrão leopardo (bem ao seu gosto) e pediu-me que fosse mais vaidosa :). São momentos que trouxe comigo e guardo no coração. Desde então, sempre que lhe telefono, a sua voz é outra. Diz que o Natal lhe devolveu a vontade de viver. Continua em tratamentos intensivos. Acredita que vai correr tudo bem. Continuo a pedir orações pela minha mãe (Celeste). Que o Senhor a fortaleça nesta luta. Foi um Natal inesquecível.

22 de dezembro de 2011

Feliz Natal!

"Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu, e o principado está sobre os seus ombros, e se chamará o seu nome: Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz." (Isaías 9:6)

Por uma incubadora

Este ano, um dos projetos da Missão Sorriso - Continente, é o transporte do recém-nascidos prematuros ou gravemente doentes das ilhas do grupo central e ocidental dos Açores. Como mãe de 3 crianças nascidas no grupo central - pela graça de Deus, sem complicações de saúde - partilho da angústia das mães que passam por um parto prematuro ou que dão à luz bebés com problemas de saúde e que necessitam de evacuação por transporte aéreo. São as mães das ilhas onde não existe hospital (Corvo, Flores, Pico, Graciosa e S.Jorge) ou onde o hospital que existe não está preparado para estas situações (Faial). A incubadora que existe presentemente no transporte aéreo está obsoleta. Vote aqui.

19 de dezembro de 2011

Mãe

Este ano, não estava nos nossos planos irmos ao continente no Natal, mas afinal decidimos passar esta data junto da minha mãe. Ela teve alta e vai passar o Natal em casa, regressando ao IPO no dia 26. Apesar de se encontrar muito doente e sem grande disposição para estar rodeada de gente e barulho, sinto que a perspetiva da nossa ída está a trazer-lhe uma nova alegria. Há uns tempos, a minha mãe tinha-me dito que este ano não ía fazer nada no Natal e que só queria descansar. Este fim-de-semana, numa das vezes que lhe liguei, disse-me que “estava a por a escrita em dia”. Fiquei apreensiva, “em que estaria ela a pensar?” Mas, logo de seguida, explicou-me o que era a “escrita”. Deitada na cama, estava a tratar de tudo para a ceia de Natal. Tinha acabado de encomendar um peru e disse-me que ía também encomendar broas e pedir umas tartes do IKEA de que gosta muito. Apesar da despesa em que se estava a meter, fiquei muito contente de a ver assim entretida e animada. Está muita gente a orar por ela e apercebemo-nos do efeito dessas orações. Em especial nestes dias, em que está bem. Um agradecimento especial a todos os que nos acompanham em oração e que nos enviam palavras de ânimo e encorajamento. Tenho-as transmitido à minha mãe, que as recebe com emoção e gratidão.

:)

O meu filho andava-me a pedir um brinquedo que os colegas da escola todos tinham. Perguntei-lhe se, por acaso, ele perguntou aos amigos onde é que se vende esse brinquedo.
Resposta dele: “Sim, eu já sei onde se vende. É naquela loja que tu dizes que é tudo caríssimo!”
(lol)

Prendas de Natal

Há muito tempo que tenho vontade de comprar uma boneca de raça negra para a minha filha. Para além de serem lindas, trazem consigo um conceito que quero que os meus filhos interiorizem: o respeito e o amor pela diversidade. Há dias entrei numa loja que nesta altura do Natal também vende brinquedos (no Faial não há nenhuma loja que venda exclusivamente brinquedos) e fui ver umas bonecas (bebés) que lá tinham. Daquela colecção, existiam bebés brancas e negras (iguais, só mudava a cor da pele). As brancas custavam € 9,90 e a negra (já só havia uma) custava € 12,90. Há cada uma…

16 de dezembro de 2011

Sinceridade

Ontem, foi a festa de Natal da escola dos meus dois filhos mais novos. O mais velho já anda na escola pública. A dada altura da festa, chegou o pai Natal, num grande aparato, vestido a rigor, carregadinho de prendas. Vai daí, começa a distribuir presentes por todos os alunos da escola. Ora, o meu filho mais velho, naturalmente, não teve direito a nada, pois não é aluno daquela instituição. Por causa disso, desatou num pranto nunca visto. Chorou, chorou, chorou… e, inconsolável, dizia entre lágrimas: “Estou a arder em ciúmes!” e repetia “Estou a arder em ciúmes!”
(Na vinda para casa, tivemos de parar numa mercearia para lhe comprar um chocolate:)

Uma Barbie diferente


Quando andei a pesquisar barbies, descobri que a Barbie tem uma amiga com deficiência física. Chama-se Becky, anda de cadeira de rodas e é atleta paraolímpica. Um bom exemplo de diversidade.

