21 de abril de 2015


Tenho uma colega de trabalho (na verdade, é mais do que isso, ela é minha amiga) que, de vez em quando, recebe no trabalho uma encomenda da mãe (que vive nos Açores). Como aconteceu hoje, por exemplo. O carteiro trouxe um caixote até grandinho, com lembranças para ela e, principalmente, para a sua filha de 9 anos. Recebeu um caixote cheio de amor. Cheio de saudade. E sempre que vejo aqueles caixotes, sorrio para ela (alegrando-me com ela) e depois, inevitavelmente, escondo-me atrás do ecrã do meu computador, procurando dominar a minha emoção e segurar as lágrimas que começam a querer escapar-me. Também eu recebi várias encomendas como aquela. E recebia-as sempre com tanta alegria. Traziam pequenos brinquedos do IKEA, peças de roupa para os meus filhos, chocolates do Lidl, cortinas com bainhas feitas pela minha mãe, ou o jornal da minha terra… Traziam aconchego. Traziam amor de mãe. Recordo um casaquinho de malha muito pequenino, azul claro – lindíssimo - que veio numa dessas encomendas, durante a minha segunda gravidez. A minha mãe achava que eu ía ter outro rapaz (ela gostava de apostar e achava que acertava sempre). Mas veio a Mariana e todo o seu mundo era cor-de-rosa. Tive sempre pena de não ter usado aquele casaquinho muitas vezes, até que soube que ía ter o Tomás. Quando ele nasceu, vesti-lho logo e ficava-lhe um brinco, como se vê na foto. Depois do Tomás nascer, foi tudo tão rápido... Apenas um ano e a minha mãe não estava mais entre nós. Sinto sempre muitas saudades da minha mãe. Não são saudades desesperadas. São saudades consoladas pela certeza de um reencontro, no Céu. Mas, ainda assim, são saudades. Saudades da minha querida mãe.

4 comentários:

Raquel Henriques disse...

que bonito...

Anónimo disse...

Sou orfã de mãe viva. Nunca, senti esse aconchego.
A tua mãe cumpriu o papel dela, na perfeição.



Obrigado pela partilha.

Patrícia disse...

Tantas, tantas, tantas... Também sinto muita falta da mamã.

Avozinha disse...

Como vos compreendo, Adriana e Patrícia...