4 de outubro de 2012

Migrantes

Neste início de ano letivo, encontrei um texto muito interessante, do escritor Alexandre Borges, natural da Terceira, e vou partilhar um pequeno techo convosco. Fica a homenagem aos mais jovens "emigrantes" do nosso país - os estudantes universitários açorianos. Curioso.
"Fizemos a nossa emigração no dia que saímos de casa para estudar. Bem podem dizer que é o mesmo país - claro que é - mas quem troca a Terra Chã ou a Vila Franca do Campo por Lisboa faz uma viagem bem maior do que quem troca uma capital europeia por outra, onde encontrará os mesmos códigos urbanos, os mesmos placards publicitários, as mesmas lojas e restaurantes e bancos, as mesmas promessas. O miúdo açoriano que parte para a faculdade troca de mundo, troca o ritmo de vida, troca a própria respiração das coisas. Para onde quer que olhe, nada lhe é familiar. Se olhar para trás, não verá nenhuma placa apontando o caminho de volta. Nem o mar.
Nada de ressentimentos. Num tempo que decidiu que, aos 40 anos, ainda se é jovem, os ilhéus são forçados a crescer mais depressa. É preciso agradecê-lo. Não se vai ao fim-de-semana a casa. Não há comida da mãe no congelador. Um tipo faz-se homem. Uma miúda faz-se mulher. Tratamos de nós."
("A epifania do regresso", de Alexandre Borges, in Azorean Spirit - Sata Magazine)

7 comentários:

Avozinha disse...

Fizeste-me lembrar de uma colega açoriana que encontrei no meu 1º ano na Faculdade de Letras de Lisboa e a quem eu não entendia uma única palavra! Convém recordar que eu chegava das berças do Minho... À medida que a ia acompanhando, lá fui entendendo o que ela dizia...

Adriana disse...

Ela devia de ser de S. Miguel... os ssotaques das outras ilhas são mais percetíveis. Também partilhei casa, na faculdade, com açorianas. Curiosamente, elas ficaram a viver no continente e eu é que vim parar aos Açores :)

Anónimo disse...

Boas :) Tambem li esse texto quando estava a regressar para Coimbra. Identifiquei-me tanto que poderia ter sido escrito por mim. Por acaso não sabes se é possivel encontra-lo na integra em alguma lado?
Carolina

Adriana disse...

Catarina, fiquei com a sensação de que aquele texto era uma crónica e que se reduzia às duas páginas publicadas na revista da SATA. Mas, não tenho a certeza.

Anónimo disse...

LOL li agora o meu comentario e parece que estou a insinuar que fui eu que o escrevi e que fui plagiada heheh. Nada disso, estava a elogia-lo e a dizer que como me identificava poderia ter sido eu a escrever...
Como li aqui este excerto, pensei que poderia ter copiado o texto todo :)
Carolina

Adriana disse...

Carolina, vais ao site issuu.com. e depois escreves "azorean spirit" e lês a revista. A revista onde vem este texto (nº 51) ainda não está diponível no site, mas penso que deverá estar em breve.

Anónimo disse...

Ah que fixe, desconhecia. Obrigada :)
Carolina