Referências

Ainda sobre o post abaixo, de Adelaide de Sousa e a amamentação, há duas notas na entrevista que achei particularmente curiosas. A primeira tem a ver com as “referências”, a segunda tem a ver com Moçambique. Certa vez, convidaram-me para participar numa reunião de um grupo de apoio ao aleitamento materno, na qualidade de “mãe-referência”. Na altura, achei o título quase sobre-humano e não percebi como é que eu podia ser uma referência de alguma coisa. Foi então que me explicaram que, uma vez que tinha tido uma boa experiência de amamentação com os meus filhos, podia partilhar essa vivência com outras mães e assim incentivá-las a apostar na amamentação. De facto, é muito importante termos referências nas nossas vidas. Eu própria só amamentei os meus filhos durante mais meses do que o “normal” porque tive o exemplo da minha mãe, que amamentou o meu irmão mais novo até, creio eu, aos 18 meses. Outro aspecto muito curioso desta entrevista a Adelaide de Sousa é o facto dos países considerados subdesenvolvidos terem tanto para ensinar aos países ditos civilizados. As mulheres de Moçambique foram a referência da mãe de Adelaide de Sousa. Curioso. Referências e humildade para aprender. Gosto.

15 de dezembro de 2011

O alimento do amor

Recomenda-se a leitura desta deliciosa entrevista a Adelaide de Sousa. Amei.

Insularidade

Amanhã, os aviões que vão aterrar na ilha do Faial são desejadíssimos. Vêm carregados de estudantes universitários, filhos da terra. Vêm passar o Natal com a família. As mães que conheço e que têm filhos a estudar fora andam ansiosíssimas, a contar os minutos para o dia de amanhã. E se têm o filho no 1º ano, o sofrimento é ainda maior. “Como será que ele se está a dar em Lisboa, ou no Porto, Coimbra? São terras tão grandes, com assaltos, confusão...“ Eu conhecia esta realidade, mas do outro lado. Quando andava na faculdade, tinha uma colega de casa que era açoriana e, aos fins-de-semana, enquanto nós íamos todas para casa dos nossos pais, ela ficava sozinha no apartamento de Coimbra. É curioso que se olharmos para os jovens da ilha, percebemos claramente que aquela geração entre os 18 e os vinte e poucos é escassa. Vão quase todos estudar para fora. Só mesmo aqueles que decidem ficar pelo 12º ano, que são cada vez menos, é que ainda vamos encontrando aqui e ali. Até na igreja apercebemo-nos disto. Temos os adolescentes e jovens - até aos 18, e depois os adultos, já a bater os 30. Jovens, verdadeiramente ditos, são poucos. Esta realidade corre todas as ilhas, à excepção da Ilha São Miguel, onde existe a Universidade dos Açores - se bem que muitos micaelenses também vão estudar para o continente. Contaram-me que, noutros tempos, os estudantes partiam num barco para o continente e só voltavam no final do ano lectivo. Era um ano inteirinho sem ver a família. Realmente, esta separação deve ser muito difícil para estes pais e filhos. Ainda mais porque não conhecem bem (ou mesmo de todo) o continente. E o pior nem é o tempo da faculdade. O pior é a possibilidade (felizmente, já nem sempre certa) de os filhos não voltarem no final do curso. Tem destas coisas a insularidade.

Sinais dos tempos

Barbie Cirurgiã



Barbie Advogada



Barbie Engenheira Informática


Barbie trabalhadora do MacDonald's


Ken pai

14 de dezembro de 2011

Tesouros no Céu

Quando andava a tirar a carta de condução, a minha instrutora perguntava-me muitas vezes: “Está a olhar para o que se está a passar à frente do carro ou está a olhar para o que se passa lá à frente, ao fundo na estrada?” Eu, coladinha ao volante, estava naturalmente a olhar para o que se passava mesmo ali à frente do carro. Mas, não é assim que se conduz. Há que olhar para longe. Todos sabemos que estamos neste mundo de passagem. “A morte é certa”, como se costuma dizer. No entanto, a tendência humana é a de viver focados nesta vida terrena, como se fosse eterna. Até os cristãos, que creem que a vida eterna não é aqui, mas no Céu, deixam-se levar muitas vezes por esta tendência. Investem o seu tempo, sentimentos, o trabalho das suas mãos e as suas finanças em tudo o que vai ficar nesta terra quando um dia morrerem. Até a promessa de que Jesus um dia vai voltar parece, por vezes, esquecida ou adormecida nas mentes. Os meus filhos estão desejosos pela volta de Jesus. Ao ver a forma como eles recebem a Palavra de Deus e a aceitam, sem restrições, com grande entusiasmo, percebo a razão de Jesus ter dito que devíamos ser como as crianças. Há alguns anos atrás, faleceu um amigo da nossa família. Era ainda novo, foi de repente. Um bom crente. A minha mãe, tentando consolar a viúva – também crente - disse-lhe que um dia ela iria estar novamente com o marido, no Céu. Nunca esqueci a resposta que a viúva deu à minha mãe. Ela disse-lhe assim: “Não consigo ver as coisas dessa forma. Estou muito agarrada a esta vida.” Foi, certamente, sincera. Mas é uma resposta triste, sem esperança. Quando temos a perspectiva bíblica da vida, o modo como vivemos neste mundo será diferente, cheio de bons investimentos, não naquilo que a traça e a ferrugem consomem, mas em tesouros eternos. (Mt.6:19-20)

