29 de janeiro de 2013

O ano de 2005



No dia 2 de fevereiro de 2005, chegámos ao Faial. Eu com 27, o meu marido com 29 anos. No continente ficavam as nossas famílias, amigos, igreja, toda a nossa vida até então. Connosco vinha o Senhor nosso Deus (e vinha também o Miguel, descobrimos mais tarde). Pela mão do pastor interino, Osmar Oliveira, o meu marido assumiu o ministério pastoral da Igreja Evangélica Baptista da Horta. O primeiro ano foi passado a curar feridas, a unir pessoas, a criar laços. A corrigir situações graves também. Trabalho intenso, muitas horas a ouvir, a aconselhar, a orar. Um mês depois de estarmos nos Açores, descobrimos que os meus enjoos constantes tinham uma explicação: um bebé vinha a caminho. Naquela altura, existiam muitos estrangeiros na ilha, tinham vindo para trabalhar nas obras de reconstrução, na sequência do devastador sismo de 98. Era difícil encontrar casas para arrendar e as que existiam eram muito caras. Dois meses depois de chegarmos, estávamos nós a acabar de montar a nossa casa (só faltava colocar os quadros nas paredes), o senhorio pediu-nos a casa, para a poder rentabilizar de outra forma. Acabados de chegar, não querendo criar hostilidades, decidimos entregar a casa, sem mostrar resistência. Ganhámos a amizade do senhorio e da sua família, até hoje. Fui a várias entrevistas de emprego, mas nada consegui nesse primeiro ano de Açores. Em setembro nascia o Miguel, lindo, perfeito, tudo correu bem. A primeira visita que tive no hospital foi a do nosso 1º senhorio. No segundo dia de internamento, tive a alegria de ver os meus pais, chegados de surpresa, entrar pelo quarto do hospital e, todos derretidos, abraçarem o neto (e a mim também). Um lindo momento. Nesse primeiro ano, passámos muito tempo com as pessoas, por vezes até muito tarde. Começámos a aprender a cultura, a perceber a mentalidade, o sotaque e o modo de viver das pessoas da ilha. Houve dois batismos nesse ano: o João e a Luísa. No final do ano, aconteceu a primeira conversão: Carla Cristina, fruto do ministério das mulheres. Também o Cláudio, doente terminal, familiar do pastor Heitor Gomes, cremos ter partido para Jesus, pois apesar de já não falar, ergueu o seu dedo quando questionado se cria no Senhor como Salvador. Este foi o nosso primeiro ano de Açores.

1 comentário:

Patrícia disse...

A história do Cláudio é emocionante.