3 de setembro de 2012

Mães - continuação

Ainda sobre mães que oram, tenho esta memória: quando era pequena, gostava muito de ficar na casa da minha avó materna. Fazíamos coisas diferentes, como passar tardes a descascar ervilhas, favas, a cortar feijão verde aos pedacinhos. Ouvia as suas curiosas histórias e anedotas (ela tinha muita graça), enquanto comia uma filhós aquecida ou uma grossa fatia de pão caseiro com becel (ela não podia comer manteiga). Apreciava a forma como fazia o carrapito, rodeado de ganchos e um toque de laca. Gostava de calçar as suas pantufas de cunha alta. Passou-me bons princípios, puxou-me sempre para a igreja. Era uma matriarca, uma mulher inteligente.  Tenho muitas saudades da minha avó e de ouvir o seu tom de voz grave. Mas uma das recordações mais fortes que guardo comigo é a forma como orava a Deus.
À noite, sentadas na cama, enquanto conversava comigo, de repente, e sem avisar (achava muita graça a isto), levantava a voz e dizia "Ó Senhor..." - e eu percebia que ela já não estava a falar comigo. Era sempre assim. Nunca dava aviso. E enquanto orava fervorosamente (a minha avó era pentecostal), havia sempre uma parte em que o seu tom de voz se alterava para um tom mais emocionado. Era quando orava pelo filho. Pedia sempre para ele voltar para Deus. E isto ficou-me registado. A minha avó já está com Cristo há vários anos, mas nunca me esqueci deste bom exemplo: ser uma mãe que ora. Foi das coisas mais importantes que me passou.

1 comentário:

Joa disse...

Grande exemplo!!