9 de dezembro de 2011

Fazer o bem

Lembro-me muitas vezes desta história, principalmente do seu desfecho e da lição aprendida. Durante o meu estágio de advocacia, que tem uma duração de quase 2 anos, trabalhei muito e recebi pouco. Trabalho árduo, dedicado, que implicava muito estudo e muita pesquisa. Fazia o meu trabalho e fazia também trabalhos para os advogados do escritório, mais velhos do que eu. Havia uma advogada com quem trabalhava mais de perto e fiz muitas coisas para ela. Lembro-me em especial de certa vez lhe ter feito uma petição de um assunto que estava na prateleira parado há anos, de tão chato que era. Quando os clientes vieram ao escritório, deram-lhe um cheque muito bem composto por aquele trabalho. E mesmo nas minhas barbas. Mas, como acontece com a maioria dos estagiários, não me coube nem um eurozinho. Na altura, custava-me muito, mas nunca deixei de dar o melhor, apesar de não ser paga, assumindo que estava a aprender e que aqueles trabalhos eram uma oportunidade de ir ganhando prática. Pois bem, alguns anos mais tarde, já eu estava aqui nos Açores, o meu pai precisou da ajuda de um advogado para resolver um assunto de trabalho. Na altura, eu já não exercia advocacia. Decidiu, então, procurar essa advogada. O meu pai não tinha possibilidades de lhe pagar grandes honorários, mas, ainda assim, ela aceitou o caso. Realizou uma petição muito extensa, oitenta e tal quesitos, minuciosa, tecnicamente perfeita. O meu pai ganhou a acção e uma indemnização, sendo que os honorários que ela cobrou foram quase simbólicos. Mas a história não termina aqui. Os meus pais sentiram no coração dar 10% da indemnização à Igreja da Horta. Ou seja, o meu pai foi abençoado e a igreja do Senhor também. E eu aprendi que, de facto, fazer o bem compensa sempre, pois Deus é fiel.

1 comentário:

Patrícia disse...

Tudo tem um propósito. Uns semeiam, outros colhem, mas tudo contribui para o mesmo fim.