12 de dezembro de 2011

Mãe

Quando eu e os meus irmãos adoeciamos, a minha mãe fazia uma coisa curiosa e que me marcou tanto que hoje procuro fazer o mesmo com os meus filhos e o meu marido. Ela dizia que as doenças passavam mais depressa com mimos. Então, ela pegava em nós, dava-nos banho, vestia-nos roupa lavada, dava-nos alguma coisa bem saborosa para comer... "O que é que te apetece?" - era a pergunta que fazia muitas vezes. E corria para fazer tudo para nos agradar. Esta é uma qualidade inegável da minha mãe - um coração que gosta de servir os outros. Até demais. Hoje, a minha mãe está muito doente e eu estou tão longe dela... Gostava de lhe poder retribuir este "O que é que te apetece?". Faria tudo o que me pedisse. Aposto que pediria um croissant, ou talvez apenas que a ouvisse contar as suas histórias, sempre muito detalhadas e cheias de contornos até chegar ao ponto central. A minha mãe foi hoje internada para tratamentos. Os médicos disseram-lhe que não podem curá-la. A todos os que estão connosco em oração por ela, peço que se continuem a lembrar da Celeste. Que o Senhor conforte o seu coração, lhe dê o alívio das dores e ânimo para não desistir de lutar, de confiar e de sorrir. Que a alegria do Senhor seja a nossa força (Ne.8:10).

Prendas de Natal

A prenda de Natal da minha filha já está escolhida: "Quero uma barbie com quintal".
(Como descalçar esta bota?)

Natal

A Igreja da Horta está linda, toda decorada em tons de dourado e vermelho. Um trabalho da união feminina da igreja, que durante 2 dias, em horário pós-laboral (num dos dias, foi até à meia noite), decoraram cada cantinho do templo, para comemorar o nascimento do nosso Senhor. Ficou lindo.

9 de dezembro de 2011

Fazer o bem

Lembro-me muitas vezes desta história, principalmente do seu desfecho e da lição aprendida. Durante o meu estágio de advocacia, que tem uma duração de quase 2 anos, trabalhei muito e recebi pouco. Trabalho árduo, dedicado, que implicava muito estudo e muita pesquisa. Fazia o meu trabalho e fazia também trabalhos para os advogados do escritório, mais velhos do que eu. Havia uma advogada com quem trabalhava mais de perto e fiz muitas coisas para ela. Lembro-me em especial de certa vez lhe ter feito uma petição de um assunto que estava na prateleira parado há anos, de tão chato que era. Quando os clientes vieram ao escritório, deram-lhe um cheque muito bem composto por aquele trabalho. E mesmo nas minhas barbas. Mas, como acontece com a maioria dos estagiários, não me coube nem um eurozinho. Na altura, custava-me muito, mas nunca deixei de dar o melhor, apesar de não ser paga, assumindo que estava a aprender e que aqueles trabalhos eram uma oportunidade de ir ganhando prática. Pois bem, alguns anos mais tarde, já eu estava aqui nos Açores, o meu pai precisou da ajuda de um advogado para resolver um assunto de trabalho. Na altura, eu já não exercia advocacia. Decidiu, então, procurar essa advogada. O meu pai não tinha possibilidades de lhe pagar grandes honorários, mas, ainda assim, ela aceitou o caso. Realizou uma petição muito extensa, oitenta e tal quesitos, minuciosa, tecnicamente perfeita. O meu pai ganhou a acção e uma indemnização, sendo que os honorários que ela cobrou foram quase simbólicos. Mas a história não termina aqui. Os meus pais sentiram no coração dar 10% da indemnização à Igreja da Horta. Ou seja, o meu pai foi abençoado e a igreja do Senhor também. E eu aprendi que, de facto, fazer o bem compensa sempre, pois Deus é fiel.

5 de dezembro de 2011

Festa no Céu (em São Miguel)

Este fim-de-semana o meu marido esteve na Ilha de São Miguel, a convite da I Igreja Baptista de Ponta Delgada, como orador convidado dos cultos por ocasião do aniversário daquela igreja. Grande alegria para todos nós foi a notícia de que uma senhora se converteu no culto de domingo de manhã. Ontem foi novamente dia de Festa! Deus seja louvado.

Agradecimento

Agradeço muito todo o apoio recebido e as orações pelo nosso filho. A operação para tirar os ferros do cotovelo correu muito bem. O Miguel está sem gesso há duas semanas, estando a recuperar os movimentos do braço a pouco e pouco. O susto que apanhámos começa, cada vez mais, a fazer parte do passado. Graças ao nosso bom Deus!

O sotaque da minha filha

A minha filha a chamar-me: “Mõe! Mõe!”
Eu: “Não é mõe, é ma-mã!”
Ela, corrigindo: “Ma-mõ!”